Marcado pelo abandono, filhote 'pão de mel' faz gesto que enche de alegria tutores que o escolheram

No início de outubro, Isadora Abelha, moradora do Espírito Santo, realizou um antigo sonho de adotar um cão.

Fruto do abandono, o filhote, chamado Ravioli, chegou tímido e assustado. Mas, em poucas semanas, se transformou no companheiro carinhoso e cheio de vida que ela sempre sonhou em ter.

O processo foi registrado no TikTok da tutora e conquistou milhares de pessoas.

“O brilho voltando depois de ser fruto do abandono”, escreveu Isadora, descrevendo a mudança que ela via acontecer dia após dia no novo membro da família.

Um sonho de infância realizado

No TikTok, Isadora descreveu a sensação de realizar um sonho antigo:

“Hoje eu realizei um sonho não só dessa Isadora que vocês estão vendo, mas também dessa daí”, disse, mostrando uma foto dela ainda criança. Ela sempre foi fissurada em cachorros, e adotar um estava na “wishlist da vida”.

A oportunidade apareceu quando ela viu o anúncio de um filhote em um projeto que já acompanhava, o Albergue Espaço Esperança. Bastou um olhar para a foto para ela decidir que ele tinha que ser dela.

Conversando com a protetora responsável, Isadora descobriu que a mãe de Ravioli havia sido encontrada na rua, grávida e debilitada.

A cadela foi resgatada, recebeu cuidados e pôde ter seus filhotes com segurança. Entre eles estava o Ravioli, ainda tímido, mas com um coraçãozinho gigante.

Uma vida nova e muitas descobertas

No dia da adoção, ele ainda estava com a mãe, que segue em tratamento, e com uma irmãzinha, que ainda não tinha encontrado um lar.

O filhote parecia encolhido, assustado, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

Mas bastaram alguns minutos no colo, a assinatura do termo de adoção e uma volta pelo Pet Shop, para que a vida nova começasse oficialmente.

De volta ao apartamento, veio o primeiro banho.

“Fala sério, isso não é a coisa mais fofa que vocês já viram na vida? Assustado, mas bem comportadinho”, brincou Isadora.

Em seguida, veio o encontro com Spike, outro membro canino da família. A princípio, um ignorou o outro. Depois, rapidamente, começaram a formar amizade.

Isadora percebeu logo que Ravioli, apesar de muito doce, tinha receios compreensíveis para um cão que nasceu em condições tão difíceis.

Ele hesitava em entrar em alguns cômodos do apartamento, porque estava acostumado a viver em um espaço bem menor. Também não dominava a arte de brincar sozinho, já que antes dividia tudo com os irmãos.

Mas, aos poucos, foi se soltando. Foi aprendendo a brincar. Foi entendendo que colo é carinho, não perigo. Foi descobrindo que existe um “mar de brinquedos” só dele.

E foi mostrando sua personalidade: 50% soneca, 50% caos, como todo filhote saudável.

A adaptação de cães resgatados

A fase de adaptação de um cão resgatado ao novo lar é um momento tão importante que especialistas sugerem uma diretriz chamada regra 3-3-3.

Ela ajuda tutores a entenderem o tempo que um cão adotado precisa para começar a se sentir verdadeiramente seguro:

• Primeiros 3 dias:

O cão está assustado. Tudo é novo. É normal que ele se esconda, durma muito, coma pouco ou fique inseguro. O recomendável é limitar os estímulos, criar uma rotina e oferecer um lugar tranquilo.

• Primeiras 3 semanas:

É quando o cão começa a relaxar e entender a dinâmica da casa. Surge confiança, mas também alguns testes de limite. É o momento ideal para comandos básicos, brincadeiras e criação de vínculos.

• Primeiros 3 meses:

Esse é o período em que o cão realmente se estabelece emocionalmente. Ele compreende a rotina, se sente parte da família e começa a mostrar sua verdadeira personalidade.

Um filhote que transborda amor

Em uma atualização, Isadora contou que Ravioli vai trabalhar com ela, como um chaveirinho, sempre grudado, mas sem poder ter contato com animais de rua até completar o protocolo de vacinas.

Ele já fez exames, tomou vermífugo, aprendeu regras básicas e, principalmente, aprendeu a amar.

“Ele é muito dado, muito carinhoso, abana o rabinho pra absolutamente tudo”, contou.