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“Aumigos da Nani”: 20 cães lutam por um novo lar após morte de protetora que dedicou a vida a eles

Vinte cães resgatados por protetora que faleceu precisam de adoção imediata; saiba como ajudar.

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em Cães

Uma corrida contra o tempo define o dia a dia de voluntários em Passo Fundo/RS. Cerca de 20 cães, conhecidos como os "Aumigos da Nani", aguardam uma adoção responsável.

Eles são o legado vivo de Eliane, a protetora Nani, que faleceu em maio deste ano em decorrência de um câncer.

O Projeto Social Ventos do Sul assumiu a responsabilidade pelos animais e agora busca lares definitivos para eles, com a esperança de que a maioria encontre uma família antes do Natal.

A situação é um desafio diário pois Nani chegou a ter 90 cães sob sua tutela. Após seu falecimento, uma força-tarefa de voluntários e ONGs conseguiu lares para dezenas deles.

Os 20 que permanecem em um sítio e são os últimos de uma vida dedicada à causa animal.

Para garantir que eles continuem recebendo cuidados, o Projeto Social Ventos do Sul, que completa nove anos em dezembro, está organizando um evento beneficente.

O grupo precisa de apoio para manter a alimentação e os cuidados veterinários dos animais enquanto a adoção não acontece.

A Promessa de cuidar

O trabalho de protetoras independentes é constante. Solange Mainardi, voluntária do projeto, conta como essa jornada se entrelaçou com a de Nani.

"Eu sempre gostei de animais, desde criança. Sempre fui muito de animais. A minha família toda gosta muito de animais", relata Solange.

A conexão com Eliane foi imediata e profunda.

"E eu conheci a Eliane, inclusive eu tenho cinco cachorros. Tenho seis, mas cinco são dela. E eu sempre gostei. Mesmo antes de conhecer a Eliane, seguido largavam cachorros na rua, eu recolhi, alguns eu conseguia doar, outros eu fiquei. Então sempre estive em contato com animais."

Quando Nani adoeceu e faleceu, o compromisso de Solange e de outros voluntários se tornou uma promessa.

O local que antes abrigava 90 cães hoje tem apenas 20. Eles não são números, são vidas que esperam.

"Estão em apenas 20, esperando adoção. Todos os cães que estão sendo bem alimentados, foram vacinados. Qualquer probleminha que tenha, eles são tratados", explica Solange. "Então são cães que a gente espera que até o Natal, se não todos, pelo menos uma grande maioria consigam um lar."

Big Macanudo e Mônica

Entre os 20 cães, duas histórias ilustram a urgência da adoção. Cada um carrega um passado complexo e um desejo simples por companhia.

Big Macanudo tem aproximadamente 9 anos. Ele chegou a Passo Fundo ainda filhote, vindo de Tapejara/RS com Nani. Ele representa o cão que passou quase uma década esperando por uma família para chamar de sua.

Resgatado filhote, Big é hoje um cão sênior, mas sua energia engana. Ele é descrito como super ativo, com uma fixação por buscar brinquedos e trazê-los para quem quiser jogar.

Contudo, sua energia se equilibra com um apreço pelo conforto. Ele ama uma caminha com edredom e um espaço no sofá.

Ele viveu boa parte da vida no sítio, onde Nani mantinha três camas com edredons apenas para ele. Big é carinhoso, tranquilo e se relaciona bem com outros animais e crianças.

Veja:

Sua adaptação é considerada fácil, tanto para casas com pátio quanto para apartamentos. Castrado e vacinado, ele é o parceiro ideal para aventuras ou para assistir a filmes no sofá.

A outra face dessa espera é Mônica. Sua história começa de forma trágica, ela foi descartada em um porão, trancada junto com outros três cães: Pity, Eduardo e Lobinha. O grupo foi resgatado e acolhido no sítio.

Com o tempo, Pity foi adotada por um casal de voluntários. Eduardo também encontrou um lar e hoje reside em Não-Me-Toque/RS. Mônica e Lobinha permaneceram, aguardando. A partida de Eduardo, seu companheiro de resgate, parece ter afetado Mônica profundamente.

Ela conseguiu fugir do sítio e por muito tempo, seu paradeiro foi um mistério. Uma voluntária que participava de uma procissão a avistou por acaso então a equipe foi buscá-la.

Desde seu retorno, mantê-la segura dentro do canil é uma tarefa diária. Mônica não quer o confinamento.

Confira:

Ela é descrita como muito dócil, educada e uma amante da companhia humana, apreciando a presença de crianças. Assim como Big, ela se adaptaria bem a um apartamento com rotina de passeios ou a uma casa com pátio.

Ela está castrada e vacinada. A fuga de Mônica não foi um ato de rebeldia, mas um sinal de sua necessidade de conexão.

Pedal e corrida pelos animais

Manter 20 cães com alimentação de qualidade e cuidados veterinários tem um custo alto. O Projeto Social Ventos do Sul, que ironicamente surgiu de um grupo de pedal que resgatava animais durante seus trajetos, agora usa sua origem para garantir o futuro dos "Aumigos da Nani".

O projeto comemora seu nono aniversário com um grande evento solidário no dia 8 de dezembro, na comunidade São Roque. Será um dia de "Pedal mais Corrida Solidária".

"Todo o valor arrecadado vai ser transformado em ração para o projeto Social Ventos do Sul", detalha a fundadora, Lu Borowsky.
"Ele [o trabalho] é diário, muitas vezes a gente não consegue postar tudo que acontece no nosso dia a dia. Então esse evento do dia 8 de dezembro é muito importante para isso."

Para o público, a inscrição custa R$85 e dá direito a um almoço com galeto e massa, medalha e troféu. O pedal terá um trajeto de 25km e a corrida será de 10km no estradão.

"Vai ser bem legal, vai ser um dia de comemoração", afirma a organização. "Nós para poder manter os animais aqui... vamos reverter todo o valor do evento para a compra de ração. Então se inscrevam, doem esse valor se for necessário, mas nos ajudem a continuar esse trabalho."

As informações completas e o link para inscrição estão disponíveis no perfil do Instagram do Projeto Social Ventos do Sul.

Um apelo ao coração

A adoção é a meta final. Os voluntários esperam que a visibilidade do evento ajude a encontrar lares para Big, Mônica e os outros 18 cães.

Para Solange Mainardi, o ato de adotar transforma mais do que a vida do animal.

"A melhor coisa que um ser humano pode fazer é ter um olhar diferenciado aos animais. Porque eles são inocentes, são puros. E o amor que eles nos transmitem, o amor que eles nos dão, não tem nada igual."

O projeto espera que o Natal de 2025 seja diferente para os "Aumigos da Nani", encerrando a longa espera e honrando a dedicação da protetora que lhes deu a primeira chance.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.