'Perdendo os traços do abandono': Rottweiller só andava arqueado com medo, recebe amor transformação emociona
Ravena ganhou uma família e irmãos pets.
Por Beatriz Menezes em ComportamentoA postura corporal de um cão diz muito sobre o seu passado e sobre as dores que ele carrega silenciosamente. No caso de Ravena, uma rottweiler resgatada, a linguagem corporal gritava medo e submissão.
A cadela, que antes caminhava sempre arqueada e com o rabo escondido entre as pernas, tornou-se o símbolo de uma recuperação emocionante.
Sua tutora, a internauta Elaine Carvalho, compartilhou em 24 de novembro um vídeo que evidenciou essa mudança drástica de comportamento, provando que o ambiente e o afeto são os melhores remédios para curar traumas profundos de maus-tratos.
A história de Ravena com Elaine começou de forma inesperada e em um momento de transição caótica na vida da tutora.
O Amo Meu Pet conversou com Elaine para entender os detalhes dessa adoção que não estava nos planos, mas que mudou o destino da cachorra para sempre. Tudo aconteceu em meio a caixas de papelão e a correria de uma mudança residencial.
Elaine estava prestes a se mudar para uma chácara quando a rottweiler apareceu em seu portão. A conexão, no entanto, não foi imediata, pois a desconfiança e o medo dominavam o animal.
Dois dias antes de deixar a antiga casa, Elaine organizava seus pertences quando avistou a cadela através do portão de grade. A imagem era desoladora pois Ravena estava visivelmente debilitada, magra e com um olhar distante.
Movida pela compaixão, Elaine ofereceu água e comida, tentando amenizar o sofrimento daquele ser que parecia invisível para o restante da vizinhança. Ela seguiu para o trabalho, mas a imagem da rottweiler permaneceu em sua mente.
O destino parecia insistir naquele encontro. Na manhã seguinte, ao sair de casa, Elaine viu a mesma cachorra no quintal de uma vizinha.
A esperança de que o animal tivesse um lar durou pouco. Mais tarde naquele mesmo dia, a rottweiler estava novamente na rua, vagando sem rumo. Preocupada com a saúde debilitada do animal, Elaine decidiu intervir e buscou informações com a vizinha.
A mulher confirmou que a cachorra não era sua e que, embora tivesse tentado cuidar dela brevemente, a colocou de volta na rua porque o animal era "muito bagunceiro" e mexia nas coisas da casa.
Aquele foi o momento decisivo e diante da rejeição alheia e da vulnerabilidade extrema da cachorra, Elaine tomou a decisão de acolhê-la. Não foi uma escolha simples ou isenta de preocupações.
A tutora já possuía dois outros cães, uma pug e uma outra rottweiler de sete anos. Havia o receio natural sobre o temperamento da nova integrante.
O pensamento de que o abandono poderia ser fruto de agressividade passou pela cabeça de Elaine, mas a condição física de Ravena falava mais alto do que qualquer medo.
“Pensei pra alguém ter abandonado ela deve ser brava. Ela estava com o olho bem vermelho, pelos bem feio amarronzado e muito magra”, contou.
Além da magreza excessiva, havia sinais claros de que ela tinha dado à luz recentemente. As mamas indicavam que ela havia amamentado há pouco tempo, o que levantava questões dolorosas sobre o destino de seus filhotes e o ciclo de reprodução irresponsável que muitas vezes precede o abandono.
A primeira missão de Elaine foi garantir atendimento veterinário. A logística, contudo, revelou a profundidade dos traumas psicológicos de Ravena.
“Eu mesma coloquei a corrente nela, pois eu precisava levar ela ao médico veterinário. E ficava longe da minha casa. Foi aí que vi que ela tinha pânico de corrente , coleira, barulhos. Tinha traumas e muitos medos. Deu trabalho mas consegui levar ela”, relembrou.
No consultório veterinário, Ravena recebeu os primeiros cuidados dignos de sua vida. Foi vermifugada, vacinada e medicada contra uma infestação severa de carrapatos.
Aquele atendimento marcou o fim de sua vida de negligência e o início de sua jornada de recuperação. No dia seguinte, a mudança de Elaine para a chácara finalmente aconteceu e Ravena foi junto, deixando para trás as ruas de asfalto quente para viver em um ambiente com espaço, grama e liberdade.
A adaptação ao novo lar foi um processo gradual de descoberta e cura. A chácara oferecia o cenário ideal para a reabilitação física e mental da rottweiler. Com muito espaço para correr e brincar, Ravena começou a entender que não precisava mais ter medo.
Elaine relata que, em apenas um mês, a cachorra já não parecia a mesma. A postura arqueada, típica de quem espera um golpe ou um grito, deu lugar a um porte altivo e confiante.
O rabo, antes escondido entre as pernas em sinal de submissão, passou a abanar com alegria.
Para ajudar Ravena a superar seus medos específicos, Elaine iniciou um trabalho de dessensibilização. Começou a levar a cachorra para passear na guia, mostrando que a coleira agora representava segurança e passeio, não mais aprisionamento ou punição.
Aos poucos, os gatilhos de trauma foram sendo substituídos por memórias positivas. A convivência com os outros cães da casa também foi fundamental nesse processo.
Ela se mostrou extremamente obediente e criou um laço inseparável com seus irmãos pets. A convivência em matilha ajudou a ensinar a Ravena as regras da casa e a lhe dar a segurança de pertencer a um grupo.
Hoje, quem vê os vídeos de Ravena correndo pela chácara tem dificuldade em associá-la àquela figura esquelética e amedrontada do portão.
Elaine conta que a cadela desenvolveu um forte instinto de proteção. Não é mais qualquer pessoa que entra na propriedade sem ser anunciada pelo latido forte e grosso de Ravena.
Ravena teve a sorte de encontrar alguém disposto a enxergar além da sujeira e do medo. Hoje cercada pela natureza e pelo afeto de sua nova família, a rottweiler finalmente pode baixar a guarda.
Ela não precisa mais andar arqueada para se proteger do mundo. Agora, ela caminha de cabeça erguida, sabendo exatamente onde é o seu lugar.
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