'Calma, eu vou te ajudar': Mamãe quero-quero se desesperada para após filhotes caírem em bueiro e moça vai em seu auxílio
Por Larissa Soares em Proteção AnimalMês passado, enquanto estava na rua, a internauta Luu Cervera notou uma movimentação estranha na calçada.
Um quero-quero adulto andava de um lado para o outro, inquieto, sempre circulando o mesmo bueiro.
A ave, normalmente barulhenta e alerta, dessa vez vocalizava de forma diferente. Parecia pedir ajuda.
Bastaram alguns segundos observando para que Luu e o pai entendessem o motivo da aflição: dois filhotes haviam caído lá dentro.
Os bebês não tinham como subir sozinhos. E os pais, por mais protetores que fossem, não conseguiam alcançá-los. A situação pedia intervenção humana urgente.
O resgate
Sem pensar duas vezes, Luu e o pai pediram ajuda a outras pessoas que estavam por perto. Logo, um pequeno grupo se formou, cada um oferecendo o que podia: sacolas, fitas, pedras, gravetos.
Eles montaram uma espécie de rede, resistente o suficiente para chegar ao fundo do bueiro.
Com cuidado, usando um graveto, empurraram o primeiro filhote até a sacola.
Depois, repetiram o processo com o segundo. Em poucos minutos, os dois estavam novamente ao lado da mãe.
O reencontro foi de arrancar suspiros. Luu publicou o momento e escreveu:
“Uma mãe abibe estava pedindo socorro. Seus dois filhotes haviam caído em um bueiro. Muitos poderiam ter simplesmente ignorado, mas nós decidimos intervir. Entre nós quatro, conseguimos devolvê-los à mãe. Ignorar a situação teria custado a vida deles.”
Veja o vídeo:
Nos comentários, internautas se encantaram com a cena:
“O melhor de tudo é que a mãe sabia que estava sendo ajudada e não estava sendo agressiva.”
“Você consegue imaginar se todos nós fôssemos tão empáticos com os não humanos?”
“Precisamos de mais pessoas como vocês neste mundo.”
Quero-quero: o guardião das áreas verdes
O Vanellus chilensis, conhecido como quero-quero ou abibe-do-sul, é uma das aves mais comuns do Brasil.
Segundo o Wiki Aves, mede cerca de 37 centímetros, pesa em média 277 gramas e é facilmente reconhecido pelo penacho discreto, pelo contraste de suas cores e pelo famoso esporão pontudo na asa — que, ao contrário do que muitos acreditam, não é venenoso.
De acordo com o portal Biodiversidade, o esporão é apenas uma arma física para afugentar predadores, especialmente durante o período de reprodução, quando os adultos se tornam mais defensivos.
A pesquisadora Leny Cristina Milléo Costa, em seu estudo sobre o comportamento defensivo do quero-quero, observou que essas aves utilizam uma série de estratégias complexas para afastar intrusos:
- postura de alerta, com o corpo esticado;
- vocalizações intensas em tom de advertência;
- voos rasantes para intimidar;
- manobras de distração imitando ferimentos para tirar o predador do caminho.
O resultado é que, mesmo sendo uma ave relativamente pequena, o quero-quero impõe respeito. Quem já tentou se aproximar de um filhote sabe bem disso.
A vida no chão
O Wiki Aves explica que eles constroem ninhos diretamente no solo, em pequenas cavidades. Os ovos têm formato de pião, o que impede que rolem para longe, e são todos manchados, camuflando-se perfeitamente com o chão.
Os filhotes, assim que nascem, já saem andando. São chamados de nidífugos, isto é, prontos para explorar o mundo desde cedo. É encantador, mas também perigoso.
Foi esse comportamento que levou Luana Dallé, de Bento Gonçalves, RS, a viver outro resgate comovente, em 2023.
Ela viu uma “bolinha de penas” correndo no acostamento e percebeu se tratar de um filhote perdido. Naquela região, como contou ao Amo Meu Pet, atropelamentos são comuns. Por isso, sempre que encontra um filhote, ela devolve ao campo.
Mas nem tudo são flores…
Se por um lado alguns resgates emocionam, também há momentos que lembram por que o quero-quero ganhou fama que tem. E a internauta Sofia viveu isso na pele.
Ela e uma amiga encontraram um filhote na rua e tentaram ajudá-lo a subir de volta para a calçada. A amiga mal se abaixou quando a mãe, que estava observando tudo de longe, surgiu em um voo rasante, pronta para defender o bebê.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.
