“Fiquei muito pior sem eles”: Cabeleireira doa seus dois cachorrinhos, se arrepende e inicia jornada para buscá-los de volta

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Keila é cabeleireira e vive em Belo Horizonte, Minas Gerais. Sensível à causa animal, ela resgatou dois cachorrinhos com a intenção inicial de oferecer apenas lar temporário, acreditando que, em pouco tempo, encontraria uma família definitiva para eles.

Seis meses passou, e a adoção aconteceu. Keila entregou a duplinha confiante de que os cães viveriam bem, seguros e felizes ao lado de uma nova família. Porém, assim que se despediu, algo mudou. O silêncio da casa e a ausência dos dois fizeram seu coração apertar de um jeito impossível de ignorar.

Dois dias depois, tomada pela emoção, Keila decidiu voltar atrás e foi buscar os cachorrinhos de volta. O apego havia sido maior do que qualquer plano inicial. Em um vídeo sincero e emocionante, ela resumiu o sentimento que muitas pessoas já viveram ao resgatar um animal: “O dia que doei meus dois cachorros e me arrependi.”

O coração não permitiu a despedida

Keila, mãe de quatro filhos, jamais imaginou que um resgate mudaria tanto a sua rotina e seu coração.

Os dois cachorrinhos apareceram abandonados na rua de sua casa, frágeis, assustados e completamente dependentes de alguém que enxergasse neles mais do que um problema.

A cena a comoveu imediatamente. Sem conseguir ignorar o sofrimento dos filhotes, ela decidiu acolhê-los, oferecendo lar temporário, acreditando que aquela seria apenas uma etapa até que encontrassem uma família definitiva.

Nos primeiros dias, a prioridade foi garantir segurança, alimentação e carinho. Aos poucos, os filhotes passaram a confiar, explorar a casa e criar vínculos.

Foi nesse convívio diário que Keila percebeu algo diferente em um deles. O olhar não reagia como deveria, havia insegurança nos movimentos e uma dificuldade clara de se orientar.

Preocupada, ela não hesitou em buscar ajuda especializada e levou o cachorrinho a um oftalmologista veterinário, realizando todos os exames necessários para entender o que estava acontecendo.

O diagnóstico foi duro, mas definitivo: o filhote era cego e, infelizmente, não havia possibilidade de reversão do quadro. Com apenas três meses de vida, ele já enfrentava uma limitação permanente.

A notícia, longe de afastar Keila, aprofundou ainda mais o vínculo. O pequeno passou a exigir mais cuidado, mais atenção e mais presença.

Apesar do amor crescente, Keila também precisava lidar com a realidade. Sua rotina era intensa, dividida entre trabalho, casa e os filhos.

Com responsabilidade, ela começou a questionar se conseguiria oferecer aos dois cães o tempo e a dedicação que realmente mereciam.

Movida por esse senso de dever, decidiu procurar alguém que pudesse dar aos filhotes a atenção necessária. Assim, encontrou uma família disposta a adotar o irmãozinho do cão cego.

No entanto, a separação revelou algo que ninguém havia previsto. O ceguinho passou a chorar intensamente, demonstrando grande tristeza pela ausência do companheiro.

O vínculo entre eles era visível e forte. Sensibilizada, Keila decidiu buscar o outro filhote no mesmo dia. Ao chegar, ouviu da adotante algo que confirmou tudo o que sentia:

“Ele também estava triste sem o amiguinho e queria devolver pra nós.” Não era apenas apego — era dependência emocional, companhia e segurança mútua.

Com o tempo, a história dos dois irmãos se espalhou, e surgiu um casal disposto a adotar os dois juntos, respeitando o laço que os unia.

A proposta parecia ideal. Keila refletiu, ponderou e tentou, mais uma vez, fazer o que acreditava ser o melhor. Doou os cães novamente, convencendo-se de que aquela seria a decisão certa para todos.

Mas o coração não seguiu o plano. Vieram dois dias de choro e um aperto constante no peito. Keila percebeu que estava pior sem eles do que com todas as dificuldades que imaginava ter.

“Eu me arrependi e fiquei muito pior sem eles, foram dois dias de choro”, contou.

Foi então que decidiu agir. Convencendo o marido, ela viajou até a cidade vizinha, cerca de 40 km, onde os cachorros haviam sido levados, determinada a trazê-los de volta.

O reencontro aconteceu em uma chácara, em um ambiente simples, estilo roça. Bastou os cachorrinhos reconhecerem Keila para que tudo fizesse sentido.

A duplinha ficou eufórica, abanando o rabo sem parar, pulando, demonstrando uma alegria tão genuína que não deixou espaço para dúvidas. Ali estava a resposta que ela procurava.

Mesmo diante dos desafios, Keila fez sua escolha com o coração aberto.

“Mesmo com meus dois filhos autistas que já tenho, eu prefiro ter eles de volta pra mim. Agradeço a Deus por ter me permitido trazê-los de volta”, declarou.

Repercutiu

Keila decidiu abrir o coração e compartilhar sua história em seu perfil do Instagram, @keilaalvezcabelereira, no dia 14 de dezembro. Na legenda, escreveu um desabafo sincero, cheio de emoção e fé, que ajudou a explicar tudo o que havia vivido nos últimos dias:

“Nunca pensei que eu os amava tanto. A minha vida inteira nunca tive um animal, porque meus pais não deixaram. Mas hoje entendo que Deus deixou eles na porta da minha casa pra eu cuidar e amar. Já entendi, Deus. Agora ninguém mais tira eles daqui. Vai dar tudo certo.”

A publicação rapidamente ganhou força, ultrapassando 411 mil visualizações e reunindo milhares de comentários. Muitas pessoas se identificaram com a história e deixaram mensagens de apoio, compreensão e acolhimento.

“Todo mundo tem direito de errar! O importante é que deu certo você recuperar. Deus te abençoe”, escreveu uma seguidora.

Ao mesmo tempo, a história também despertou reflexões importantes. Nos comentários, algumas pessoas questionaram o processo de doação, destacando a importância de avaliar com cuidado quem recebe um animal, pois, aparentemente, os cães não estavam em condições ideais.

Uma mensagem chamou atenção pelo tom de alerta:

“Responsabilidade, muita responsabilidade na hora de doar animais. O adotante não precisa ter só amor, precisa ter condições financeiras e psicológicas. Sempre levem o animal até a casa do tutor, conheçam o espaço, façam perguntas. Você está direcionando uma vida.”

Diante das críticas, Keila respondeu com firmeza, mas também com empatia. Ela explicou que a família que havia recebido os cães era humilde e que, ao visitar o local, decidiu não julgar, mas estender a mão. Em sua resposta, deixou claro que a experiência também despertou nela um novo olhar social:

“Antes de falar, precisamos saber ao certo. Quando damos a cara pra bater, apanhamos mesmo. Era uma família humilde, e eu não julgo as condições de ninguém. Amor não precisa de dinheiro. Eu moro a 40 km de onde eles foram e foi muito bom ter ido lá, porque agora vou voltar mais vezes pra fazer doações.”

Confira:

A história de Keila ganhou força justamente por isso: não é perfeita, nem ensaiada. É feita de erros, arrependimento, aprendizado e amor.

Um retrato real de quem tentou fazer o certo, errou, voltou atrás e, no processo, acabou mudando não só a própria vida, mas também a de quem cruzou seu caminho.

Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.

Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.

Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.

Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.