“Prometeu carinho, entregou apego emocional”: Jovem fica aflita após pássaro silvestre decidir não sair da sua cabeça
Por Beatriz Menezes em Mundo AnimalUma situação comum de lazer transformou-se em um evento atípico para Isabela Gouveia. Durante um momento de descanso em uma área com piscina, a internauta foi abordada por uma maritaca que decidiu fazer do corpo da jovem seu novo abrigo.
O que começou como um breve contato evoluiu para uma demonstração de confiança do animal silvestre, que se recusou a retomar o voo.
O vídeo mostra o exato instante em que a ave pousa no ombro de Isabela. No início, a expectativa da jovem e das pessoas ao redor era de que o pássaro apenas descansasse por alguns segundos antes de seguir viagem.
Contudo, a maritaca demonstrou um comportamento de exploração e proximidade. O animal caminhou livremente pelos ombros, subiu pelas costas e chegou a se alojar no cabelo da internauta, que reagiu com uma mistura de surpresa e diversão diante da insistência do visitante.
A dinâmica entre seres humanos e animais silvestres costuma ser marcada pelo distanciamento, já que essas aves tendem a evitar o contato direto em ambientes abertos.
No caso de Isabela, a quebra dessa barreira natural chamou a atenção. A maritaca parecia confortável e segura, ignorando as tentativas indiretas de fazê-la voar de volta para as árvores próximas.
Esse tipo de comportamento pode ocorrer por diversos fatores, desde a curiosidade natural da espécie até a possibilidade de o animal ter tido contatos anteriores com humanos.
Ver um animal saudável e ativo em seu habitat natural, interagindo por vontade própria, gera uma conscientização sobre a importância de manter esses ecossistemas preservados.
O sentimento de ser "escolhido" por um animal é uma das formas mais puras de validação
A repercussão no Instagram foi imediata. Em poucos dias, a publicação somou mais de 190 mil visualizações, 13 mil curtidas e 146 comentários.
“Isso é um presente! Um animalzinho desses se aproximar de você, escolher ficar com você é uma benção.”.
“Meu sonho, com apego emocional e tudo!”.
“Energia boa neh Isa, atrai os bichinhos”.
Foram alguns dos comentários.
Assista abaixo:
Perfil biológico e comportamento da espécie
De acordo com o Veterinário de Aves a maritaca pertence à família Psittacidae, dividindo o mesmo grupo taxonômico com papagaios e araras. Com uma plumagem majoritariamente verde e detalhes que variam entre o amarelo e o vermelho, essa ave mede entre 25 e 35 centímetros.
Em um ambiente controlado e com assistência adequada, sua longevidade pode alcançar os 30 anos, o que exige um planejamento de longo prazo por parte de quem convive com o animal.
Diferente do que a aparência sugere, a maritaca possui traços comportamentais específicos. A vocalização alta e persistente não é um defeito, mas uma ferramenta de comunicação vital.
Na natureza, esses sons servem para localizar o bando e alertar sobre perigos. Por ser um animal gregário, a solidão é um dos maiores riscos para sua saúde mental, podendo desencadear quadros de estresse severo.
Riscos à saúde e sinais de alerta
Um dos grandes desafios para os tutores é o instinto de preservação da espécie, que leva a ave a esconder sintomas de doenças até que o estado de saúde esteja crítico. Por isso, a observação diária é a principal ferramenta de prevenção.
Existem condições frequentes que afetam esses animais e que demandam intervenção profissional imediata.
A clamidiose se destaca como uma das preocupações centrais, sendo uma infecção bacteriana que pode ser transmitida para seres humanos.
No campo comportamental, o autopicotamento é um sinal clássico de negligência ambiental ou tédio, onde a ave passa a arrancar as próprias penas.
Problemas respiratórios e infecções digestivas também são recorrentes, geralmente ligados à má higiene do recinto ou exposição a correntes de ar.
Pilares para uma convivência saudável
A manutenção de uma maritaca exige mais do que apenas um espaço físico. A base de uma vida equilibrada para o animal reside em uma dieta composta por rações extrusadas específicas, complementada por vegetais e frutas.
Dietas compostas exclusivamente por sementes de girassol são prejudiciais, pois levam a deficiências nutricionais e acúmulo de gordura no fígado.
Além da alimentação, a exposição à luz solar ou lâmpadas UVB é indispensável para a síntese de vitamina D, garantindo a absorção de cálcio e a saúde óssea.
A interação social diária e a oferta de brinquedos que estimulem o raciocínio impedem o declínio cognitivo.
Consultas regulares com um médico veterinário especializado em aves são o único caminho seguro para garantir que a convivência, como a vista no vídeo viral de Isabela Gouveia, seja pautada pelo bem-estar de ambas as partes.
A maritaca pode ser domesticada no sentido de ser amansada e acostumada à presença humana, mas ela é um animal silvestre nativo do Brasil e, por isso, sua posse é regulamentada por lei.
Legalidade da Posse no Brasil
No Brasil, a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) proíbe a manutenção de animais silvestres em cativeiro sem a devida autorização dos órgãos competentes, como o IBAMA ou o órgão estadual responsável.
Para ter uma maritaca legalizada, é necessário:
Adquirir o animal de um criadouro comercial autorizado e registrado junto ao órgão ambiental (como o IBAMA).
Exigir a nota fiscal e o certificado de origem lícita no momento da compra.
Garantir que a ave possua anilha (um anel de identificação inalterável colocado quando filhote) que comprove seu nascimento em cativeiro.
