Menina de 6 anos que mora em hospital desde bebê realiza sonho de conhecer um cãozinho

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Desde os sete meses de idade, Maria Nicole vive no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba (MG). Ela tem Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença genética rara que atinge a coluna vertebral e impossibilita os movimentos e até mesmo a respiração.

A menina de 6 anos precisa constantemente de um aparelho respirador e de cuidados específicos da ala pediátrica do hospital.

No último fim de semana, Maria realizou o sonho de conhecer um cãozinho. Ela teve um encontro mágico, nas palavras de sua mãe, Shirlene Fernandes, e deixou os pais emocionados.

Apesar da Atrofia Muscular Espinhal afetar os neurônios motores, Nicole tem plenas capacidades cognitivas, de acordo com sua idade.

“Ela sempre fica na enfermaria vendo desenhos no tablet, então já viu e sabe o que são cachorros, gatos e cavalos, por exemplo. Mas nunca teve contato com nenhum animal. Na verdade, ela não conhece muita coisa do mundo exterior”, conta a mãe.

Shirlene manifestou o desejo da filha junto à Liga de Cuidados Paliativos em Pediatria da UFTM, que se mobilizou para organizar uma visita especial, ocorrida neste fim de semana.

“Foi uma verdadeira força-tarefa para conseguir promover este encontro, porque envolve muita coisa e muita gente, tivemos que levar junto com ela a enfermagem, a fisioterapeuta, deslocar a maca, o oxigênio, uma médica assistente. Tínhamos medo de que ela ficasse assustada porque havia muita gente ao redor dela e ela viu a luz do sol poucas vezes na sua vida. Mas ela adorou. Quando levamos ela de volta para a enfermaria, ela chorou porque queria ficar mais lá fora“, conta a médica Jussara Silva Lima, professora adjunta do Departamento de Pediatria da UFTM e coordenadora da Liga de Cuidados Paliativos em Pediatria.

O contato com o cãozinho Thor, do Corpo de Bombeiros, mudou a vida da filha, afirma Shirlene. “Acho que isso tem que ser uma prática constante no hospital não só para a minha filha mas para as outras crianças que estão ali e também adultos que vivem na enfermaria de cuidados prolongados. Ela amou o encontro e o cãozinho também. Era para eles terem ficado juntos somente por meia hora, mas o encontro acabou durando uma hora. Logo após voltar para o quarto ela chorou porque queria ficar mais com o cachorro, mas durante todo o dia ela ficou diferente, cantarolando, feliz”.

Devido a uma traqueostomia, Nicole não consegue formar palavras, mas é capaz de vocalizar as suas reações e demonstrar o que sente por meio do semblante e do olhar.

De acordo com a professora Jussara, o encontro entre o cachorro e a criança foi ‘um experimento para ver se a prática iria dar certo e analisar a possibilidade de estender atividade às outras cinco crianças que moram na ala de cuidados prolongados’.

O cãozinho

O Corpo de Bombeiros foi pego de surpresa com o pedido. Eles precisaram preparar um dos cães da corporação, acostumados com operações de busca e salvamento de indivíduos desaparecidos.

O tenente Kaio Damacena, comandante do canil da corporação em Uberaba, explica como o treinamento e porquê a escolha de Thor, um Golden Retriever de 6 anos.

“Há um tempo, recebemos a solicitação para executar este projeto no qual os cães iriam até o hospital participar de uma terapia na qual o público alvo seriam as crianças da ala de cuidados prolongados do hospital, até então, algo inédito para eles e também pra gente. Na última sexta feira, tivemos a visita de um profissional especialista nesta área para realizar os testes com os cães.”

“Para este trabalho, o cão tem que ser dócil, tolerante a dor, de certa forma, para o caso de alguma criança, sem querer, puxar a orelha dele, por exemplo, e também não pode reagir de forma agressiva. Por isso, testamos as reações dos cães aos serem levantados do chão, por exemplo, ou ao escutarem um barulho perto deles. Thor passou em todos os testes e foi o cão mais indicado para o trabalho”, conclui o militar.

Saiba mais assistindo o vídeo abaixo:

Fonte: Hoje em Dia

Gabriel Pietro têm 20 anos, é redator e freelancer. Fundou o Projeto Acervo Ciência em 2016, com o objetivo de levar astronomia, filosofia e ciência em geral ao público. Em dois anos, o projeto alcançou milhões de internautas e acumulou 400 mil seguidores no Facebook. Como redator, escreveu para vários sites, como o Sociologia Líquida e o Segredos do Mundo. Ainda não sabe se é de humanas ou exatas, Marvel ou DC, liberal ou social-democrata. Ama cinema, política, ciência, economia e música (indie). Ainda tentando descobrir seu lugar no mundo.