Amizade improvável: porquinho-do-mato é flagrado passeando ao lado de cadela no Mato Grosso

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em Mundo Animal

Uma cena inusitada e, ao mesmo tempo, cheia de ternura surpreendeu os moradores de Querência, no interior do Mato Grosso.

Durante um passeio noturno, uma cadela foi flagrada caminhando tranquilamente ao lado de um porquinho-do-mato.

As imagens, que rapidamente viralizaram nas redes sociais, mostram a dupla andando lado a lado, como se fossem velhos amigos.

Em alguns momentos, é possível observar que a cachorrinha, além de conduzir, aparenta proteger o pequeno animal silvestre, reforçando um comportamento de cuidado e companheirismo.

O registro foi compartilhado no perfil do Comando Geral BG na plataforma Threads e rapidamente conquistou a internet, com milhares de curtidas, comentários e compartilhamentos.

O que mais chamou atenção dos internautas foi a harmonia entre dois animais de espécies completamente diferentes — um doméstico e outro silvestre — demonstrando que a empatia e o afeto podem, sim, ultrapassar barreiras naturais.

Como surgem laços assim?

Segundo especialistas em comportamento animal, relações como essa, embora não sejam tão comuns, podem ocorrer quando animais são privados do convívio com indivíduos da mesma espécie e encontram na interação com outras espécies uma forma de suprir necessidades emocionais e sociais.

Conforme explica uma reportagem da National Geographic, intitulada “Why Animals 'Adopt' Others, Including Different Species”, esse tipo de vínculo acontece, especialmente, quando os animais ainda estão na fase juvenil, momento em que são mais receptivos a desenvolver laços afetivos, seja com humanos ou outros animais.

Isso se dá porque, em situações de isolamento ou vulnerabilidade, instintos de cuidado, busca por proteção e sociabilidade se sobrepõem às barreiras naturais entre espécies

Aspectos da fauna silvestre e da convivência com humanos

O porquinho-do-mato, também conhecido como caititu (Pecari tajacu), é uma espécie nativa das Américas, amplamente distribuída desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina.

No Brasil, é encontrado em diversos biomas, incluindo a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica, demonstrando uma notável capacidade de adaptação a diferentes habitats, desde florestas tropicais até áreas semiáridas e regiões próximas a zonas urbanas.

Esses animais possuem hábitos gregários, vivendo em grupos que podem chegar a até 32 indivíduos. Tal comportamento social facilita a sobrevivência e a proteção contra predadores.

Quando isolados, especialmente em áreas urbanas, podem buscar vínculos de proteção e companhia, inclusive com outras espécies.

A presença crescente de animais silvestres em áreas urbanas é um reflexo direto da expansão das cidades e da consequente redução dos habitats naturais.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a urbanização e o desmatamento têm levado a um aumento significativo no número de animais silvestres encontrados em centros urbanos, muitas vezes em situações de risco, feridos ou debilitados.

Reflexões que ficam

Enquanto as imagens seguem encantando a internet, fica o convite à reflexão: quando os animais conseguem superar as diferenças e viver em harmonia, talvez a humanidade também devesse aprender lições valiosas com eles.

Confira o vídeo: