O famoso labrador Marley morreu de um risco que ainda assombra tutores de cães de grande porte

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em Cães

Quem assistiu Marley & Eu (2008) certamente chorou até soluçar com o fim da história. Mas você sabia que a causa da morte do labrador não foi a idade?

O que levou Marley foi uma condição que assombra até hoje os tutores de cães de grande porte: a torção gástrica, também conhecida como DVG (Dilatação Gástrica e Volvo).

O que você precisa saber


  • A torção gástrica (DVG) é uma emergência grave que pode matar em poucas horas.
  • Cães grandes e de tórax profundo são os mais vulneráveis, como Labradores, Goldens e Pastores Alemães.
  • Comer rápido, fazer apenas uma refeição por dia e correr após comer aumentam o risco.


Quem trouxe o alerta recentemente foi a veterinária nutróloga Ingrid (ingrid.nutrivet), que publicou em seu Instagram:

“Muita gente achou que Marley morreu de velhice, mas foi torção gástrica. Uma emergência que ainda hoje tira a vida de milhares de cães grandes. Comer rápido, correr depois de comer ou fazer só uma refeição por dia… tudo isso pode ser um gatilho.”

A boa notícia é que dá pra prevenir.

O que é a torção gástrica?

A DVG acontece quando o estômago do cão se enche de gás (dilatação) e depois se torce (volvo), bloqueando a entrada e a saída do estômago, segundo o VCA Hospitals.

Isso causa dor, pressão nos órgãos, dificuldade para respirar e, em muitos casos, pode levar à morte se não for tratada rapidamente.

  • O estômago incha, se torce e trava.
  • É uma emergência grave e exige cirurgia imediata.

Quem corre mais risco?

Cães de grande porte e tórax profundo são os mais vulneráveis. É o caso de:

  • Labrador Retriever
  • Golden Retriever
  • Pastor Alemão
  • Rottweiler
  • Dogue Alemão
  • Weimaraner
  • Doberman
  • São Bernardo
  • Poodle Standard
  • Setter Irlandês
  • Basset Hound
  • Galgos

Mas atenção: qualquer cão pode ser afetado, mesmo os menores.

Fatores que aumentam o risco:

  • Comer rápido demais
  • Fazer uma única refeição por dia
  • Praticar exercícios logo após comer
  • Beber muita água de uma vez
  • Beber água ainda ofegante durante exercício
  • Estar magro ou ansioso
  • Ter histórico familiar de DVG
  • Ser macho e ter mais de 7 anos

Como saber se o cão está em torção gástrica?

Os sinais são graves e exigem atendimento emergencial imediato:

  • Tentativas de vomitar sem sucesso
  • Salivação excessiva
  • Abdômen inchado (especialmente do lado esquerdo)
  • Dificuldade para respirar
  • Inquietação ou dor intensa
  • Fraqueza ou desmaio
  • Som oco, como um tambor, ao bater levemente na barriga do cão

Dá pra prevenir?

Sim. E prevenir pode salvar vidas.

A principal forma de prevenção é a gastropexia, uma cirurgia que prende o estômago à parede abdominal, impedindo que ele se torça.

Ela pode ser feita:

  • Preventivamente, no momento da castração (em raças de risco)
  • Ou em emergência, para evitar novas torções após o primeiro episódio

Outras formas de prevenção não cirúrgicas

  • Dividir a ração em 2 ou 3 refeições por dia
  • Usar comedouros lentos

Saiba mais sobre comedouros lentos aqui:

  • Evitar exercícios após comer
  • Controlar a ansiedade do cão
  • Manter rotina alimentar estável
  • Evitar água em excesso logo após a refeição

E se acontecer?

A torção gástrica é uma emergência. Cada minuto conta. Se notar os sintomas, leve o cão ao veterinário imediatamente. O tratamento envolve:

  • Reduzir a pressão do gás no estômago
  • Estabilizar o cão com fluidos intravenosos
  • Cirurgia para desfazer a torção

E, muitas vezes, a remoção do baço ou de partes do estômago danificadas

Mesmo com tratamento, a taxa de mortalidade varia de 10% a 45%.

O que aprendemos com Marley

  • Se você tem um cão de grande porte, converse com seu veterinário sobre a gastropexia.
  • Observe os hábitos alimentares do seu cão.
  • E, ao menor sinal de inchaço, corra para o atendimento.

Porque às vezes, não é o tempo que leva um cachorro embora. É o desconhecimento.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.