Galga resgatada de 'indústria de corrida' que se encolhia de medo de tudo aprende a confiar em humanos com ajuda de família amorosa

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em Proteção Animal

Quando Emma Graf abriu a porta de casa para receber Poppy, uma galga resgatada da indústria de corridas, ela não fazia ideia de como aquele encontro transformaria duas vidas.

“Quando ela chegou, tinha medo de tudo. Ela simplesmente congelava”, contou Emma ao The Dodo.

Não era exagero. Poppy tremia diante de qualquer som mais alto, hesitava em caminhar pela casa e se assustava até com um movimento mais brusco.

Era como se o mundo fosse um lugar perigoso.

E, para ela, provavelmente era.

Marcas do passado

Galgos que vêm da indústria das corridas costumam carregar marcas emocionais profundas.

De acordo com a PETA, esses cães passam até 23 horas por dia confinados em gaiolas apertadas e são tratados como meras ferramentas para apostas.

Começam a correr aos 18 meses e raramente chegam à idade de aposentadoria, que seria por volta dos cinco anos.

Muitos se ferem gravemente ou sequer sobrevivem. Só na Flórida, por exemplo, um galgo morria em média a cada três dias antes da proibição das corridas no estado em 2020.

“Pequeno milagre”

Poppy teve sorte. Conseguiu escapar desse destino e encontrou abrigo com Emma e sua família, na Austrália.

Mas o caminho até se sentir segura foi longo e respeitar o tempo dela foi essencial. Poppy passou, sem nem saber, pelo que hoje é conhecido como a regra dos 3-3-3:

  • Nos primeiros três dias, o cão apenas observa;
  • Nas três semanas seguintes, começa a se adaptar e testar os limites;
  • Só após três meses é que começa, de fato, a relaxar.

Foi exatamente assim que aconteceu.

“Ficamos com tanta pena dela. Demos o máximo de carinho possível”, lembra Emma.

Até que, pouco antes de completarem três meses juntas, um pequeno milagre aconteceu.

“Meu marido gritou: ‘amor, vem cá ver isso!’”, contou. “Ela estava deitada com a barriga para cima pela primeira vez.”

Era o sinal de que Poppy estava começando a confiar.

Nova vida

Desde então, se transformou na sombra da filha de Emma, uma menina sem irmãos que encontrou na cadelinha uma amiga de verdade.

“Ela está sempre ao lado dela, como se quisesse protegê-la. É como se Poppy tivesse preenchido um espaço.”

O comportamento atual de Poppy também revela uma característica típica dos galgos.

Segundo o American Kennel Club (AKC), embora esses cães sejam os velocistas oficiais do mundo canino, com estrutura corporal projetada para velocidade, em casa eles costumam ser incrivelmente gentis, calmos e afetuosos.

São silenciosos, sensíveis e se apegam profundamente à família, o que os torna ótimos companheiros para crianças.

No entanto, é importante lembrar que eles ainda são cães de caça por visão (sighthounds), ou seja, podem ter vontade de correr atrás de presas em movimento.

Por isso, só devem ser soltos em locais cercados e seguros. Além disso, o AKC recomenda um treinamento positivo, paciente e nunca ríspido, já que esses cães são independentes por natureza.

Hoje, Poppy vive cercada de amor e mimos.

Abraçar a nova melhor amiga virou terapia para a filha e para os adultos também.

“Se você está com algo na cabeça, é só dar um abraço nela”, diz Emma. “É uma sensação boa saber que ajudamos ela.”

É impossível não imaginar o quanto Poppy sofreu em seu passado. Mas agora, no presente, ela corre apenas atrás de brinquedos e, de vez em quando, para o quarto da filha de Emma, só para ter certeza de que está tudo bem.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.