Em abrigo de animais, cachorrinha com câncer terminal é 'devolvida', até encontrar um rosto familiar que muda seu destino
Por Ana Carolina Câmara em Cães
Macchiato é uma cachorrinha mestiça de pitbull que viu sua vida ganhar um novo significado ao ser adotada em novembro de 2024.
Depois de enfrentar abandono e incertezas, ela finalmente encontrou amor, segurança e uma família disposta a enxergar além dos estereótipos.
Foi então que, após seis meses acreditando estar amada e segura, Macchiato foi inesperadamente abandonada. O que ela pensava ser um recomeço virou mais uma decepção, deixando marcas em seu coração.
Esse poderia ser o final triste da história de Macchiato, que tem câncer terminal.
Mas, para surpresa de todos, o destino reservou a ela algo muito mais bonito: amor verdadeiro, cuidado diário e uma família disposta a fazer de seus últimos dias os mais felizes de sua vida.
A desilusão
Macchiato pesa cerca de 34 kg e, em maio, voltou para o abrigo de animais Best Friends Animal Society NYC, após ser abandonada novamente.
A instituição é uma das maiores e mais respeitadas organizações de proteção animal dos Estados Unidos, dedicada a salvar cães e gatos em situação de risco e promover a adoção responsável.
Lá, ela recebeu os cuidados necessários, carinho dos voluntários e, mais uma vez, teve a esperança reacendida de encontrar um lar definitivo.
A primeira vez que Macchiato chegou ao abrigo foi após ser resgatada das ruas de Nova York, onde era constantemente maltratada por transeuntes e ignorada por quem passava.
Com aproximadamente nove anos, a cachorrinha foi encaminhada para um lar temporário, onde recebeu amor, cuidados e a atenção que tanto precisava.
E não demorou para que, com seu jeitinho doce e olhar cheio de esperança, ela finalmente encontrasse um lar adotivo, cercada de afeto e pronta para viver seus dias com dignidade e alegria.
Mas o que era para ser um recomeço cheio de amor e tranquilidade acabou se transformando em mais uma decepção.
Poucos meses depois, Macchiato foi novamente abandonada, sem explicações, e voltou para o abrigo carregando no olhar a tristeza de quem só queria ser amada.
Mas as desilusões não pararam por aí...
Já sob os cuidados do abrigo, os voluntários perceberam uma saliência no pescoço da pitbull.
Preocupados, levaram Macchiato para exames mais detalhados, e foi então que receberam a notícia que ninguém gostaria de ouvir: ela estava com um câncer terminal. Infelizmente, não havia cura.
"Macchiato tinha um câncer agressivo e inoperável, que já havia se espalhado para vários gânglios linfáticos", escreveu a Best Friends em uma publicação.
Agora, a missão da equipe do abrigo era encontrar um lar acolhedor que pudesse oferecer a Macchiato não apenas conforto, mas amor verdadeiro em seus últimos dias de vida.
Um lugar onde ela pudesse descansar cercada de carinho, como todo cão merece, especialmente aqueles que tanto sofreram.
Mas havia um obstáculo. Se com cães saudáveis já é difícil encontrar um lar, com animais idosos ou com doenças terminais, como Macchiato, o desafio se torna ainda maior.
A ASPCA aponta que a adoção de cães seniores (acima de 7 anos) é bem menos comum — apenas cerca de 25%, contra 60% de filhotes — sendo os custos com saúde a principal barreira.
No Brasil, dados da revista Cães & Gatos mostram que, embora cerca de 30 milhões de pets vivam em abrigos, cães idosos, de pelagem preta ou vira-latas têm muito menos chances de adoção.
Muitos adotantes evitam esse tipo de adoção por receio dos custos veterinários, pelo medo do apego e da dor da perda, o que frequentemente resulta em animais passando seus últimos dias sem um lar acolhedor.
O cenário para Macchiato não era muito animador. Contudo, seu lar estava mais perto do que imaginava.
O recomeço
Mo Hussain é voluntário do abrigo Best Friends Animal Society NYC e foi uma das primeiras pessoas a acolher Macchiato quando ela foi resgatada das ruas de Nova York, ainda assustada e cheia de marcas físicas e emocionais.
Meses depois, ao reencontrá-la no abrigo — agora visivelmente abatida e com um diagnóstico de câncer terminal — Mo sentiu o coração apertar.
Ver Macchiato de volta ali, frágil, após ter sido adotada e abandonada novamente, foi como reviver tudo o que ela já havia superado. Era como se o mundo insistisse em não deixá-la ser feliz.
Mas, naquele momento de tristeza, surgiu uma decisão comovente.
Quando os responsáveis do abrigo perguntaram se ele consideraria assumir um caso de "fospice" — um tipo especial de acolhimento para animais com doenças terminais, que prioriza conforto, dignidade e amor nos últimos dias de vida — Mo não hesitou.
Com o coração aberto, respondeu que sim. Estava disposto a oferecer a Macchiato o que ela mais precisava: um lar de verdade, ainda que por pouco tempo.
Segundo a Best Friends Animal Society, Mo abriu as portas de casa e do coração para garantir que Macchiato não passasse seus últimos dias sozinha em um canil.
Ela teria, enfim, o que todo cão merece: acolhimento, respeito e afeto.
"Meu vínculo com a Macchiato é incomparável. Desde o momento em que a acolhi, percebi que essa menina era especial. Agora que ela está comigo de volta e doente, valorizo cada momento", compartilhou Mo à revista PEOPLE.
Macchiato não demorou a se adaptar à nova casa e tem amado os passeios diários no parque.
Com o rabinho abanando e os olhos curiosos, ela explora cada canto como se fosse a primeira vez, aproveitando cada momento com alegria.
Ao lado de Mo, ela redescobriu o prazer das pequenas coisas: o carinho, o sol no pelo e a simples sensação de pertencer.
Mo sabe que, cedo ou tarde, a pitbull partirá. Por isso, tem aproveitado ao máximo cada instante ao lado dela.
Entre caminhadas, cochilos no sofá e momentos de silêncio compartilhado, ele já vem se preparando emocionalmente para a despedida.
Embora saiba que será doloroso, entende que oferecer amor até o fim é o maior presente que poderia dar a Macchiato.
Mo torce para que sua atitude inspire outras pessoas a olharem com mais empatia para os animais dos abrigos, especialmente aqueles considerados “menos adotáveis”.
"Ser um lar temporário é uma das coisas mais gratificantes que você pode fazer. Eu não trocaria um dia com a Macchiato. Espero que tenhamos muitos mais — e que fiquem comigo para sempre", disse ele. uma família.
Cada cãozinho tem uma história única, um coração cheio de amor e o mesmo desejo de pertencer a uma família.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.