Com humor e alertando pais, reabilitador de cães conta qual é a única raça de cachorro recomendada para crianças
Por Beatriz Menezes em Adestramento
Adotar ou comprar um cão é uma decisão que deve partir dos adultos da casa, não de uma criança.
Essa é a principal mensagem do reabilitador de cães,Guilherme Repullio, que recentemente viralizou nas redes sociais ao compartilhar um vídeo com uma reflexão importante sobre o tema.
No conteúdo, publicado em 17 de agosto e que já acumula mais de 252 mil visualizações, o especialista afirma que não existe uma raça de cachorro recomendada exclusivamente para crianças.
Segundo ele, o único pet que se encaixa nesse perfil seria o de pelúcia, justamente porque não exige cuidados, treinamento ou responsabilidade.

O vídeo que gerou debate nas redes:
No início da gravação, Guilherme aparece ao lado de um bebê e de um dálmata, mas o ponto principal surge quando ele mostra um cachorro de pelúcia e diz:
“Essa é a única raça recomendada para crianças. Não solta pelo, não late, não é agressiva, não dá trabalho nenhum. É a raça Pelo e Cia.”
De forma irônica, o especialista explica que, ao contrário do que muitos pais acreditam, nenhuma raça é naturalmente “segura” ou “perfeita” para conviver com crianças. O comportamento adequado de um cão depende de treinamento, socialização e, sobretudo, da supervisão de um adulto.
Na legenda do vídeo, ele reforça:
“Melhor raça pra criança! Claro que existem raças com menos probabilidade para agressão. Mas, ela por si só não garante nada. Nenhuma raça naturalmente nasceu para se adaptar a crianças.”
Responsabilidade deve ser sempre dos adultos
O alerta de Guilherme vai além de uma simples escolha de raça. Ele lembra que cães de verdade não são brinquedos e que a responsabilidade pelo cuidado, adestramento e educação é sempre do adulto responsável.
“Não tem cachorro para criança, porque não é ela que cria. Se ela criar, vai ser isso daqui o tempo inteiro”, diz ele, apontando para o cachorro de pelúcia.
Essa fala reforça um ponto crucial de quando um animal é adquirido apenas para satisfazer o desejo de um filho, há o risco de frustração para ambos.
O cão pode acabar sendo negligenciado, acorrentado no quintal ou até mesmo abandonado quando o entusiasmo inicial passa.
Nos comentários da publicação, muitos internautas concordaram com a abordagem direta do especialista.
“Nossa, que vídeo necessário! Quando resgato e vou fazer entrevista, se a pessoa já chega falando ‘quero dar para o meu filho’, já nem prossigo com a adoção.”
“O problema é que precisa treinar o humano, que por sua vez vai treinar o cão. É aí que está o difícil, mas você faz isso com maestria.”
“Eu tenho pavor quando alguém anuncia cachorro perdido e coloca ‘criança chorando’. O cachorro não é para criança! E o risco dele ser abandonado depois porque ‘não deu certo’ é enorme.”
As respostas mostram como a mensagem de Guilherme toca em um ponto sensível, mas necessário. A tendência de muitos pais é terceirizar o cuidado com o pet para os filhos, sem medir as consequências.
Assista ao vídeo:
Raça influencia, mas não define
Apesar de que algumas raças podem apresentar maior tolerância a manipulações, barulhos e movimentos bruscos, isso não elimina a necessidade de socialização e adestramento.
O Labrador Retriever e o Golden Retriever, por exemplo, costumam figurar nas listas de cães “família”.
Mas, sem o manejo adequado, até mesmo eles podem desenvolver comportamentos indesejados, como destrutividade, pulos excessivos ou até reatividade.
Ou seja: não existe fórmula pronta para escolher o cão ideal para uma criança. O que existe é uma equação que envolve dedicação, paciência e compromisso dos adultos.
Por que cães não devem ser “presentes”
Outro ponto levantado indiretamente pelo vídeo de Repullio é o risco de presentear crianças com animais. Segundo dados do Instituto Pet Brasil (IPB), uma das principais causas de abandono está ligada a decisões impulsivas, tomadas sem planejamento ou responsabilidade.
Muitas vezes, o encantamento inicial de ter um filhote desaparece quando surgem os primeiros desafios como xixi fora do lugar, destruição de móveis, latidos e a necessidade de atenção diária.
Quando o pet é tratado como um brinquedo, a chance de abandono aumenta consideravelmente.

Ao finalizar o vídeo, ele reforça a provocação:
“Cachorro para criança é cachorro treinado, educado, que o adulto responsável cuida dele. Se não, compra um de pelúcia, que é melhor.”
Uma lição dura, mas necessária para milhares de famílias que pensam em adotar um cão sem considerar todos os fatores envolvidos.