Homem socorre cisne jovem em apuros e então percebe que ele não estava sozinho
Por Ana Carolina Câmara em Mundo Animal
Gill Start, que vive em St. Ives, Cambridgeshire, no Reino Unido, alimenta uma família de cisnes que habita o Rio Great Ouse.
Todos os dias, ela vai até a margem do rio para oferecer comida e observar de perto o crescimento das aves, criando um vínculo especial de confiança e cuidado com os animais.
Foi então que, em uma noite de agosto de 2024, ao chegar ao rio, ela se deparou com um jovem cisne em apuros.
Logo, Gill agiu pedindo ajuda ao The Waterfowl Sanctuary (TWS), uma organização do Reino Unido dedicada ao resgate, reabilitação e proteção de aves aquáticas.
O TWS atua oferecendo tratamento veterinário especializado, abrigo temporário e, sempre que possível, a devolução dos animais ao seu habitat natural.
Graças à rápida intervenção, o cisne recebeu os cuidados necessários e teve suas chances de recuperação aumentadas, mostrando a importância de iniciativas como a do santuário e de pessoas como Gill, que não hesitam em agir diante de um animal em risco.
O resgate
Quando Gill chegou ao rio, encontrou o cisne preso em uma linha de pesca. Apesar das tentativas desesperadas de se libertar, ele não conseguia se soltar sozinho.
O TWS recebeu a ligação durante a noite e, como não havia nenhum socorrista disponível naquele horário, a ação só pôde acontecer na manhã seguinte.
Assim que amanheceu, um socorrista foi enviado ao local para resgatar o cisne e garantir que ele recebesse os cuidados necessários.
Munido de um caiaque, ele mapeou a última localização conhecida das aves, entrou na água e começou a remar em busca do animal em perigo.
Quando o encontrou, o socorrista se aproximou com cuidado. Contudo, o cisne, ainda assustado e exausto pelas tentativas de se soltar, tentou se afastar.
O homem o perseguiu por alguns minutos até conseguir encurralá-lo. Com delicadeza, segurou o cisne pelas asas e o puxou para dentro do caiaque. Só então percebeu o fio de pesca enrolado em seu bico, que o impedia de se mover e se alimentar.
“O anzol foi encontrado no canto da boca, e a linha deu duas voltas no bico”, escreveu o >TWS. “Felizmente, o anzol não tinha farpa, mas era minúsculo e difícil de remover.”
O socorrista trabalhou com calma para retirar o objeto preso no bico do jovem cisne, enquanto conversava com o animal, como se quisesse tranquilizá-lo.
Foi então que o pai da ave surgiu de repente, agitado e protetor, nadando ao redor do caiaque em defesa do filhote.
A presença dele tornou o momento ainda mais delicado, exigindo precisão para que o resgate fosse concluído sem causar estresse maior à família de cisnes.
"A remoção ficou mais emocionante quando o pai (do cisne) se envolveu. Felizmente, não foi uma remoção de equipamento de pesca difícil ou que mudasse a vida — diferente de alguns casos que são absolutamente terríveis para essas pobres criaturas", escreveu a TWS.
A proteção dos cisnes com seus filhotes
Os cisnes são aves conhecidas por sua beleza, mas também pela proteção intensa que oferecem aos seus filhotes. Essa defesa é essencial para a sobrevivência dos cygnets, especialmente nas primeiras semanas de vida, quando ainda são frágeis e dependem totalmente dos pais.
De acordo com o site Divebomb Industries, os cisnes são extremamente territoriais durante a época de reprodução. Tanto o macho quanto a fêmea participam da defesa do território e da família, usando vocalizações, posturas de alerta e, se necessário, ataques físicos contra possíveis ameaças. Esse comportamento garante segurança para os filhotes e mantém afastados predadores ou intrusos.
Um estudo publicado na ResearchGate confirma a importância do cuidado biparental nos cisnes. Machos e fêmeas dividem as tarefas de proteger, orientar e alimentar os filhotes, aumentando significativamente as chances de sobrevivência dos pequenos em ambientes naturais.
Já o site SwanLife destaca que os pais permanecem próximos dos cygnets nos primeiros dias de vida, oferecendo calor, proteção e ensinando-os a nadar e se alimentar. Essa presença constante fortalece o vínculo familiar e assegura um desenvolvimento saudável.
Repercussão
O resgate foi filmado e compartilhado no perfil do Facebook do >The Waterfowl Sanctuary no dia 17 de agosto de 2024.
A publicação já acumulava mais de 625 mil visualizações e centenas de comentários.
"Sua dedicação e a maneira como você lida com os cisnes são incríveis. Parabéns, você não demonstra medo, e acho que eles sabem disso. Incrível", escreveu uma internauta.
"Trabalho incrível como sempre. Vocês merecem uma medalha", comentou outra.
"Obrigado por ajudar este pobre cisne. Você fez um trabalho incrível. Adorei o jeito como você conversou com ele o tempo todo, deixando-o saber o que estava fazendo", disse um terceiro.
Assista:
Outros internautas também levantaram a questão sobre os pescadores e o impacto de linhas e anzóis abandonados nos rios, que representam um sério risco para a vida selvagem.
Muitos defenderam mais consciência e responsabilidade no uso da pesca para evitar que acidentes como este continuem acontecendo.
O impacto das linhas e anzóis de pesca abandonados na vida selvagem
O descarte inadequado de linhas, anzóis e outros equipamentos de pesca representa uma das maiores ameaças à vida selvagem.
Animais aquáticos e aves frequentemente ficam presos em fios de pesca, o que pode causar ferimentos graves, amputações e até a morte.
Segundo a organização Save Coastal Wildlife, linhas de pesca abandonadas são uma verdadeira armadilha para aves, tartarugas e mamíferos aquáticos, dificultando a locomoção, alimentação e sobrevivência desses animais.
O problema tem uma escala global. De acordo com um relatório do WWF, cerca de 29% das linhas de pesca utilizadas em todo o mundo acabam perdidas no mar a cada ano, somando entre 500 mil e 1 milhão de toneladas de equipamentos abandonados. Esse material, chamado de ghost gear, pode permanecer ativo por séculos, causando sofrimento a inúmeras espécies e prejudicando ecossistemas inteiros.
A gravidade da situação é reforçada pela World Animal Protection, que alerta para a morte de milhares de animais capturados por esse lixo invisível nos oceanos. Redes e anzóis abandonados continuam a aprisionar e matar animais mesmo sem a presença de pescadores, fenômeno conhecido como ghost fishing.
O problema não se limita aos mares. Pesquisadores em Ohio, nos Estados Unidos, documentaram casos de aves terrestres, como corujas, que morreram por estrangulamento após ficarem enroscadas em linhas de pesca deixadas em áreas de rios.
Isso mostra que o impacto se estende também a ambientes de água doce e espécies que vivem próximos a corpos hídricos.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.