Cachorra Shih-tzu que vivia encolhida em gaiola de 50 cm emociona ao receber amor pela 1ª vez

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em Proteção Animal

Barbara Andrade é arquiteta em Minas Gerais e costuma usar as redes sociais para falar de decoração e reforma.

Mas, recentemente, ela abriu espaço para contar uma história bem diferente e que emocionou milhares de pessoas: a chegada de Juju, uma shih-tzu resgatada de um canil clandestino.

Juju tem apenas 2 ou 3 anos, mas já carrega marcas profundas de uma vida de sofrimento.

Usada como matriz em um criadouro ilegal, ela vivia encolhida em uma gaiola de 50x50 cm, sem higiene, sem cuidados e sem carinho.

O normal para Juju era dormir sobre seus próprios excrementos, passar dias sem comida e não conhecer nada além das grades que a cercavam.

Quando foi resgatada, a cadelinha estava tão debilitada que já havia perdido os dentes debaixo e apresentava secreção nos olhos. Além disso, tinha medo de qualquer aproximação humana.

“Ela é uma cachorrinha muito quietinha e extremamente traumatizada. Não existe a possibilidade de você chegar perto dela caminhando, de pé. Ela tem muito medo. Humanos, que deveriam protegê-la, a ameaçaram e maltrataram. Nossa missão agora é mostrar que nem todos são assim”, contou Barbara em um vídeo publicado no Instagram.

Primeiros passos em uma nova vida

Desde que chegou à nova casa, Juju tem dado passos tímidos em direção a uma vida de afeto.

Em apenas três dias, já tomou banho, se alimentou, ainda que de forma hesitante, e descobriu que gosta de observar as pessoas que passam pela rua.

Também encontrou aconchego no sofá e até no colo da tutora, embora ainda se assuste com aproximações bruscas.

Barbara compartilhou a experiência pedindo dicas a outros tutores de cães resgatados. “Queremos que ela se sinta protegida, acolhida e amada”, escreveu.

Para ajudar no processo, Juju ganhou uma aliada especial: Aurora, uma spitz alemã da família.

Aos poucos, a convivência com a “priminha” tem ajudado a shih-tzu a se abrir para novas experiências e a confiar um pouco mais no mundo ao seu redor.

“As duas estão virando melhores amigas”, contou Barbara.

O desafio de cuidar de um cão traumatizado

Segundo especialistas consultados pelo PetMD, cães traumatizados podem desenvolver transtornos de medo e ansiedade, manifestando comportamentos como tremores, tentativas de fuga, vocalizações excessivas ou até agressividade quando se sentem acuados.

Mas é possível ajudá-los a recomeçar.

Um dos métodos mais usados é a dessensibilização. Trata-se de expor o animal, em um ambiente seguro, a estímulos que o assustam, mas em baixa intensidade, aumentando o contato de forma gradual. Assim, ele aprende que não há perigo real.

Em paralelo, aplica-se o contracondicionamento, que transforma a experiência em algo positivo, associando-a a petiscos, brinquedos ou carinhos.

“É como no feitiço ‘Ridículo!’ de Harry Potter, em que algo assustador se transforma em engraçado”, compara a veterinária Sarah Wooten.

A ideia é justamente ressignificar o que antes causava medo.

Amor, paciência e um espaço seguro

Embora a vontade de compensar o sofrimento com muito carinho seja grande, os especialistas alertam que simplesmente “dar amor” não basta. Muitos cães traumatizados não estão prontos para interagir diretamente com pessoas.

O ideal é respeitar o tempo do animal e criar um espaço seguro, onde ele possa se refugiar sempre que quiser.

Pode ser uma caminha em um canto silencioso ou até uma caixa de transporte, desde que o cão tenha liberdade de entrar e sair.

Também é importante evitar métodos punitivos ou que causem medo, como borrifadores de água, que só reforçam a insegurança.

Em casos de traumas mais intensos, medicamentos podem ser prescritos por veterinários para reduzir a ansiedade e facilitar o processo de reabilitação.

O caminho de Juju ainda é longo. Talvez ela nunca seja um cão totalmente destemido, mas já deu os primeiros passos rumo a uma vida digna.

Hoje, ela descobre aos poucos que pode receber afeto sem precisar sentir medo e que brincar, descansar e ser amada são direitos de qualquer cachorro.

Acompanhe essa jornada no Instagram de Barbara (@arquitetababiandrade).

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.