Filhotes resgatados com hidrocefalia vivem três anos cheios de amor ao lado de protetor que acreditou neles
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Quando o protetor independente Marcio Lacerda fala sobre Mel e Bolota, a voz embarga. Não de tristeza, mas de gratidão.
“Eles me ensinaram o verdadeiro sentido da palavra amor incondicional”, escreve ele no Instagram.
Marcio é há muitos anos uma das figuras mais ativas na causa animal no Rio Grande do Sul. Para quem acompanha suas redes sociais, não faltam imagens de resgates impossíveis.
Ele está sempre onde um animal precisa, desde áreas de enchente, deslizamentos ou às margens de rodovias, exatamente onde a história de Mel e Bolota começou.
Mel e Bolota
Mel e Bolota ainda eram bebês quando foram encontrados. Os dois estavam encolhidos à beira de uma estrada, descartados à própria sorte.
“No início, achei que tinham sofrido um acidente”, lembra Marcio, em um vídeo emocionante. “A Mel não caminhava e estava com a cabecinha inchada. O Bolota tinha uma bolinha na cabeça.”
Os filhotes foram imediatamente levados para atendimento veterinário. Depois de exames, veio o diagnóstico que mudaria tudo: hidrocefalia. E não era um quadro simples.
A Mel tinha a forma mais grave, avançada, que comprometeria sua vida. O Bolota também tinha a doença, mas em estágio menos severo.
As previsões não eram animadoras e alguns veterinários até sugeriram eutanásia. Outros, afirmaram que a Mel dificilmente iria caminhar, que poderia permanecer vegetativa, que sua vida seria curta e sofrida.

Mas enquanto todos enxergavam um fim, Marcio viu um começo. “Eu acreditei no milagre”, disse. E, segundo ele, o milagre aconteceu.
Três anos felizes
A partir dali, Mel e Bolota passaram a receber medicamentos controlados, acompanhamento rigoroso e amor diário.
Entre crises neurológicas e sustos com ataques epiléticos, eles foram vivendo um dia de cada vez. E cada dia era uma vitória.
“Bolota não anda. Ele corre”, contou Marcio. Já a Mel... “A Mel voava e saltitava.”
Aquela cachorrinha que deveria viver no máximo seis meses acabou vivendo três anos. E não foram anos sofridos.
Três anos de vida plena, feliz, cercada de cuidados e com uma alegria surpreendente.
Mas, no dia 2 de setembro, Mel partiu. A despedida foi registrada por Marcio em um vídeo que comoveu milhares de pessoas.
“Ela foi amada todos os dias e seria amada para sempre”, escreveu ele. “Até breve, meu amor.”
Menos de dois meses depois, no dia 30 de outubro, Bolota acompanhou a irmãzinha.
Ele tinha acabado de receber Marcio aos pulinhos na porta de casa. Mas quando o tutor retornou do mercado, minutos depois, Bolota já havia se despedido do mundo.
“A vida é um sopro”, escreveu. “O Bolota partiu dois meses após a partida da sua irmãzinha. Os dois foram muito amados e me mostraram o verdadeiro sentido do amor incondicional.”
E completou, falando diretamente para quem os abandonou na beira da estrada:
“Saiba que eles foram muito amados todos os dias da vida deles.”
O que é a hidrocefalia?
Segundo o portal veterinário PetMD, a hidrocefalia é o acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano dentro das cavidades do cérebro.
Esse líquido, responsável por proteger e nutrir o sistema nervoso, quando se acumula de forma inadequada, gera aumento de pressão intracraniana e pode causar danos neurológicos graves.
A doença é dividida em dois tipos:
- Congênita: quando o animal já nasce com ela;
- Adquirida: quando surge ao longo da vida, por tumores, infecções, traumas ou inflamações.
Os sintomas variam bastante. Alguns cães são assintomáticos, enquanto outros podem apresentar:
- convulsões
- andar em círculos
- dificuldades de aprendizado
- visão comprometida
- sonolência
- comportamento anormal
- cabeça aumentada (especialmente nos casos congênitos)
Tratamento
A gravidade determina o tratamento, que pode incluir medicações ou até cirurgia. Mesmo com tratamento, o prognóstico é incerto.
Aproximadamente metade dos cães responde bem, enquanto outros enfrentam crises recorrentes ou evolução da doença.
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Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.









