A caminho do trabalho, enfermeira age rápido e reanima guaxinim 'bêbado' que comeu pêssegos fermentados
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Uma enfermeira do Kentucky, nos Estados Unidos, viveu um dia de trabalho que, definitivamente, não vai esquecer tão cedo.
Misty Combs, com seus 21 anos de experiência, já tinha visto de tudo no hospital. Mas nada se comparava à cena que encontrou a caminho do serviço: um guaxinim bêbado e em apuros.
Era manhã quando Misty chegou ao estacionamento do Departamento de Saúde do Condado de Letcher, em Whitesburg, e percebeu uma confusão perto de uma lixeira.
Ao se aproximar, entendeu o que estava acontecendo.
Uma mãe guaxinim tentava desesperadamente resgatar seus dois filhotes presos dentro da caçamba.
Dentro da lixeira havia pêssegos fermentados descartados por uma destilaria vizinha, e os pequenos não resistiram à tentação.
Foi assim que Misty presenciou, pela primeira vez, dois guaxinins bêbados, tontos e vulneráveis.
“Eu pensei: ‘Temos que tirá-los daqui!’”, contou Misty à emissora Lex18. “Foi puro instinto materno. Vi aquela mãe se esforçando tanto, mas sem saber o que fazer. Eu só queria ajudá-la a ter os bebês de volta.”
‘Foi puro instinto materno’
Com a ajuda de uma pá, Misty conseguiu retirar o primeiro filhote, que imediatamente correu para os braços da mãe. Mas o segundo estava em situação crítica.
Mergulhado numa poça de líquido no fundo da caçamba, parecia não reagir.
“Todo mundo dizia que estava morto, que não respirava. Ele tinha se afogado e estava cheio de água”, relembrou.
Foi então que a enfermeira fez o impensável: deitou o pequeno no chão e iniciou uma massagem cardíaca improvisada.
Misty tentou reanimar dando tapinhas vigorosos nas costas do guaxinim, virando-o de barriga para cima e pressionando seu peito com as mãos.
Aos poucos, o animal voltou a respirar.
“Fiquei surpresa por ele ter sobrevivido. Foi incrível ver algo que ajudei a trazer de volta à vida”, disse à WSAZ 3, de acordo com a People.
Apesar do alívio, Misty admitiu que o medo também estava presente. Afinal, guaxinins podem transmitir raiva.
“O tempo todo fiquei com medo de ele me atacar quando recuperasse os sentidos. Mas continuei.”
De volta para casa (e longe da cachaça)
Após o resgate, o Departamento de Recursos Pesqueiros e da Vida Selvagem do Kentucky foi acionado.
O filhote passou a noite em observação com um veterinário e, no dia seguinte, recebeu alta.
Ele foi levado de volta ao estacionamento, onde Misty pôde soltá-lo e ver o reencontro emocionante com a mãe.
O pequeno ainda ganhou o nome de Otis Campbell, inspirado no personagem “bêbado oficial” da série The Andy Griffith Show.
“Boa sorte, Otis!”, desejou Misty ao devolvê-lo à natureza. “Espero que agora ele só beba água e fique longe da caçamba”, completou o repórter da Lex18.
Veja a reportagem da Lex18 sobre o caso:
Guia prático: o que fazer ao encontrar um animal silvestre
A história do guaxinim Otis teve final feliz, mas nem sempre é assim. Tentar resgatar um animal silvestre sozinho pode ser perigoso.
Um especialista na área de animais silvestres compartilhou no Reddit algumas orientações importantes para lidar com essas situações.
1. Animal saudável no quintal ou na rua
- Se não representar risco, apenas mantenha crianças e pets dentro de casa e deixe o bicho seguir o caminho dele.
- Se for um animal perigoso, isole a área e acione a polícia ambiental ou órgão responsável da sua cidade.
2. Animal dentro de casa
- Se for uma ave, apague as luzes e abra janelas para que ela encontre a saída.
- Se for um animal peçonhento ou desconhecido, isole o ambiente e não tente manuseá-lo. Aguarde ajuda especializada.
3. Filhotes no forro ou em árvores
- Nunca retire por conta própria. Isso pode configurar crime ambiental.
- Espere que saiam naturalmente e, depois, faça a vedação do local para evitar novas invasões.
4. Animal ferido
- Ligue para o órgão ambiental ou para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) mais próximo.
- Se precisar mantê-lo até a chegada da equipe, coloque em uma caixa furada, em ambiente silencioso. Não tente alimentá-lo nem dar água diretamente na boca.
5. Casos específicos
- Beija-flores: podem morrer rapidamente sem alimento. Prepare uma mistura de 1 medida de açúcar para 5 de água e ofereça numa tampinha.
- Morcegos: nunca toque. Eles podem transmitir raiva. Se aparecerem em casa, cubra-os com um balde e chame imediatamente o centro de zoonoses ou polícia ambiental.
6. Animais marinhos na praia
- No litoral brasileiro, o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) atua em casos de animais encalhados. Até a chegada da equipe, isole a área e não toque no animal.
Por mais adoráveis que pareçam, animais silvestres não são pets. Eles pertencem à natureza e o nosso papel é garantir que possam viver nela em segurança.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.