Como fazer cachorro parar de latir para a campainha? Rapaz compartilha método genial
Por Larissa Soares em Adestramento
Latidos. Muitos latidos. Para alguns tutores, basta a campainha tocar para que essa sinfonia comece. Mas e se fosse possível transformar esse momento barulhento em uma cena tranquila?
O adestrador Pedro Papolo, da Papolo’s Dog, provou que sim. Ele mostrou nas redes sociais como conseguiu ensinar seu cachorro, o Tofu, a trocar os latidos desesperados por um comportamento calmo.
De alarme ambulante a cão zen
Segundo Pedro, o Tofu não podia ouvir a campainha tocar que ele entrava em alerta máximo, latindo sem parar.
Para mudar esse cenário, o adestrador colocou em prática um plano baseado em adestramento positivo.
1. Comece devagar
Ele começou de forma gradual e usou uma gravação do som da campainha no celular, em volume tão baixo que não causava reação.
Sempre que o Tofu permanecia calmo, recebia uma recompensa.
2. Aumente a dificuldade no ritmo do seu cão
Aos poucos, Pedro aumentava o volume e a complexidade da situação: andar pela casa, se aproximar da porta, mexer na maçaneta. Cada avanço era recompensado com mais petiscos.
“Lembrando que cada cachorro tem uma evolução. Entenda e avance conforme o progresso do seu cão”, explicou.
Em menos de uma semana, o Tofu já tinha entendido o recado. Quando a campainha toca, ele corre por conta própria até o “posto” designado, senta e espera. E tudo isso abanando o rabo, feliz da vida.
Veja o vídeo publicado no Instagram (@papolosdog):
Perguntas dos tutores
Nos comentários do vídeo, que viralizou no Instagram, tutores curiosos bombardearam Pedro com dúvidas:
- “Uma vez aprendido pelo cão, deixa de ser necessário recompensar?”
“Com o tempo, as recompensas se tornam esporádicas e podem ser substituídas por carinho e atenção”, respondeu.
- “E se a campainha tocar e eu não estiver por perto para recompensar?”
“Quando o comportamento estiver consolidado, você pode alternar entre recompensar e não recompensar. Não tem problema não capturar todos os momentos”, tranquilizou.
- “Aqui em casa não tem campainha, só batem na porta. Funciona?”
“O ideal é simular as batidas na porta com uma gravação”, ensinou.
- Até quem tinha mais de um cachorro quis saber se era possível:
“Quanto mais cães, mais difícil mesmo, mas não podemos desistir”, disse o adestrador.
Como os cães aprendem?
Segundo a plataforma de treinamento Gingr, cães aprendem principalmente por associação. Ou seja, eles conectam estímulos a resultados — algo positivo (como petiscos e carinho) ou negativo (como sustos ou frustração).
- Condicionamento clássico: Você já ouviu falar sobre o experimento de Pavlov, em que os cães salivavam ao ouvir o sino? Esse é um exemplo de associação entre um estímulo (som do sino) e uma recompensa (comida). No treino, isso significa, por exemplo, associar o barulho da campainha a algo bom, como um petisco.
- Condicionamento operante: aqui, o cão aprende que um comportamento traz uma consequência. Se sentar ao ouvir “senta” e ganhar um petisco, ele vai repetir o ato. Esse é o princípio usado para ensinar comandos e modificar comportamentos, como trocar os latidos por calma.
- Aprendizagem social: cães também observam e imitam. Um filhote pode aprender a subir escadas só de ver outro cachorro fazendo.
- Aprendizagem cognitiva: envolve resolução de problemas e até leitura de sinais humanos. É o nível mais avançado, usado em atividades de enriquecimento mental.
O segredo, segundo especialistas, está na consistência e no reforço positivo, que além de moldar comportamentos fortalecem o vínculo entre tutor e cão.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.