'Não consigo imaginar o que ele passou': Cão chega a abrigo extremamente assustado e aguarda família que tenha paciência com ele
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Em agosto, o Orange County Animal Services, em Orlando, na Flórida, EUA, recebeu uma ligação desesperada sobre um cão de rua que precisava de ajuda.
O cachorro, aparentemente doente, corria entre os carros de uma rodovia movimentada, desviando das rodas por instinto, sem saber para onde fugir.
Moradores tentaram ajudá-lo, mas o filhote estava nervoso e apavorado e não deixava ninguém se aproximar.
O resgate
Quando a equipe do abrigo chegou, foi preciso muita paciência e alguns petiscos para conseguir capturá-lo com segurança.
Foi assim que conheceram Stewie, um filhote de cerca de um ano que mostrava pelo seu corpo tenso que o mundo era um local perigoso demais para ele.
“É claro que ele teve muito pouco treinamento e socialização”, explicou a equipe do abrigo nas redes sociais. “Ele se assusta com tudo, especialmente com a guia. Quando chegou, se refugiava no fundo do canil e afastava os funcionários com as patas.”
O medo era tanto que até o simples ato de colocar uma coleira se tornava um pesadelo.
“A guia o aterrorizava”, disseram. “Ele rolava, chorava e lutava para tirá-la”.
Durante os primeiros dias, Stewie mal se mexia. Recusava petiscos, evitava contato e passava horas encolhido, observando tudo com olhos desconfiados.
Mas aos poucos, dia após dia, começou a mudar.
Recomeço
“Já faz quase um mês, e Stewie está melhorando. É uma prova da paciência da nossa equipe de comportamento, que trabalha com ele o máximo que pode”, contou o abrigo.
E foi justamente nessa convivência que descobriram algo curioso: Stewie adora caminhar quando alguém segura suas patas dianteiras.
Ele anda com as traseiras e deixa o resto do corpo apoiado na pessoa. É um jeito nada convencional de se mover, mas que o faz se sentir seguro.

“Talvez seja uma questão de conforto”, disseram. “De qualquer forma, é adorável e realmente uma novidade para nós.”
Agora, o abrigo busca uma família disposta a acolher esse cachorrinho sensível e medroso, alguém com tempo, paciência e muito amor.
“Não sabemos por que ele está aqui, mas sabemos que tem potencial para ser um cão incrível”, afirmaram. “Vamos levá-lo para ser visto. Vamos levá-lo para casa.”
Nos comentários, internautas se emocionaram.
“O fato de ele estar tão medroso diz muito sobre seu passado”, escreveu uma seguidora.
Outra completou: “Não consigo imaginar o que ele passou.”
Ajudar um cão ansioso
De acordo com o American Kennel Club (AKC), em casos de cães traumatizados e ansiosos, o mais importante é respeitar o estado emocional do animal.
Isso significa não forçar interações e não insistir em treinamentos enquanto ele estiver em alerta.
A prioridade é reduzir o estresse: afastar o cão do gatilho, oferecer um espaço tranquilo e transmitir segurança com voz calma e movimentos lentos.
O medo também tem sinais sutis que muitas vezes passam despercebidos: bocejos, desinteresse por comida, farejar o chão sem motivo, ou até ofegar demais podem indicar desconforto. Identificar esses sinais precoces ajuda o tutor a agir antes que o cão entre em pânico.
Construindo confiança, um passo por vez
Ganhar a confiança de um cão medroso é um processo lento e que precisa seguir o ritmo dele.
- Rotina:
O AKC recomenda criar uma rotina previsível, com horários fixos para alimentação, passeios e descanso. Essa estabilidade faz o animal sentir que tem controle sobre o ambiente.
- Reforço positivo:
Outra dica é usar métodos de reforço positivo. Em vez de punir comportamentos indesejados, o tutor deve recompensar os bons. Pequenos progressos, como aceitar um petisco ou se aproximar voluntariamente, já são grandes conquistas.
- Dessensibilização:
A dessensibilização consiste em apresentar gradualmente os gatilhos (como a guia, pessoas novas ou sons) em intensidade muito baixa, sempre associando a experiências agradáveis. Com o tempo, o cérebro do cão aprende que aquilo que antes causava medo agora traz algo bom.
- E o mais importante: paciência.
“Um cão nervoso pode nunca se tornar o mais sociável do parque”, explica o AKC. “Mas com amor, ele pode aprender a se sentir confortável no mundo — e isso já é o suficiente para transformar uma vida.”
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.