Casal perde o apetite ao ver o que acontecia com cachorrinha vira-lata no portão de casa e decide agir
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Era uma noite de domingo aconchegante. Camila Dias e Diego tinham acabado de se sentar à mesa, pizza quentinha, televisão ligada, e as câmeras de vigilância mostrando o portão de casa. Mas bastaram alguns segundos para o jantar perder completamente o gosto.
Na tela, uma cadelinha exausta, magra e assustada aparecia diante da casa, tentando comer um pouco da ração deixada para os cães de rua. Atrás dela, dois cachorros se aproximavam, insistentes, tentando montá-la.
“Perdemos o apetite na hora”, contou Camila na publicação. “Não pensamos duas vezes, fomos lá e tiramos Luna daquela situação tão triste, que tantas cachorrinhas de rua enfrentam todos os dias: serem perseguidas por conta do cio.”
E, a partir dali, começava uma corrida contra o tempo.
Camila e Diego, tutores do pitbull Will, cão conhecido nas redes pela sua doçura e carisma, sabiam que viajariam para Salvador em apenas cinco dias.
Não havia espaço, nem tempo, nem estrutura para acolher uma nova cachorra. Mas havia algo maior: a certeza de que não podiam simplesmente fechar os olhos.
Luna, como foi batizada, ganhou abrigo, banho e comida. E, mais que isso, ganhou uma chance.
“Oramos fervorosamente a Deus que enviasse a família perfeita pra ela”, disse Camila. “Tínhamos menos de uma semana pra encontrar um lar. Mas Deus operou o milagre: no quarto dia, a família maravilhosa de Luna apareceu.”
A família era formada por Tamires, sua mãe e o doguinho Baby que, ao conhecer Luna, pareceu entender que ela estava finalmente em casa.
A adoção relâmpago emocionou os internautas, já que Luna não era um filhote de raça “rara” nem uma cadela “instagramável”. Era uma adulta de pelagem preta, o tipo de cão que, infelizmente, costuma ser o último da fila nos abrigos.
Cães pretos ainda sofrem com o chamado “Black Dog Syndrome”, um termo usado para descrever a menor taxa de adoção entre animais de pelagem escura.
Eles costumam ser menos fotografáveis, ou vistos como menos “expressivos”, o que faz com que passem despercebidos. Mas Luna provou que amor não tem cor.
O vídeo do resgate, publicado no TikTok, ultrapassou 1,2 milhão de visualizações e 190 mil curtidas, com comentários comovidos.
“Que vídeo lindoooo. O período de cio é tão violento pra as cadelinhas de rua, parabéns pela atitude”, escreveu uma seguidora.
“Eu não acredito não, Charlene, que eu tô chorando com a boca cheia de bolacha dentro do ônibus lotado”, comentou outra.
Nas imagens, Luna aparece pela primeira vez se aproximando timidamente dos pratinhos de comida, com o olhar cansado. Depois, já dentro de casa, recebe banho, carinho e uma refeição completa. Aos poucos, o medo dá lugar à confiança.
Dias depois, o vídeo mostra Luna correndo na grama, brincando e abanando o rabo, com o pelo brilhante e a alegria de quem finalmente tem um lar.
“Desde então, Luninha vive uma vida de paz, alegria e mimo com sua preciosa família. Deus ouviu nossas preces!”, escreveu Camila.
A importância da castração
Se a Luna estava em perigo, é porque o cio a expôs a riscos que poderiam ter sido evitados. Segundo a Michelson Found Animals Foundation, castrar é uma das formas mais eficazes de prevenir tanto doenças quanto situações de vulnerabilidade.
Cadelas não castradas entram no cio a cada seis a oito meses, e nesse período atraem machos de todos os lados. Isso, nas ruas, pode ser fatal.
Além disso, a esterilização previne doenças graves, como o câncer de mama e a piometra, uma infecção uterina potencialmente letal.
A castração também ajuda a conter a superpopulação animal, que leva milhares de cães e gatos a viverem sem abrigo, comida ou segurança.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.