Cão de rua oferece ajuda para rottweiler abandonado que não sabia atravessar a rua e cena comove
Por Beatriz Menezes em Aqueça o coração
Uma cena de compaixão animal transformou a realidade de dois cachorros e mobilizou milhares de pessoas na internet.
Em Vespasiano, Minas Gerais, um rottweiler puro, abandonado e desorientado, encontrou em um cão de rua sem raça definida o primeiro gesto de acolhimento.
A história, compartilhada pela ONG Projeto Meg no início de outubro, não apenas garantiu um final feliz para os dois animais, mas também lançou luz sobre o drama do abandono e as dificuldades financeiras enfrentadas por abrigos independentes.
Tudo começou quando a fundadora do projeto, Lohanna Q. Cohen, se deparou com uma situação que descreveu como dilacerante.
Um rottweiler, visivelmente um animal que cresceu em um lar, perambulava perdido pelo centro da cidade. Relatos apurados pela ONG indicam que o cão foi deixado para trás após a mudança de sua família.
O vídeo original do resgate narra o momento do encontro.
“Ele vai acabar sendo atropelado porque ele não sabe atravessar a rua, ele não sabe andar. E ele tá me seguindo e eu não tenho pra onde levar ele”, diz emocionada na gravação, transmitindo o desespero da situação.
O animal não possuía as habilidades necessárias para sobreviver nas ruas. O rottweiler, que mais tarde seria batizado de Damião, parecia uma criança assustada, sem entender a nova e hostil realidade.
Foi então que um herói improvável apareceu. Um cão vira-lata, já conhecido na região por sua resiliência, aproximou-se do rottweiler.
Este cão, que ganhou o nome de Cosme, ofereceu a Damião o que nenhum humano havia oferecido até aquele momento: companhia e proteção.
Acostumado com a solidão das ruas, Cosme acolheu o novo amigo, e os dois passaram a dividir a mesma dor e a mesma esperança.
A equipe do Projeto Meg, ao testemunhar a amizade, ficou profundamente tocada. No entanto, a organização já operava muito além de sua capacidade.
Com as baias superlotadas e enfrentando o risco iminente de perder o terreno onde o abrigo está localizado, o resgate imediato de ambos era inviável.
Foi diante desse impasse que a ONG decidiu usar sua principal ferramenta: as redes sociais.
O vídeo mostrando Damião desamparado e a amizade com Cosme foi publicado com um apelo sincero.
“Se você pode ajudar com lar temporário, adoção responsável ou doando qualquer valor, faça parte dessa luta. Porque cada vida importa. E nenhuma deveria ser esquecida”, pedia a legenda da publicação.
Confira o vídeo:
A resposta da comunidade foi imediata e avassaladora. Em menos de 24 horas, a história viralizou. A comoção se converteu em ação. Uma família entrou em contato, interessada em adotar.
Por já possuírem outro animal de estimação e com a tutora grávida, eles poderiam acolher apenas um dos cães.
A escolha recaiu sobre Cosme, o carismático vira-lata que primeiro estendeu a pata ao amigo necessitado.
Em pouco tempo, ele foi resgatado, recebeu cuidados veterinários, um banho e seguiu para seu novo lar em Belo Horizonte.
Enquanto Cosme ganhava uma família, a preocupação com o destino de Damião aumentava. O sucesso do resgate de seu amigo, porém, impulsionou ainda mais a campanha.
A ONG abriu uma ficha de inscrição para interessados em adotar o rottweiler, iniciando um processo de triagem criterioso para encontrar uma família ideal.
Interessados ainda estão sendo avaliados pela equipe para garantir que o cão não seja abandonado de novo nunca mais.
“Esse meninão ta recebendo muito interesse em adoção, só que a gente vai fazer entrevista. A gente não quer se livrar do cachorro, a gente quer que ele tenha uma vida plena e feliz e que condiza com o que a gente apoia”, contou Lohanna em um vídeo de atualização.
Em meio ao apoio, o projeto também enfrentou críticas. Comentários nas redes sociais acusavam a ONG de usar a história para ganhar dinheiro ou seguidores.
Lohanna Cohen veio a público para abordar as acusações, explicando a dura realidade do trabalho voluntário.
"A gente pede dinheiro justamente porque não tem. Porque só Deus e nós sabemos o que é trabalhar o dia inteiro, cuidar da nossa própria vida, e ainda assim abrir mão de descanso, tempo e até saúde por vidas que não são nossas, mas que passam a ser”, declarou em um post.
A fundadora do projeto aproveitou a visibilidade do caso para expor a situação crítica do abrigo.
O terreno onde a ONG opera está à venda por R$ 200.000,00, um valor que a organização não possui.
Ela fez um cálculo simples: com o vídeo de Damião atingindo mais de 500 mil visualizações, se cada pessoa doasse apenas R$ 1,00, seria possível comprar o terreno e garantir um futuro para os dezenas de animais abrigados.
A legenda de um vídeo do Instagram sobre o caso reforçava o propósito do trabalho e a seriedade por trás do pedido de ajuda.
“A verdade é que o amor salva, mas também custa. E é por isso que a gente segue pedindo — com fé, transparência e propósito. O Damião segue sendo cuidado, amado e preparado para o novo lar. Mas por trás dele, há dezenas de outros esperando a mesma chance.”
Enquanto Cosme agora desfruta de um lar seguro, Damião segue recebendo o carinho da fundadora e voluntários do Projeto Meg.
No entanto, o apelo continua: por trás deles, dezenas de outros animais ainda esperam pela mesma chance.