Cães irmãos voltam a abrigo de animais após serem ignorados mais uma vez em feira de adoção

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em Proteção Animal

Os cães Ziggy e Macau nasceram dentro de um abrigo em São Paulo, e desde então compartilham tudo: a caminha, o pote de água, o mesmo cobertor e, principalmente, a esperança de um lar.

No vídeo publicado pela Hyppet no Instagram, a dupla aparece se “arrumando” para mais uma feirinha de adoção. Ziggy, o otimista, "fala" com o coração cheio de fé:

“Mas está tudo bem, pessoal. Acredito que na trigésima primeira seremos adotados.”

Já Macau, o mais quieto, responde. “O Ziggy está com esperanças, mas eu já acho que nunca seremos adotados.”

O narrador, com voz mansa, tenta consolar: “Macau, eu concordo com o Ziggy. Eu acho que vocês ainda vão conseguir uma linda família.”

Ziggy se anima: “Enquanto nos arrumamos para mais uma feirinha, posso contar a nossa história?”

‘Eles são anjos da guarda um do outro’

Ziggy e Macau nasceram dentro do abrigo, mas foram rejeitados pela mãe e pelos irmãos. Desde pequenos, tornaram-se ‘anjos da guarda um do outro’, como relata o Hyppet.

Com o tempo, viram todos os outros filhotes ganharem lares. Só eles continuaram esperando.

“Não fala que eles nos rejeitaram, Zig. Senão ninguém vai querer nos adotar. Ninguém quer adoção conjunta”, rebate Macau no vídeo. “Claro que querem, Cal. Já imaginou nós dois brincando juntos num lar?”, complementa Ziggy. “Eu penso nisso todo dia, Zig, mas acho que nunca vai acontecer”, lamenta.

Veja o vídeo:

Na legenda, a Hyppet lança a pergunta que partiu o coração:

“Vocês acham que devemos separá-los ou ainda existe chance de uma adoção conjunta?”

Ziggy e Macau têm cerca de dois aninhos, são de porte médio, vacinados e castrados, e continuam disponíveis para adoção conjunta em São Paulo. Acesse o perfil da Hyppet para mais informações.

Adoção conjunta: amor em dobro

Nos comentários, tutores compartilharam suas próprias experiências com adoções duplas:

“Eu fiz uma adoção conjunta e posso afirmar que é muito mais tranquilo do que vocês pensam! Feijão e Filó são maninhos pretinhos inseparáveis. Foi a melhor decisão que tomei!”, contou uma internauta.

Outra pessoa desabafou: “Cheguei até o final do vídeo e chorei. Fiz uma adoção conjunta recentemente e está sendo lindo.”

“Eu não podia, mas adotei dois irmãos. Eles são muito felizes juntos e eu também. Não me arrependo. Só amor entre eles”, contou mais um.

Adotar dois cães irmãos pode parecer desafiador à primeira vista, mas, segundo o Dr. Roger Mugford, psicólogo animal e fundador da empresa The Company of Animals, a experiência pode trazer benefícios tanto para os tutores quanto para os animais.

“Uma das maiores vantagens de ter dois cães da mesma ninhada é o companheirismo inato que eles oferecem um ao outro”, explica. “Eles crescem juntos, aprendem juntos e se apoiam emocionalmente, o que ajuda a reduzir a ansiedade e o tédio.”

Os cães que vivem em dupla costumam ser mais tranquilos quando o tutor sai de casa, já que têm companhia constante.

Além disso, a socialização é facilitada, pois aprendem habilidades importantes ao interagir entre si.

“Eles melhoram sua comunicação, reduzem o medo e ganham confiança em novas situações”, destaca Mugford.

Treinar dois cães juntos também pode ser uma vantagem. Eles observam e imitam um ao outro, tornando o aprendizado mais rápido e divertido.

“É uma experiência compartilhada que fortalece o vínculo entre eles e entre os tutores e seus animais”, afirma o especialista.

Outro ponto positivo é o monitoramento de saúde. Quando convivem juntos, é mais fácil perceber mudanças de comportamento ou apetite, o que ajuda a identificar precocemente possíveis problemas.

Desafios

Mas é claro: há desafios. Ter dois cães significa dobrar os custos com alimentação, cuidados veterinários e brinquedos, além de demandar mais tempo para passeios e atenção.

“O segredo é equilíbrio e rotina. Com amor, paciência e estrutura, a convivência se torna gratificante”, completa Mugford.

Separar ou não separar?

Embora alguns tutores acreditem que separar irmãos possa ajudá-los a desenvolver independência, muitos abrigos e especialistas alertam que, em casos como o de Ziggy e Macau, em que há um vínculo forte desde o nascimento, a adoção conjunta é o cenário ideal.

A separação pode gerar estresse e ansiedade em animais muito dependentes um do outro. O ideal é que, antes de decidir, o futuro tutor converse com o abrigo e avalie o temperamento dos cães, o espaço disponível e o tempo que poderá dedicar a eles.

Adotar irmãos é um gesto de generosidade que transforma duas vidas de uma só vez e, muitas vezes, também a de quem abre a porta do lar.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.