Tudo estava tranquilo em praia, até banhistas pararem tudo ao verem animal marrom molhado em rocha
Por Beatriz Menezes em Mundo Animal
Um dia comum na praia de Beadnell, na Inglaterra, mudou rapidamente em setembro passado quando banhistas que aproveitavam a caminhada pela orla interromperam suas atividades.
A atenção deles se voltou para um pequeno animal marrom e molhado, imóvel sobre as rochas. A preocupação inicial deu lugar ao reconhecimento de que era um filhote de lontra. O animal estava visivelmente sozinho e em condição vulnerável.

As pessoas que encontraram o animal agiram com cautela e identificaram que se tratava de uma lontra bebê, uma situação incomum para a espécie, que raramente se separa dos pais.
Sem saber exatamente como proceder, tomaram a decisão correta ao pedir ajuda para o Blyth Wildlife Rescue, uma organização local especializada no socorro à vida selvagem.
Enquanto aguardavam a chegada da equipe de resgate, os banhistas permaneceram próximos ao filhote montando uma vigília voluntária por mais de uma hora.
O objetivo era proteger o filhote de qualquer perigo imediato, pois a maré estava subindo, sem contar que a presença de predadores eram riscos reais.
Após a chamada de resgate, Jon Anderson, fundador do Blyth Wildlife Rescue, e a médica veterinária Teri Charlton deslocaram-se rapidamente pela costa. Havia um senso de urgência para levar a lontra a um local seguro e avaliar sua condição.
Ao chegarem, a avaliação inicial confirmou os temores. O filhote estava em estado grave, a lontra bebê apresentava um quadro clínico preocupante estando perigosamente abaixo do peso ideal.
Sofria de hipotermia, resultado da exposição prolongada ao frio e à umidade. Além disso, exames indicaram hipoglicemia, um nível baixo de açúcar no sangue que pode ser fatal para um filhote.
A equipe acreditava que a lontra provavelmente havia se separado de sua mãe durante a passagem da tempestade Floris. Este evento climático atingiu o norte da Europa em agosto e a força das águas e dos ventos pode ter desorientado e separado a família.
Em homenagem ao evento que determinou seu destino, os socorristas batizaram a pequena lontra de Floris.
O tempo era essencial e a lontra foi levada às pressas para um centro veterinário qualificado.
Ela começou imediatamente a receber tratamento intensivo com procedimentos iniciais que incluíram fluidoterapia, sendo vital para combater a desidratação e ajudar a regular sua temperatura corporal.
A alimentação especializada com leite foi iniciada para estabilizar seus níveis de glicose e fornecer a nutrição necessária. A equipe de resgate e os veterinários monitoravam seus sinais vitais constantemente, esperando por uma reação positiva.

Felizmente a recuperação de Floris surpreendeu a todos os envolvidos. Ela respondeu ao tratamento mais rápido do que qualquer um esperava.
Em entrevista ao The Dodo, John Anderson disse que houve uma transformação clara em seu comportamento.
“Ela deixou seu progresso muito claro para seus cuidadores, passando rapidamente de uma paciente dócil e letárgica para uma sobrevivente irritadiça e determinada, com pouco interesse em novas interações humanas.”
Este distanciamento é fundamental para o sucesso da reabilitação. Se uma lontra se habitua aos humanos, ela perde o medo necessário para sobreviver e não pode ser solta com segurança.
O objetivo principal é sempre garantir que o animal possa sobreviver sozinho quando devolvido à natureza. Floris precisava aprender um conjunto de habilidades essenciais que, em circunstâncias normais, sua mãe ensinaria.
Um marco crucial em seu desenvolvimento foi alcançado, ela aprendeu a pescar sozinha, adquirindo uma habilidade que é a base de sua independência.
Quando Floris atingiu a estabilidade clínica e demonstrou as habilidades de sobrevivência necessárias, a equipe do Blyth Wildlife Rescue tomou a próxima decisão importante em sua jornada. Ela precisava de um ambiente especializado para a fase final de preparação antes da soltura.
Hoje, Floris está na Escócia, ela foi transferida para o centro de vida selvagem do International Otter Survival Fund. Esta organização internacional é altamente especializada na reabilitação e conservação de lontras.
No centro na Escócia, Floris não está sozinha. A pequena foi introduzida a um grupo e vive com outras lontras resgatadas de idade semelhante.
Esta socialização é vital pois em um cativeiro monitorado, ela pode aprender a interagir com sua própria espécie.
Atualmente, eles brincam, estabelecem hierarquias, competem por comida e aprendem comportamentos sociais complexos.
O plano de soltura já está definido pela IOSF e no próximo outono, Floris e seus novos amigos serão soltos juntos de volta à natureza.
A soltura em grupo é uma estratégia comum, aumentando as chances de adaptação e sobrevivência, pois os animais podem apoiar-se mutuamente no novo ambiente.
Lembrando que caso você veja uma lontra ou qualquer outro animal selvagem em apuros, a ação correta é sempre contatar uma organização de resgate licenciada.
As pessoas não devem tentar intervir por conta própria. A intervenção sem treinamento adequado, mesmo com boa intenção, pode causar mais danos ao animal.
O estresse de uma captura incorreta ou a alimentação imprópria podem piorar uma condição já delicada.
A organização Blyth Wildlife Rescue compartilhou a jornada de Floris em uma publicação recente do Facebook.
A organização afirmou ter orgulho de participar de sua jornada de volta à natureza. No entanto, os custos para manter uma lontra em reabilitação são caros, por isso a ONG pede ajuda para manter a qualidade de vida dos animais.










