Mulher serra cano aberto e acaba encontrando animal perigoso dentro
Por Beatriz Menezes em Mundo AnimalUma socorrista de animais enfrentou um de seus resgates mais complexos e tensos recentemente em Adelaide, na Austrália. Ange, uma especialista em conservação animal foi forçada a usar uma esmerilhadeira para serrar um cano de drenagem em uma residência local.
A operação arriscada era a única maneira de acessar um animal que havia se escondido dentro da estrutura. Após o corte cuidadoso, a equipe se deparou com uma cobra-marrom-oriental, uma das espécies com o veneno mais tóxico do mundo.
O incidente começou como muitos outros para a equipe de resgate, um telefonema de um morador local ativou o alerta.
A pessoa relatava a presença de uma cobra em sua propriedade e Ange, acostumada a esses chamados, dirigiu-se rapidamente ao local, equipada para lidar com a fauna peçonhenta da região.
O trabalho da Snake Catchers Adelaide é vital, eles atuam na linha de frente, removendo répteis de áreas residenciais para garantir a segurança tanto dos moradores quanto dos próprios animais.
Quando a protetora chegou, iniciou o procedimento padrão de busca vasculhando o jardim, inspecionando áreas de grama alta e verificou possíveis esconderijos no nível do solo.
A cobra, no entanto, não foi encontrada e a busca parecia não ter resultado. Foi então que a socorrista questionou o proprietário da casa para obter mais detalhes.
O homem confirmou que viu a cobra, mas seu relato mudou o eixo da operação quando ele apontou para cima. A visitante indesejada não estava no chão, mas sim no telhado.
Ange ergueu o olhar e confirmou a informação, um pequeno rosto escamoso observava a equipe de cima da sarjeta.
Era uma cobra-marrom-oriental (Pseudonaja textilis) conhecida por seu temperamento reativo quando encurralado e por seu veneno potente. A especialista sabia que qualquer erro no manejo poderia ter consequências graves.
O morador precisou fornecer a Ange uma escada para que ela subisse até o telhado, levando consigo o gancho de manejo para manter uma distância segura do animal.
O objetivo era fisgar a cobra com um movimento controlado, minimizando o estresse do animal. Mas a cobra provou ser extremamente rápida e em um movimento ágil e defensivo evitou o gancho.
Ela deslizou pela calha e desapareceu dentro de um cano de drenagem vertical, então o que era um resgate em altura tornou-se um problema de ‘confinamento’.
A equipe tentou métodos iniciais para forçar o animal a sair, como água. A esperança era que o fluxo a fizesse descer e sair pela outra ponta, no entanto ela não caiu nessa armadilha.
De acordo com o The Dodo o réptil tinha mais de 1,20 metro de comprimento e conseguiu se enrolar firmemente dentro de uma curva do cano, recusando-se a ceder.
A especialista percebeu que a água não seria suficiente e continuar tentando iria deixá-la mais estressada.
Nesse momento a socorrista tomou uma decisão drástica e pediu autorização do proprietário para cortar cano. Além do prejuízo ao homem, a ação também envolvia um risco significativo de ferir o animal durante o processo. Não havia outra alternativa viável para salvar a cobra.
Os socorristas prepararam o equipamento e uma esmerilhadeira foi ligada. O trabalho foi feito com precisão cirúrgica e a vibração e o ruído aumentavam o perigo, pois poderiam assustar a cobra e fazê-la se mover abruptamente contra a lâmina.
A equipe de Ange trabalhou meticulosamente, cortando a estrutura aos poucos, sempre atenta para não atingir o animal escondido.

Finalmente, a seção do cano foi aberta e lá dentro, estava a cobra-marrom-oriental, alerta e defensiva. Com o acesso finalmente livre, Ange pôde agir e agarrar a cobra com firmeza e rapidez.
A protetora a puxou para fora dos destroços do cano, transferindo imediatamente o réptil para um saco de contenção apropriado.
"A cobra estava em perfeitas condições. Impressionante e muito saudável", contou ao The Dodo.
Segundo informações da Snake Catchers Adelaide a cobra-marrom-comum detém dois títulos:
É a segunda cobra terrestre mais letal do mundo em termos de potência de veneno e, simultaneamente, é a espécie de cobra mais encontrada no sul da Austrália.
Este réptil adaptou-se com sucesso aos ambientes modificados pelo homem. Não é raro encontrá-la em quintais e jardins nos subúrbios da região de Adelaide.
Seu período de maior atividade ocorre entre setembro e maio. Elas se tornam particularmente ativas no início dessa janela, impulsionadas pela fome após o período de hibernação e pela necessidade de encontrar parceiros para o acasalamento.
A reprodução ocorre tipicamente em novembro. A fêmea seleciona um local quente e úmido para depositar seus ovos, mas não permanece para protegê-los ou incubá-los.
O cuidado parental é inexistente. Os filhotes nascem e devem se virar por conta própria, sendo totalmente independentes desde a eclosão. A fêmea pode colocar até 40 ovos de uma só vez, e já foi documentado que algumas chegam a ter duas ninhadas na mesma temporada.
Em termos de aparência, a cobra-marrom é notavelmente variável. Existem mais de vinte variações de cor, que vão do creme ao preto, passando pelo laranja e verde-oliva, embora a maioria apresente algum tom de marrom. Elas possuem um corpo esguio e uma cabeça estreita.
Enquanto alguns indivíduos podem atingir 2 metros de comprimento, o tamanho médio observado em áreas suburbanas é de aproximadamente um metro.
Essas cobras preferem ambientes secos e procuram ativamente locais para se esconder. Elas buscam refúgio sob pedras, concreto, chapas de metal, pilhas de madeira e troncos.
Também aproveitam buracos e tocas feitas por outros animais. Muros de arrimo, áreas de compostagem e celeiros em fazendas são outros esconderijos comuns.
Sua dieta é focada em roedores, sendo ratos e camundongos suas presas favoritas. Elas também comem lagartos, incluindo o lagarto-de-língua-azul (frequentemente visto em quintais), e podem até predar outras cobras.











