Moça apenas tentava ajudar filhote de pássaro, mas não contava que mãe dele não iria aprovar sua atitude

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em Humor

A internauta Sofia e sua amiga estavam aproveitando o dia quando se depararam com uma cena um tanto preocupante. Um pequeno filhote de quero-quero (ou quero-querinho) havia caído da calçada e se encontrava desorientado na rua.

Com um gesto nobre, a amiga de Sofia decidiu se aproximar para ajudar o passarinho indefeso a subir de volta. Ela deu alguns passos cautelosos, se abaixou e tentou pegar o filhote.

Mas, antes que pudesse tocar no pequeno, uma sombra cruzou o céu. Era a mãe. E ela não estava nada feliz com aquela aproximação.

Em segundos, a ave mergulhou em um voo rasante e partiu para o ataque, decidida a proteger o filhote de qualquer “ameaça”.

Sofia, que registrou tudo em vídeo, publicou a cena no TikTok com a legenda:

“Minha humilde amiga apenas querendo ajudar a criança a subir.”

Veja o vídeo:

O vídeo viralizou, somando mais de 38,7 milhões de visualizações e 2,1 milhões de curtidas.

“O quero-quero é o pinscher do mundo das aves”, brincou um internauta.
“Quem que é louco de chegar perto de um filhote de QUERO-QUERO?”, refletiu outro.

Outros imaginaram os pensamentos da mãe:

“Tá achando que meu filho tá largado no mundo?”
“Deixe que ele aprenda só, não se meta na minha criação.”

Um símbolo nacional... e um guardião feroz

O Vanellus chilensis, conhecido popularmente como quero-quero, é uma das aves mais presentes no Brasil. Pode ser encontrado desde áreas rurais até ambientes urbanos, como parques, praças, campos de futebol e até telhados de prédios.

E se há uma característica que o torna inesquecível, é seu comportamento altamente territorial e protetor.

Segundo o estudo “O comportamento interespecífico de defesa do quero-quero (Vanellus chilensis)”, escrito pela pesquisadora Leny Cristina Milléo Costa, o instinto de defesa dessas aves é tão marcante que se manifesta durante todo o ano, mas se intensifica no período reprodutivo, quando estão cuidando de ovos ou filhotes.

Nessa fase, o quero-quero passa do modo “vizinho barulhento” para o modo “guarda-costas”.

Ele não hesita em enfrentar invasores, seja humanos, cães, gatos ou até aves muito maiores, com voos rasantes, gritos estridentes e posturas de ameaça que intimidam qualquer um.

Costa observou que, ao detectar um intruso, o quero-quero adota uma série de comportamentos defensivos complexos, que incluem:

  • Posturas de alerta e advertência, com o corpo esticado e o olhar fixo no invasor;
  • Ameaça frontal, quando a ave se posiciona de frente e emite vocalizações intensas;
  • Voo rasante, usado tanto para intimidar quanto para atacar;
  • Manobras de distração, fingindo fuga para afastar o predador do ninho.

Quanto mais próxima e direta for a aproximação, mais agressiva será a reação.

Nas áreas urbanas, onde essas aves frequentemente fazem ninhos em gramados, canteiros e telhados, é comum vê-las “patrulhando” o território, emitindo o característico grito de “ker-ker” que deu origem ao seu nome popular. Esse som, aliás, é o primeiro aviso para qualquer curioso: mantenha distância.

Uma mãe corajosa

Embora o ataque da mãe quero-quero pareça assustador, ele é, na verdade, um comportamento natural e essencial à sobrevivência da espécie. No ambiente urbano, ovos e filhotes estão sujeitos a inúmeras ameaças, desde predadores, como gatos e cães, até a simples movimentação de pedestres.

O instinto protetor da ave garante que seus pequenos tenham uma chance maior de chegar à idade adulta.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.