'Que dó, gente': Pescador vê algo se mexendo perto de caixa abandonada e encontra 4 rostinhos fofos precisando de ajuda
Por Beatriz Menezes em CãesO que seria uma tarde comum de pescaria se transformou em um resgate inesperado para Leonardo Machado.
Ao chegar à represa e fazer uma rápida pausa para comer uma manga, ele percebeu um movimento estranho entre as folhagens. Intrigado, se aproximou e registrou tudo em um vídeo publicado no TikTok @pescarialeonardomachado.
Sob a sombra de uma árvore, Leonardo encontrou quatro filhotes abandonados dentro de uma caixa de papelão desgastada. Eram dois machos e duas fêmeas, extremamente magros, assustados e sem acesso a água ou comida.
Pela condição debilitada dos cães, ele acredita que os animais estavam há dias no local. Mesmo surpreso e emocionado com a situação, Leonardo relatou que o resgate seria desafiador, já que estava de moto e mora em um apartamento.
Ainda assim, garantiu que não deixaria os filhotes para trás, independentemente das dificuldades logísticas.
Para transportá-los, ele cogitou usar um saco de ráfia encontrado na área e até abandonar seu equipamento de pesca. A pescaria, antes o motivo da ida à represa, perdeu completamente o sentido diante da urgência de salvar as quatro vidas.
A publicação tocou em uma ferida aberta da sociedade e gerou uma onda de comentários, totalizando 1572 interações até o fechamento desta matéria. A empatia foi imediata.
Um seguidor comentou que gosta muito de pescar, mas que também encerraria sua atividade naquele dia diante de tal cenário.
Outro internauta questionou o motivo de tanta maldade, expressando a tristeza que as imagens evocam.
Comentários suplicando para que Leonardo não deixasse os animais lá se multiplicaram.
“Pelo amor de Deus, diz que tu não deixou eles aí, moço", comentou uma internauta.
A indignação com o abandono é um tema central nas discussões geradas pelo vídeo. Abandonar animais é crime no Brasil, previsto pela Lei Sansão (Lei 14.064/2020), que aumentou a pena para quem maltrata cães e gatos.
A pena inclui reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda. Ainda assim, locais como represas e estradas rurais continuam sendo pontos frequentes de descarte de ninhadas indesejadas, perpetuando um ciclo de sofrimento e morte.
Apesar da grande repercussão e dos apelos nos comentários por notícias sobre o estado de saúde e o paradeiro dos cães, não houve novos vídeos ou postagens no perfil @pescarialeonardomachado sobre este caso específico.
A equipe do portal Amo Meu Pet tentou contato direto com Leonardo Machado para apurar os detalhes do desfecho dessa história.
O objetivo era saber se os animais foram resgatados, receberam atendimento veterinário, se estão disponíveis para adoção ou se o pescador conseguiu, de fato, acomodá-los em seu apartamento.
Até o momento do fechamento desta reportagem, não houve retorno por parte do autor do vídeo.
Represas e matas ciliares são frequentemente escolhidas por criminosos para abandonar animais justamente pela falta de testemunhas e câmeras de segurança.
Isso torna o ato de resgate, muitas vezes realizado por pessoas comuns como Leonardo, a única chance de sobrevivência para esses animais.
A atitude de Leonardo Machado levanta uma dúvida comum entre muitos brasileiros que se deparam com situações semelhantes. O desejo de ajudar esbarra no desconhecimento sobre como agir sem colocar em risco a própria integridade ou a do animal. Especialistas da Universidade Guarulhos (UNG) indicam que o resgate exige cautela, paciência e planejamento financeiro e logístico.
Aproximação exige paciência e estratégia
Animais em situação de rua carregam traumas e costumam estar sempre na defensiva, pois o histórico de maus-tratos é infelizmente comum. O contato direto e abrupto pode ser interpretado como ameaça e resultar em ataques. A recomendação é utilizar o alimento como ferramenta de confiança. O resgatador deve oferecer um pouco de ração a uma distância considerável e segura.
Aos poucos, é possível diminuir o espaço entre o humano e o animal conforme ele se alimenta e relaxa. Apenas quando o bicho demonstrar aceitação e calma o contato físico deve ser tentado. O objetivo final nesta etapa é conseguir colocar uma coleira ou guia que facilite o transporte seguro até um local protegido.
Atendimento veterinário é prioridade absoluta
Retirar o animal da rua é apenas o primeiro passo. A avaliação médica é indispensável para verificar o estado geral de saúde, realizar a vermifugação e iniciar o protocolo de vacinas.
Muitos resgatadores hesitam devido aos custos envolvidos, mas existem alternativas acessíveis que democratizam o cuidado animal.
A busca por cuidados veterinários a baixo custo pode começar pelas universidades locais que oferecem o curso de Medicina Veterinária.
As clínicas-escola e hospitais universitários costumam realizar atendimentos e cirurgias com valores reduzidos ou sociais. Vale também consultar a prefeitura sobre a existência de hospitais veterinários públicos ou Centros de Controle de Zoonoses no município.
A recomendação é pesquisar na internet por instituições de ensino na sua cidade e telefonar antecipadamente para verificar a disponibilidade de vagas e os critérios de triagem.
Confira:
O desafio do lar temporário e a quarentena
Ao decidir levar o animal para casa, o benfeitor deve estar ciente de que abrigos e ONGs geralmente operam acima da capacidade máxima. A responsabilidade de abrigar, portanto, recai sobre quem resgatou.
Essa etapa demanda tempo e recursos financeiros, mas é recompensada pela recuperação do animal.
A chegada do novo integrante exige um protocolo de segurança sanitária. É fundamental disponibilizar um cômodo isolado com água e comida, mantendo o resgatado separado de outros animais da residência.
Essa quarentena evita a transmissão de possíveis doenças infectocontagiosas ainda não diagnosticadas pelo veterinário.
O caminho para uma adoção responsável
Após o período de recuperação e observação do comportamento do animal, inicia-se a busca por um lar definitivo. A divulgação deve ser estratégica, com boas fotos e informações detalhadas sobre o temperamento e a saúde do pet.
O boca a boca continua sendo uma ferramenta poderosa, aliada ao alcance das redes sociais.
A seleção do adotante requer rigor. É preciso verificar as condições de moradia e o consenso de todos os moradores da casa sobre a nova adoção. O alerta máximo fica para a triagem de segurança, visando evitar pessoas que buscam animais para fins cruéis, como rinhas ou práticas de maus-tratos.
Uma forma eficiente de garantir o bem-estar do animal é o próprio resgatador levá-lo até o novo lar, certificando-se pessoalmente das condições do ambiente e evitando um novo ciclo de abandono.











