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"Ela não tem serventia, muito braba": Devolvida ao abrigo com palavras duras, cachorrinha se revela a mais doce de todas

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em Proteção Animal

“Atenção: a seguir, cenas de agressividade extrema”. Foi com essa frase que Danielly Savi, presidente da ONG Grupo de Proteção Força Animal, do Paraná, apresentou Cacau nas redes sociais.

No vídeo, publicado apenas 48 horas após o resgate, a suposta “fera” aparece completamente diferente do rótulo que quase lhe custou a vida: dócil, carinhosa, abanando o rabinho e buscando afeto da equipe que lutava para salvá-la.

Não havia dúvidas de que a chamada continha muita ironia. Porque, mesmo no local do resgate, em meio ao trauma, à dor e ao medo, Cacau ainda demonstrava gratidão.

E nada, absolutamente nada, justificava o que ela havia passado.

A pior noite da vida de Cacau

A história de Cacau começa em um cenário que infelizmente ainda é comum. Ela vivia presa a uma corrente curta, exposta ao frio, à fome, ao medo e à negligência.

Quando uma chuva forte começou, ela entrou em pânico. Tentando escapar da água e do medo, Cacau tentou pular para fora do local onde ficava presa.

No desespero para voltar, acabou ficando enganchada em uma chapa de aço do portão. As consequências foram devastadoras.

Ela se cortou profundamente em vários pontos da pata e perdeu muito sangue.

A situação era tão grave que o Corpo de Bombeiros precisou ser acionado. Para conseguir tirá-la dali com vida, foi necessário cortar o portão. Cacau foi retirada viva, mas completamente apavorada.

“Chegou na clínica praticamente sem cor, em choque, exausta”, relatou Danielly.

A cachorrinha apresentava anemia grave, estava sem forças e precisava de exames, raio-x, curativos, medicações e cuidados intensivos.

Tudo isso depois de viver o que a protetora descreveu como “o pior momento da vida dela”.

“Ela era brava”: a justificativa que não se sustenta

Diante de um quadro tão desesperador, a reação do tutor chocou ainda mais.

Segundo Danielly, ele simplesmente disse que Cacau “era brava” e que ela podia levar embora, como se estivesse se desfazendo de um objeto sem valor.

“Falando que ela não tinha serventia”, escreveu a protetora, revoltada.

A acusação de agressividade, tão comum em casos de abandono e maus-tratos, caiu por terra rapidamente.

Em apenas 48 horas após o resgate, Cacau já demonstrava exatamente o oposto do que diziam sobre ela.

No vídeo, ela aceita carinho, abana o rabo timidamente e expressa gratidão.

“É óbvio que a situação que foi resgatada foi horrível, mas quer saber? Melhor assim!”, escreveu Danielly. “Nunca mais será negligenciada enquanto o Força existir.”

A frase, no entanto, vem acompanhada de um desabafo preocupante: a ONG está prestes a fechar as portas por falta de recursos.

“Você não é um objeto”

No dia seguinte ao resgate, Danielly voltou às redes para atualizar o estado de saúde de Cacau. A cachorrinha seguia estável, apesar da anemia e da fragilidade.

“É revoltante saber que os nossos animais são tratados como objetos. Isso machuca o nosso coração. Você não é um objeto. A gente vai cuidar de você”, disse ela à cachorrinha.

Apesar de não precisar de transfusão de sangue, o tratamento ainda exige suplementação alimentar, medicações contínuas e acompanhamento veterinário. E nada disso é possível sem apoio.

“Ela só está viva porque a gente não desistiu”, reforçou Danielly. “Mas sozinha eu não consigo.”

Quem é o Grupo Força Animal e como ajudar

O Grupo de Proteção Força Animal atua em Curitiba/PR e Região Metropolitana desde março de 2014. Totalmente independente, a ONG é mantida exclusivamente por doações e não desiste dos casos mais críticos.

Ao longo de mais de uma década, o grupo já salvou a vida de mais de 3.000 animais, entre cães, gatos, cavalos, vacas, tartarugas, corujas, gambás, gaviões e muitos outros.

Atualmente, mais de 300 animais seguem sob responsabilidade direta da ONG, recebendo cuidados diários.

Os resgatados passam por tratamento em clínicas parceiras, realizam exames laboratoriais, recebem alimentação adequada, medicações, transporte e abrigo em lares temporários ou no rancho Força Animal.

Depois de reabilitados, são encaminhados para adoção responsável.

Quem quiser ajudar pode contribuir de várias formas:

  • Doando dinheiro para custear tratamentos e resgates
  • Doando ração, medicamentos e produtos veterinários
  • Oferecendo lar temporário
  • Tornando-se voluntário
  • Participando das rifas organizadas no Instagram da ONG, que ajudam a manter os atendimentos em andamento

Cada gesto faz diferença, especialmente em momentos críticos, como o que o grupo enfrenta agora.

Agressividade ou medo?

O caso de Cacau não é isolado. Muitos animais rotulados como ‘agressivos’ apenas estão reagindo ao medo, à dor e ao abandono.

Há cerca de um ano, uma cadela pastor alemão chamada Faith foi considerada perigosa após ser abandonada em uma estrada rural nos Estados Unidos.

Sozinha, assustada e tentando se proteger, ela rosnava e mostrava os dentes para quem se aproximava.

A situação chegou a um ponto tão tenso que agentes do departamento do xerife temiam ter que atirar nela. Antes disso, decidiram chamar uma protetora local, Audray.

Bastaram cinco minutos e um sanduíche de carne para a “fera” se transformar. Faith revelou ser apenas uma cachorra assustada, carente e extremamente amorosa.

Hoje, ela vive em um lar definitivo, com irmãos humanos e um irmão canino, cercada de carinho.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.