Conheça Ralf, o cão que não aceita ter só um lar e decidiu ser pet comunitário

Para o Amo Meu Pet, Arêtha contou como conheceu o doguinho e como funciona a rotina dele entre 3 residências

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em Cães

Um vira-lata caramelo mestiço chamado Ralf, que vive em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, decidiu ter uma vida tripla. O bonitão não aceita a vida monótona de morar em apenas um lar, ele prefere mesmo uma rotina mais agitada. Se Ralf tivesse um Instagram, sua frase na bio seria: "Quem nasceu para ser águia, não gosta de gaiola". Beijinho no ombro.

Querendo saber mais sobre a vida desse ícone, nós, do Amo Meu Pet, conversamos com Arêtha Gois, uma servidora pública selecionada por Ralf para ser uma de suas humanas favoritas.

Conforme Arêtha, para entender o relacionamento de sua família com Ralf, é preciso contar como tudo começou.

O doguinho pertencia a um rapaz que trabalhava para uma loja no bairro. Depois de um tempo, o jovem precisou trabalhar em outro local e não foi mais visto. E, certa vez, Arêtha encontrou Ralf sozinho e urinando sangue.

Problemas de saúde

Arêtha ressalta que o tutor de Ralf era muito humilde e não tinha condições financeiras para dar assistência necessária ao doguinho. Foi então que ela resolveu levar o cão para atendimento veterinário. "Diagnóstico: tumor na base do pênis. O tratamento seria quatro aplicações de quimioterapia e ele me fez um preço bem acessível”, descreve.

"Graças a Deus ele se recuperou muito bem e a vida seguiu. A partir daí, eu acho que o Ralf entendeu que aqui em casa era uma espécie de porto seguro pra ele”.

Meses passaram, Ralf continuava andando pelo bairro, às vezes, aparecia na casa de Arêtha para se alimentar e dormir.

“Nessa época quando ele aparecia eu dava um vermífugo e um antiparasita. Mas nunca fiz um controle porque não era certo ele aparecer. Até que numa sexta-feira ele apareceu e eu notei ele muito cabisbaixo. Ele sempre me recebe abrindo um sorrisinho bangela e balançando o cotoco do rabinho. Nesse dia ele não fez nada disso, nem comeu ou bebeu nada. Levei pro veterinário e mais um diagnóstico: doença do carrapato”.Dessa vez, Ralf ficou muito debilitado e o tratamento foi ainda mais intenso. E novamente, depois de muito zelo, o doguinho se recuperou.

A descoberta da vida secreta de Ralf

Quando Ralf melhorou, Arêtha decidiu comprar uma coleira para andar com ele na rua e acalmar sua ansiedade.

Nesse dia, diversas pessoas do bairro pararam a mulher para cumprimentar o vira-lata, dizer que estavam com saudades e que achavam que ele tinha morrido porque nunca mais viram ele andando na rua.

“No fim do tratamento, o Ralf fugiu com a coleira no peito. Sumiu durante o dia e, quando apareceu à noite, voltou sem a coleira. Esbravejei no bairro que roubaram até a coleira do cachorro de rua, que isso era um absurdo. No dia seguinte, a vizinha veio contar que o dono tirou a coleira dele porque ‘achou um absurdo colocarem coleira no cachorro dele’”, desabafa.

O problema é que a pessoa que se dizia tutor de Ralf, não era o mesmo que Arêtha conhecia. Foi quando ela descobriu que o doguinho tinha dois tutores.

“A partir de todo esse rolê, o Ralf passou a vir dormir aqui à noite quase diariamente e aprendeu a latir no portão até alguém abrir pra ele entrar. Como a frequência dele em casa aumentou, visando preservar a saúde dele e da minha cachorrinha Luna, passei a levá-lo pras vacinas e a dar comprimido para pulga e carrapato. Mas infelizmente não tenho como mantê-lo preso com a gente”, explica.

Arêtha diz que descobriu que no final da rua na casa que ela mora, um homem anda com uma salsicha no bolso para dar pro Ralf toda vez que ele passa pela casa dele.

“Já ouvimos que ele também dorme nessa casa às vezes. Enfim, em resumo, o Ralf é um cachorro comunitário. Nós temos oferecido a ele o melhor que podemos dentro da nossa realidade. Torço pra que ele um dia sossegue em uma das três casas que ele frequenta, mas atualmente não temos condições de mantê-lo preso em casa. Acredito que ele certamente iria adoecer”.

Relação com outros pets de Arêtha

Na casa, Arêtha também cuida de Melissa - cachorrinha de sua irmã - e ela conta que as duas doguinhas se dão muito bem com o visitante noturno. “Ele é bem autônomo mesmo: ele chega, late no portão, eu abro, ele sobe as escadas, vai direto pro pote de ração/água e deita no sofá pra receber carinho e dormir. Às 6h30 ele já está de prontidão no portão, ansioso para ir embora”.

A servidora pública ressalta que tenta dar uma qualidade de vida melhor para vira-lata caramelo mestiço, apesar de ele viver livre. “Em troca, sentimos claramente o amor e a gratidão que ele sente sempre que nos recebe ao chegar do trabalho ou fazendo a segurança do bairro quando passeamos com a Luna e a Mel. Assim tem sido nossa vida de anfitriãs do Ralf”, finalizou.

Veja o vídeo de Ralf fazendo festa quando Arêtha chega:

Assista também um vídeo em que ela conta mais sobre as visitas de Ralf:

Veja também este vídeo:

8 vezes que o vira-lata caramelo foi longe demais

Redatora.