Turistas adiam viagem após encontro com cachorrinha abandonada que muda seus planos e suas vidas
Por Ana Carolina Câmara em Cães
Há três anos, Golan Shoshan e sua namorada, naturais de Israel, estavam vivendo uma experiência inesquecível em Bali, na Indonésia.
Mas, a poucas semanas de retornarem ao país de origem, em dezembro, os planos mudaram completamente por causa de um acontecimento inesperado com uma cachorrinha.
Sim, por causa de uma vira-latinha e pelo amor aos animais, o casal decidiu adiar a volta para Israel e permanecer em Bali por mais tempo, determinado a garantir um destino digno e seguro para a cadelinha que cruzou seus caminhos.
O resgate
O encontro entre o casal e a cachorrinha aconteceu três semanas antes do dia da partida, quando uma forte tempestade atingiu Bali, fazendo com que a cadelinha buscasse abrigo em frente à porta da casa onde estavam hospedados.
A vira-latinha de pelagem preta, que mais tarde recebeu o nome de Luna, tremia de frio e aparentava estar exausta.
Durante o tempo em que estiveram na Indonésia, o casal já havia se deparado com muitos animais de rua e ajudado vários deles.
Mas havia algo em Luna que os tocou de forma diferente. Seu olhar, mesmo cansado, transmitia uma mistura de medo e esperança, como se ela estivesse pedindo por uma chance de recomeçar.
"Luna nos encontrou. Não fomos procurá-la", disse Golan ao The Dodo. "Nós dois tínhamos a intuição de que ela ficaria conosco para sempre."
O casal acolheu a vira-latinha, lhe deu comida, água e abrigo. Em seguida, começaram a procurar por possíveis tutores, tentando descobrir se ela pertencia a algum morador local.
Nas andanças em busca da família da cachorrinha, descobriram a pior notícia: dias antes, Luna havia sido abandonada.
A descoberta deixou o casal indignado. Luna era um amor de cachorrinha, como alguém poderia abandoná-la?
Sem entender os motivos, mas certos de que não poderiam deixá-la para trás, o casal, que nunca teve pets e nem cogitava ter um tão cedo, se viu emocionalmente envolvido.
No mesmo dia, o casal levou a cachorrinha para uma consulta veterinária, onde ela passou por um check-up completo e recebeu um banho quentinho, marcando o início de uma nova fase cheia de cuidado e amor.
Luna estava apta para viajar, mas ao pesquisarem sobre os trâmites para levar um pet ao exterior, descobriram que o processo exigiria, no mínimo, mais um mês em Bali para reunir toda a documentação e cumprir os prazos exigidos.
“Foi difícil trazê-la da Indonésia para nossa casa em Tel Aviv, Israel, especialmente porque os dois países não têm relações diplomáticas”, explicou Golan. “E os animais não podem sair de Bali por causa da raiva.”
Diante das dificuldades, o casal elaborou um plano...
Encontraram alguém de confiança para levar Luna de Bali a Jacarta, uma jornada de cerca de 24 horas. De lá, ela embarcaria em um voo com destino a Bangkok, na Tailândia, onde se reencontraria com seus tutores.
Apesar do medo e do estresse durante a viagem de carro e avião, todo o esforço valeu a pena quando Luna finalmente chegou em segurança e pôde se reunir com sua nova família.
“No dia seguinte, ela voltou a si”, disse Golan.
Na Tailândia, o casal deu início à organização da documentação necessária para que Luna pudesse seguir viagem rumo ao destino final: Israel.
O processo levou algumas semanas, entre exames, autorizações e trâmites burocráticos, até que Luna finalmente obtivesse a documentação necessária para embarcar.
"Ela foi uma menina tão boazinha durante o voo de 12 horas", disse Golan. "Brincamos com ela o dia todo para garantir que dormisse bem."
Recomeço
Finalmente, Luna e seus tutores chegaram em Israel e, assim que conheceu sua nova casa, a cachorrinha mostrou gratidão e alegria.
Corria pelos cômodos, abanava o rabo sem parar e parecia entender que, depois de tanta espera, finalmente estava em seu verdadeiro lar.
“Quando ela chegou em casa, estava mais feliz do que nunca!”, disse Golan. “Nós lhe demos muito amor, e ela se sentiu à vontade.”
Luna está mais do que feliz em sua nova casa, e os meses que se passaram tornaram essa história ainda mais especial.
Apesar de ainda sentir medo de pessoas, reflexo do abandono que sofreu, ela vem superando aos poucos com a ajuda, o carinho e a paciência de seus tutores.
Cada pequeno avanço é uma conquista, e hoje ela já demonstra mais confiança e afeto, como quem sabe que, enfim, está segura.
“Ela aprende rápido”, disse Golan. “Ela adora outros cães... e adora brincar com seus donos.”
O casal jamais imaginou que deixaria Bali com uma lembrança tão marcante - e muito menos que teriam um pet naquele momento da vida. Mas Luna mudou tudo. Ela os fez enxergar o valor de um gesto de compaixão e o impacto de dar uma segunda chance a quem mais precisa.
“As pessoas deveriam salvar os animais de rua, que vivem sem comida, sem lar e com medo de tudo e qualquer coisa”, disse Golan. “Há tantos cães adoráveis e amorosos esperando por uma adoção. Eles só precisam de alguém que os veja.”
Que a história de Luna inspire mais pessoas a abrir o coração para a adoção.
Viajando com pet para o exterior
Viajar com seu pet para outro país exige planejamento, cuidados sanitários e documentos específicos.
No caso de saída do Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) exige o Certificado Veterinário Internacional (CVI) ou Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos, emitido por uma unidade do VIGIAGRO, que ateste a boa saúde e conformidade às exigências do país de destino.
Neste guia, você encontrará os principais passos para organizar essa viagem com segurança:
1. Consulte o veterinário e inicie os trâmites com antecedência: procure um veterinário credenciado assim que decidir viajar. Ele realizará exames, microchip, vacina antirrábica e emitirá o certificado sanitário necessário. O procedimento pode levar até duas semanas antes da viagem.
2. Exija microchip e certificado de saúde oficial: a maioria dos países exige um microchip compatível, certificado de vacina antirrábica e atestado veterinário de boa saúde emitido até 10 dias antes da viagem.
3. Realize o teste de títulos de anticorpos antirrábicos: alguns destinos exigem o título de antirrábico, feito através de exame de sangue para comprovar imunidade. Essa etapa é obrigatória para países com controle rígido de raiva.
4. Confira regras específicas do país de destino: cada nação tem exigências próprias: alguns exigem quarentena (como Austrália, Nova Zelândia), outros não. Sempre verifique os regulamentos vigentes.
5. Informe-se sobre as regras da companhia aérea: algumas permitem pets na cabine, desde que em carrier aprovado e abaixo de peso máximo (geralmente até 8kg). Outras exigem o transporte em carga com caixa rígida conforme padrão da IATA (International Air Transport Association).
6. Acostume seu pet à caixa de transporte antes da viagem: treinar o animal a entrar e permanecer no carrier semanas antes da viagem reduz o estresse durante o trajeto.
7. Planeje alimentação e bem-estar no itinerário: deixe o animal com jejum leve e água suficiente antes do voo. Seja na cabine ou no compartimento de carga, movimente-o antes do embarque e utilize itens reconfortantes como cobertores ou brinquedos familiares.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.