No seu último dia de vida, cão ganha placa convidando estranhos a passar um momento doce com ele

Por
em Cães

Em um parque de Toronto, no Canadá, um pequeno shih-tzu chamado Manolo viveu o último dia de sua vida cercado por amor, de todos os lados.

Sua tutora, Chelly, decidiu transformar a despedida em uma celebração com aquilo que ele mais gostava: a companhia das pessoas.

“Nunca planejei como passaria o último dia que tive com meu cachorro de infância, mas quando ele ficou muito doente, eu sempre soube que a única coisa que sentiria falta era de compartilhar a alegria que ele me deu com os outros”, escreveu ela nas redes sociais.

No banco da praça, ela colocou uma placa com os dizeres: “É o último dia do nosso cachorro. Dê-nos alguns conselhos e um petisco para ele (trouxemos muitos)”.

O gesto simples atraiu dezenas de estranhos que se aproximaram para acariciar Manolo, tirar fotos, oferecer petiscos e deixar palavras de carinho.

O vídeo do momento, compartilhado por Chelly em seu perfil no Instagram, rapidamente viralizou. Nas imagens, o shih-tzu idoso aparece sereno, recebendo afagos de quem passava.

“Não sabia o que esperar de colocar uma placa sobre o último dia do meu cachorro em um banco de parque, mas sou muito grata por termos feito isso”, escreveu Chelly. “Esta foi uma maneira perfeita de celebrar a vida de um cachorro que realmente amava passar tempo com as pessoas e seus cães.”

Uma despedida pensada com o coração

Manolo tinha 15 anos e uma longa história de resiliência. Adotado pela família em Manila, nas Filipinas, ele viajou com eles até o Canadá em 2022, já parcialmente cego de um olho.

Ao longo dos anos, enfrentou artrite, demência canina, mielopatia degenerativa e, nos últimos meses, ficou completamente cego e começou a perder a audição.

Chelly contou que a decisão de deixá-lo partir não foi repentina.

Durante quatro meses, ela e o parceiro procuraram todo tipo de ajuda: veterinários tradicionais e holísticos, fisioterapeutas, acupunturistas, comunicadores animais e especialistas em comportamento.

“Tentamos tudo”, desabafou. “Mas ele acabou ficando exausto.”

Segundo a tutora, os gritos e choramingos de Manolo se tornaram constantes. Ele já não conseguia andar, nem se engajar nas coisas que o faziam feliz.

“Fizemos uma avaliação de qualidade de vida que revelou que Manolo tinha uma qualidade muito ruim. A única coisa que ainda lhe dava alegria era comer”, explicou.

A decisão de se despedir, embora devastadora, foi tomada com amor.

“Um grupo de veterinários nos disse: ‘Nomeie quatro coisas que ele adora fazer. Se ele não consegue mais fazer nem três, é hora de considerar se ele está vivendo para si mesmo ou para vocês.’”

O comentário de uma seguidora resumiu o sentimento de muitos:

“Deixar ir não significa que você ama menos. Manolo entende e sabe que você lutou contra as batalhas dele e o amava tanto a ponto de deixá-lo ir.”

O legado de Manolo

Para Chelly, dividir a despedida com desconhecidos foi também uma forma de transformar a dor em empatia.

Ela diz que a experiência a inspirou a falar abertamente sobre temas como demência canina, mielopatia degenerativa e cuidados com pets idosos, assuntos ainda pouco discutidos, mas que fazem parte da vida de muitos tutores.

“Amamos e cuidamos do Manolo com tudo o que tivemos e temos — mental, emocional, físico e financeiro”, escreveu. “Gostaríamos de dar continuidade ao seu legado, conscientizando sobre saúde mental canina, bem-estar familiar de animais de estimação e cuidados com cães idosos.”

Nos comentários, milhares de pessoas se disseram tocadas pela sensibilidade do gesto. Uma delas resumiu:

“Manolo não apenas recebeu amor até o fim, como também espalhou amor no seu último dia. Isso é o que todos os cães merecem.”

E foi exatamente isso que Chelly quis: mostrar que o fim pode, sim, ser doce.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.