Cachorrinha é deixada para trás em mudança, mas o destino coloca um anjo em seu caminho

Há três anos, a protetora de animais Lujan Quintal Souza, de Macaé, no Rio de Janeiro, vivenciou um momento marcante.

Avistou uma cachorrinha cruzando entre os carros: um pequeno vulto que chamava atenção pela aparência frágil e o olhar perdido.

Ao se aproximar, percebeu que a vira-latinha estava muito magra, suja e infestada de carrapatos e pulgas, evidenciando o sofrimento que havia enfrentado nas ruas.

Movida pela compaixão, Lujan sentiu que aquele encontro não era acaso, mas um chamado. Com o coração tocado e a certeza de que precisava agir, decidiu resgatar a cachorrinha, mudando para sempre o destino de sua vida.

Hoje, Maria Alice tem uma casa para chamar de sua e uma família que a ama, graças à ação de Lujan, que não mede esforços quando o assunto é salvar e transformar a vida desses serzinhos indefesos.

O resgate de Maria Alice

Lujan contou em entrevista ao Amo Meu Pet que estava parada na calçada, esperando os carros passarem para atravessar, quando avistou uma cachorrinha e, comovida, murmurou “coitadinha”.

Achando que havia falado baixo, foi surpreendida por uma menina de nove anos ao seu lado, que ouviu e respondeu, revelando a triste história da vira-latinha chamada Nega.

A criança contou que os antigos donos haviam se mudado e, para impedir que a cadelinha os seguisse, pediram a um vizinho que a segurasse.

Assim que o caminhão partiu, Nega ficou deitada diante do portão, esperando fielmente que voltassem para buscá-la, mas eles nunca mais retornaram.

A menina também contou que uma senhora chamada dona Cida era quem cuidava da cachorrinha, oferecendo comida e permitindo que ela entrasse em seu quintal.

No entanto, como Cida tinha um cachorro bravo preso no local, a vira-latinha sentia medo de se aproximar demais, preferindo ficar do lado de fora, sempre observando à distância.

Ouvindo o relato, Lujan ficou com o coração apertado e pensou: “Chorar não adianta nada!”. Enquanto isso, a menina continuava a contar a história.

“Acho que a Nega vai ter filhotinhos! Eu vi uns cachorros andando atrás dela”, relembrou Lujan, recordando as palavras da menina.

Após ouvir a história, Lujan decidiu que precisava agir. Com o coração apertado e a mente tomada pela imagem da cachorrinha abandonada, pediu à menina que a levasse até a casa de dona Cida, determinada a encontrar Nega e oferecer a ela a chance de ter uma vida digna e cheia de amor.

Durante o trajeto, Lujan não conseguiu conter as lágrimas, e a menina, ao perceber sua emoção, apenas murmurou um singelo “ó, tia”, tentando confortá-la.

Ao chegarem à casa de dona Cida, Lujan conversou com a senhora e se ofereceu para ser madrinha de Nega, prometendo cuidar dela com todo carinho.

Sem dar tempo para hesitações, Lujan perguntou com determinação: "A senhora tem uma cordinha para eu amarrar no pescoço dela e levá-la até o carro?", pois não queria correr o risco de ouvir um "não" antes de colocar em prática o gesto que mudaria para sempre a vida da cachorrinha.

"Mas dona Cida me olhou de cima a baixo e perguntou: 'Vai levar a Nega para onde e para fazer o quê?', relembrou. "Eu respondi: 'Para tomar banho, tomar vermífugo. Amanhã levarei a Nega para castrar'".

A dona Cida não tinha corda, então Lujan, que sempre carrega no carro os materiais necessários para resgatar um bichinho quando precisa, correu até o veículo para pegar uma. Durante o caminho, pensava: “E se, ao voltar, dona Cida decidir não me deixar levar minha nova afilhada?”

Quando retornou à casa de dona Cida, Lujan percebeu que seus pensamentos estavam certos: a mulher não demonstrava muito interesse em entregar a Nega.

Foi então que, com o coração apertado, olhou nos olhos da cachorrinha e disse com firmeza e ternura: “São Francisco de Assis mandou que eu te levasse, e eu não posso desobedecer ao meu amigo.”

Em seguida, levantou a voz e chamou: “Vem, Nega, depois eu te trago de volta.” Para sua surpresa, a cachorrinha obedeceu de imediato, caminhando em sua direção como se entendesse cada palavra. Tomada pela emoção, Lujan deixou as lágrimas rolarem, sentindo que aquele era um reencontro de almas.

Com Nega sob sua proteção, Lujan pediu permissão à mulher para castrá-la e encontrar uma família que pudesse lhe dar amor e segurança. A resposta foi curta, mas libertadora: “Leva, dona, pode levar. Não é minha, não! Mal tenho pros meus.”

E assim, a cachorrinha abandonada e esquecida ganhou um novo nome e um novo destino. Nega passou a se chamar Maria Alice, iniciando uma vida repleta de cuidado, carinho e a promessa de nunca mais ser deixada para trás.

Um novo começo para Maria Alice

Como prometido, Lujan levou Maria Alice para ser castrada, cumprindo a primeira etapa de sua nova vida. A castração, além de evitar futuras crias indesejadas, é uma forma de garantir mais saúde, segurança e qualidade de vida para os animais resgatados.

Após o procedimento, Lujan cuidou de cada detalhe da recuperação, oferecendo carinho, alimento e abrigo. Em pouco tempo, Maria Alice começou a se transformar: o olhar antes triste deu lugar a uma expressão serena e confiante, como se finalmente entendesse que estava segura e amada.

Como já cuidava de treze animais, Lujan sabia que não teria condições de adotar Maria Alice, por mais que desejasse. Mesmo assim, não desistiu de garantir um futuro digno à cachorrinha.

Então, lembrou-se de Alexandre, seu ex-aluno da disciplina de História, e entrou em contato pedindo um lar temporário para a vira-latinha. Sem hesitar, ele aceitou o pedido.

Maria Alice ficou sob seus cuidados por dois meses, tempo suficiente para conquistar a todos com seu jeito doce e carinhoso. Quando Lujan entrou em contato pedindo uma foto para divulgar sua adoção, ouviu uma resposta inesperada: “Será que eu terei coragem de doá-la, dona Lujan?”

Hoje, Lujan brinca dizendo que ainda estão “esperando a coragem chegar”, pois já se passaram três anos e Maria Alice segue vivendo feliz ao lado de sua família definitiva — cercada de amor, cuidado e respeito, tudo o que ela sempre mereceu.

"E estamos esperando até hoje, kkkkkkk faz uns três anos, que a coragem chegue… Maria Alice vive feliz: tem uma família responsável, tem carinho , respeito e muito… muito amor", finalizou.

Maria Alice não poderia ter tido um final melhor, não é?