Gato Bob, felino que inspirou livro e filme, falece: 'Ele mudou minha vida', diz dono

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Há treze anos, o escritor londrino James Bowen, à época com 28 anos, estava prestes a decretar falência. Viciado em drogas, vendeu quase tudo o que tinha para alimentar seu vício. Praticamente sem renda, perdeu a casa e passou a viver em situação de rua.

Completamente perdido e à deriva, James encontrou um filhote de gato que, assim como ele, era sem-teto. Ele resolveu adotá-lo e começou a andar com o felino sobre o ombro enquanto vendia revistas no metrô de Londres, sua única fonte de renda.

O gato, batizado de Bob, cresceu e se tornou muito querido na comunidade, sempre no ombro de seu dono vestido com um cachecol no pescoço. A amizade entre os dois se fortaleceu bastante com o passar dos anos, tornando-se algo muito especial.

"Ele deu-me muito mais do que companhia. Com ele ao meu lado, encontrei uma direção, um propósito, coisas que eu não tinha", escreveu James na sua página oficial do Facebook.

O relacionamento fraterno e de pura superação de dono e gato motivou uma editora de livros inglesa a querer lançar um livro contando a história deles. James aceitou e sua vida a partir daí nunca mais foi a mesma.

Em 2014, foi lançado o livro "O Que Aprendi com Bob. Lições de vida de um gato de rua", que se tornou um grande sucesso, vendendo dezenas de milhares de cópias em questão de semanas.

O livro se internacionalizou e transformou a história de Bob e James um best-seller, também transformado em filme. Das ruas, a dupla passou a viver em hotéis de luxo enquanto viajavam o mundo promovendo sua obra.

Mais tarde a emocionante história também inspirou um filme de muito sucesso.

De sem-teto, James virou milionário.

Infelizmente, no dia 16 de junho (terça), Bob faleceu, já idoso, aos 14 anos, vítima de um atropelamento.

"A nossa relação milagrosa salvou a minha vida. Durante estes anos, ele conheceu milhares de pessoas, mas a nossa história tocou milhões de outras pessoas. Nunca houve um gato como o Bob. E nunca haverá. Sinto que a luz se apagou na minha vida. Nunca o irei esquecer", disse James, em tom de despedida. Foram treze anos juntos.

"Primeiro, o Bob mudou a vida do James. Depois, mudou o mundo. Ele representou muito para a revista 'Cais' e é uma parte muito importante da nossa história", lamentou o editor inglês da "Cais", Paul McNamee. "Ele representa uma segunda oportunidade e a esperança na vida de toda a gente. Representa o nunca desistirmos de ninguém".

No último dia 20 deste mês, a página oficial de Bob no Facebook, que até então não tinha divulgado a causa da morte do felino, se manifestou sobre o que havia ocorrido:

"Uma mensagem pessoal de James Bowen:

'Eu não me sentia pronto para falar sobre as circunstâncias da morte de Bob no início desta semana. Foi muito perturbador, não apenas para mim, mas também para seus milhões de fãs ao redor do mundo. Mas lamento ter que confirmar que Bob morreu devido a ferimentos sofridos quando foi atingido por um carro perto de nossa casa na segunda-feira à tarde. Ele desapareceu dois dias antes e, apesar dos apelos e buscas localmente, foi descoberto a menos de 800 metros de casa e levado a um veterinário local que me contatou. Não posso descrever a dor que sinto. Estou totalmente abalado. Bob tinha doença renal em estágio dois, mas estávamos administrando bem sua condição e acho que ele teria vivido por mais um ano ou dois. Estou tão triste que ele não foi capaz de aproveitar sua aposentadoria por completo. Sinto muita falta dele. Obrigado por todas as suas incríveis palavras de apoio [...]. Elas significaram o mundo para mim enquanto eu lutava para passar por esse período inacreditavelmente difícil. Com todo meu amor. James."

Grande parte dos lucros arrecadados na venda dos livros de Bob e James foram doados para caridade, especialmente para organizações que promovem o bem-estar animal. Descanse em paz, Bob!

Gabriel Pietro têm 20 anos, é redator e freelancer. Fundou o Projeto Acervo Ciência em 2016, com o objetivo de levar astronomia, filosofia e ciência em geral ao público. Em dois anos, o projeto alcançou milhões de internautas e acumulou 400 mil seguidores no Facebook. Como redator, escreveu para vários sites, como o Sociologia Líquida e o Segredos do Mundo. Ainda não sabe se é de humanas ou exatas, Marvel ou DC, liberal ou social-democrata. Ama cinema, política, ciência, economia e música (indie). Ainda tentando descobrir seu lugar no mundo.