Cachorro que foi fiel à sua família durante 12 anos termina abandonado em abrigo de animais
Por Ana Caroline Haubert em Proteção Animal
A história triste e comovente de um cão idoso que havia perdido a maior parte da visão e da audição – fiel à sua tutora por 12 anos – ganhou força nas redes sociais em maio.
O cachorro, identificado como Zebadee, foi deixado em um abrigo pela Many Tears Rescue (@manytearsrescue, no Instagram) depois que a dona, de 92 anos, precisou desistir dele por não ter mais condições de cuidar de sua saúde.
O caso mobilizou uma onda de solidariedade online: em poucos dias, Zebadee encontrou uma nova família amorosa, segundo o portal Newsweek.

O alerta emocionante
Em uma publicação comovente em seu perfil oficial, a equipe da Many Tears Rescue escreveu: “Esta é a realidade do nosso pobre menino Zebadee. Ele não fez nada de errado, nem sua amada dona — ela tinha apenas 92 anos e não podia mais lhe dar os cuidados de que ele precisava.”
Pouco depois, destacaram o drama vivido pelo cão: “Nenhum cachorro merece viver em um abrigo, mas para um que tem 12 anos e só conheceu um lar e amor, esse realmente é o pior lugar possível.”
A publicação ressaltava a urgência: “Ele não pede muito, então, por favor, não o deixem esperando aqui por muito tempo.”
A mobilização e adoção
O efeito do post foi imediato. Segundo a Many Tears Rescue, Zebadee recebeu “mais de 30 inscrições somente do correio” em resposta ao pedido de adoção.
No dia seguinte ao apelo, o cão já estava reservado para um novo lar: segundo um porta-voz do abrigo, “ele foi reservado logo no dia seguinte à postagem, então sim, funcionou instantaneamente!”.
A equipe explicou que, mesmo sem atualizações formais dos novos tutores, “nenhuma notícia é boa notícia” — ou seja, presume-se que o cão está bem e vivendo em paz.
Um olhar à realidade dos abrigos nos EUA
Embora Zebadee tenha tido um final feliz, milhões de animais não têm a mesma sorte. De acordo com o Shelter Animals Count, em 2024 cerca de 5,8 milhões de cães e gatos foram admitidos em abrigos e organizações de resgate nos EUA, e mais de 2 milhões eram cães.
Dessas entradas, aproximadamente 4,1 milhões — entre cães e gatos — foram adotados durante o mesmo ano.
Dados similares da ASPCA, via o site The Zebra, mostram que cerca de 6,5 milhões de animais chegam a abrigos anualmente, mas apenas 3,2 milhões são adotados.
Ou seja, enquanto Zebadee foi um caso de mobilização rápida e adoção garantida, muitos outros cães idosos e vulneráveis permanecem por longos períodos em abrigos — ou, infelizmente, têm destinos tristes, como a eutanásia.
Por que Zebadee tocou tantas pessoas?

A resposta está na empatia pela vulnerabilidade. Estudos em comunicação mostram que histórias com forte apelo emocional — especialmente quando envolvem seres dependentes, como idosos, crianças e animais — têm grande poder de mobilização nas redes.
Além disso, segundo dados da ASPCA divulgados pelo Dogster, muitos tutores escolhem adotar por razões afetivas: parte da comunidade vê os animais de abrigo como membros da família.
Essa mudança de percepção ajuda a explicar o sucesso de apelos como o de Zebadee — as pessoas não estão apenas adotando um cachorro, mas preenchendo um vazio emocional.
A história de Zebadee ilustra como a empatia coletiva e as redes sociais podem salvar vidas. Um cão fiel por 12 anos, abandonado por circunstância, encontrou um novo lar em poucos dias graças a uma narrativa bem contada, legítima e emocionante.
Mas a realidade permanece dura: milhares de animais vulneráveis esperam por uma segunda chance. Que essa história inspire mais cuidados, adoções responsáveis e políticas públicas que apoiem abrigos e cuidadores.
Redatora.