Família que sofria luto por cachorro adota um 'sósia' dele e meses depois descobre notícia impressionante

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em Aqueça o coração

Rufus não era "só" um cachorro.

Desde aquele dia em que Julian Reiff saiu pela porta da SPCA de São Francisco (EUA), com um pequeno mestiço de Chihuahua com Rat Terrier no colo, ela nunca mais esteve sozinha.

Por quase uma década, ele foi o companheiro inseparável de Jillian.

“Ele participou do nosso pedido de casamento. Ele participou do nosso casamento. Ele estava literalmente vestido com um smokingzinho”, disse ela ao The Dodo. “Ele estava lá quando descobrimos que teríamos filhos. E ele foi a primeira, sabe, 'pessoa' a conhecer meus filhos.”

Desde a gravidez, Rufus dormia embaixo do berço. Depois, fazia questão de se aconchegar nos pés da cama com as crianças, hoje com 6 e 4 anos.

Rufus foi a primeira grande referência afetiva dos pequenos e, infelizmente, a primeira experiência de luto.

Em abril, aos 16 anos, ele partiu por conta de uma falência na vesícula biliar. A dor da perda foi imensa e deixou um vazio no coração da família.

‘Mãe, olha esse cachorro’

Na segunda noite após a despedida, a filha de Jillian, sem conseguir dormir, pediu para olhar perfis de cães para adoção nas redes sociais, como uma forma de distração.

“É algo que sempre fizemos. Olhamos o Instagram, olhamos o Facebook, e tem tantos resgates na área da baía de São Francisco e tantas páginas de cães que a gente estava visitando”, disse.

Até que a menina apontou para um post e disse: “Mãe, olha esse cachorro”. Na hora, Jillian achou que a filha estava nas fotos do celular, mas quando se deu conta de que era uma publicação de abrigo, ficou surpresa. O cão na imagem era a cópia de Rufus.

O cão da foto se chamava Ziggy, um idoso abrigado pela Muttville, organização especializada em adoção de cães mais velhos.

Ziggy tinha as mesmas orelhas inclinadas, mesma coloração e mesmo jeito de olhar de Rufus. Jillian ficou obcecada pela imagem. Ela precisava conhecer aquele cão.

O ‘reencontro’

A família ainda estava de luto, mas decidiu fazer uma visita. Quando Ziggy entrou na sala, Jillian descreveu a cena como mágica, como se “houvesse pedacinhos de glitter flutuando no ar”.

“É tão banal, mas foi como ver meu cachorro”, disse.

Ziggy parecia reconhecer aquele lugar, as pessoas, os cheiros. Pulou no colo da filha e foi como se já pertencesse àquela família. O reencontro, se é que podemos chamar assim, foi emocionante.

Ao chegar em casa, Ziggy subiu correndo as escadas e se instalou como um veterano.

"Ele entrou como se tivesse estado aqui a vida toda", disse Jillian.

Apenas coincidência?

O sentimento de familiaridade era tão forte que, com o tempo, algumas dúvidas começaram a surgir.

  • Será que havia alguma ligação genética entre ele e Rufus?

  • Será que eles tinham a mesma mistura de raças?

  • Será que eles eram parentes?

Movida pela curiosidade e pela esperança de confirmar aquilo que seu coração já suspeitava, Jillian decidiu fazer um teste de DNA com Ziggy.

Ela usou uma ferramenta da Embark que analisa o genoma de cães para identificar raças, predisposições genéticas e, claro, possíveis parentes. Anos antes, Jillian já havia feito um teste semelhante com Rufus.

Quando os resultados de Ziggy chegaram, a primeira revelação confirmou a suspeita: ele também era meio chihuahua, meio terrier. Mas foi na aba “parentes” que a surpresa explodiu. Rufus estava listado como filho de Ziggy.

Sim. Aqueles dois cães, separados por anos e histórias aparentemente distintas, eram pai e filho. Jillian ficou sem chão.

“No dia em que descobri que eles eram, de fato, pai e filho, não consegui entender. Mas ao mesmo tempo, tudo fez sentido”, disse.

O DNA não mente

De acordo com a própria Embark, os cães compartilham DNA da mesma forma que os humanos: 50% de seus genes vêm de cada um dos pais.

Um teste genético analisa o padrão e a quantidade de DNA compartilhado entre dois cães e, com base nisso, estima o grau de parentesco.

Em casos de pais e filhos, o padrão é específico: os cães compartilham uma cópia de cada cromossomo.

Já entre irmãos, embora também compartilhem cerca de 50% do DNA, o padrão é diferente, com sequências genéticas organizadas de outra maneira.

A Embark consegue distinguir esses padrões e, com a ajuda de dados como data de nascimento, consegue identificar quem é o pai e quem é o filho no relacionamento.

Mesmo variações causadas por endogamia (cruza entre parentes) são consideradas nos cálculos.

Laços de sangue e de alma

Para Jillian, a revelação de que Rufus e Ziggy eram pai e filho foi como um presente.

“Isso me trouxe tanta paz e tanto conforto”, disse.

O mais impressionante é que Ziggy, hoje com cerca de 17 anos, também veio da SPCA de São Francisco, o mesmo abrigo onde Rufus foi adotado anos antes.

Ele havia sido abandonado depois de envelhecer, coberto de feridas e caroços, sem grandes chances de adoção. Mas para a família de Jillian, ele era o único cão que poderia ocupar e curar o vazio deixado por seu filho.

“Ele não é o tipo de cachorro que as pessoas procuram”, reconheceu Jillian. “Mas para nós, ele é perfeito.”

Ziggy pode ter mais pelinhos brancos, menos energia e muito mais bagagem do que Rufus um dia teve. Mas para a família, ele é exatamente o que eles precisavam.

Entendendo o teste genético canino

Segundo a Embark, a análise genética busca padrões de DNA compartilhados, o que permite determinar não apenas a mistura de raças de um cão, mas também seus parentes.

A plataforma compara os dados genéticos com outros cães que já foram testados e monta uma espécie de árvore genealógica canina.

Mas vale uma ressalva: cães de raça pura, por serem muito endogâmicos, tendem a ter muitos "parentes genéticos" mesmo sem vínculos familiares reais.

Já os cães sem raça definida, como Ziggy e Rufus, oferecem dados mais variados e conexões genéticas mais confiáveis.

A Embark, aliás, também alerta sobre a complexidade da herança genética em cães:

Irmãos da mesma ninhada podem não ter o mesmo pai (fenômeno chamado superfecundação, quando uma fêmea acasala com mais de um macho no cio).

E os mesmos pais também podem ter múltiplas ninhadas ao longo dos anos, tornando o cruzamento de dados essencial para entender o parentesco verdadeiro.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.