Conheça Rocket: o incrível gatinho que desafia a natureza e anda sobre duas patas

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em Gatos

Em julho de 2016, Mareen Ebelt e o namorado, moradores de Berlim, na Alemanha, ouviram uma história que mudou suas vidas para sempre.

Uma amiga do casal contou que, no jardim de sua casa, uma gata de rua havia dado à luz uma ninhada. E, entre os filhotes, havia um gatinho com apenas duas patas.

“Não acreditávamos”, escreveu Ebelt em uma publicação no Instagram. “Parecia impossível. Mas quando o vimos pessoalmente, lá estava ele. Sem ferimentos, sem feridas... simplesmente sem as patas traseiras.”

O casal levou o filhote imediatamente ao veterinário e a conclusão foi tão surpreendente quanto o que eles viam.

O gatinho simplesmente havia nascido assim, sem as patas traseiras. Nenhuma lesão, nenhuma anomalia aparente, apenas uma adaptação anatômica que desafiava a lógica.

Um gatinho diferente, mas incrivelmente adaptado

Apesar da condição, o filhote demonstrava energia de sobra e nenhum sinal de dor. “Desde o começo, ele se adaptou, aprendeu e prosperou à sua maneira única”, relatou Mareen.

O casal o batizou de Rocket (foguete), nome inspirado não só em sua velocidade como também em sua resiliência.

Desde então, Rocket vive com Mareen e seus dois outros gatos, Flint e Gurkchen.

Hoje, quase nove anos depois, Rocket continua pulando, subindo e explorando a casa com graça e destreza. Ele é uma ‘mistura de atleta olímpico e mestre zen’.

Quando não está em movimento, gosta de tirar longas sonecas ensolaradas no parapeito da janela.

A pergunta que não queria calar

Por ser um gatinho com uma condição incomum, era de se esperar que surgissem dúvidas entre os seguidores.

Mas entre todas as perguntas, uma se repetiu com uma frequência impressionante: como um gato com apenas duas patas usa a caixa de areia?

A tutora resolveu responder com muito bom humor.

Rocket e a arte performática da caixa de areia

Rocket não apenas usa o banheiro normalmente, como também tem um ‘ritual’ para isso.

Primeiro, vem a análise minuciosa.

“Ele escolhe a caixa com o discernimento de um crítico da Michelin inspecionando banheiros públicos”, brinca Mareen.

Na casa, há uma caixa especial com bordas mais baixas, pensada para filhotes, que Rocket prefere. Mas ele também adora encarar um desafio e faz uso das caixas convencionais.

Na hora de fazer suas necessidades, nada de cavar com fúria ou sair em disparada. “É uma arte performática altamente concentrada”, descreve a tutora.

Enquanto os outros gatos da casa cavam como se estivessem procurando petróleo, Rocket se acomoda com precisão, faz o que precisa e sai com calma.

Quando algo escapa da caixa, ele tenta cobrir a bagunça com movimentos cuidadosos, tampando com a areia imaginária que muitos gatos usam. Mas o que vale é a intenção, né?

Por que os gatos “dão descarga” enterrando?

Segundo a veterinária Hannah Hart, em artigo publicado no PetMD, o hábito de enterrar o cocô e o xixi está profundamente enraizado na biologia felina, mesmo nos gatos que vivem confortavelmente dentro de casa.

“Não se trata de manha nem de frescura”, explica a especialista. “É um comportamento natural com várias funções, muitas delas herdadas dos ancestrais selvagens.”

As razões principais são:

  • Instinto de sobrevivência: no ambiente selvagem, esconder o cheiro das próprias fezes ajuda o gato a evitar predadores. Mesmo em ambientes urbanos, onde o maior perigo pode ser o aspirador de pó, esse instinto permanece vivo.
  • Hierarquia social: gatos subordinados, em uma estrutura social felina, tendem a enterrar as fezes como sinal de respeito. Os dominantes, por outro lado, às vezes deixam tudo à mostra. Isso explica por que, em casas com mais de um gato, nem todos cobrem o cocô da mesma forma.
  • Higiene e conforto: os gatos são obcecados por limpeza e têm um olfato cerca de 14 vezes mais sensível que o dos humanos. Cobrir o cocô garante que o cheiro não invada seus espaços de descanso, alimentação e socialização.

E quando o gato não cobre o cocô?

Segundo o PetMD, isso pode acontecer por vários motivos, que vão desde questões comportamentais até problemas de saúde. Veja os principais:

  • Territorialismo: gatos podem deixar as fezes à mostra como forma de marcar território, especialmente em casas com múltiplos felinos ou em situações de mudança.
  • Não aprendeu: se a mãe do gato nunca enterrou, ele pode replicar o comportamento, pois aprendeu assim.
  • Doenças: gatos com dores nas articulações, infecções intestinais, constipação ou mesmo resfriados podem parar de cobrir o cocô simplesmente porque se sentem desconfortáveis.
  • Estresse e ansiedade: mudanças na casa, novos pets, barulhos, obras, visitas frequentes… tudo isso pode causar ansiedade no gato e fazer com que ele altere o comportamento com a caixa.
  • Caixa inadequada: se a caixa for pequena demais, tiver bordas altas demais, estiver em local barulhento ou tiver areia que o gato rejeita (como granulado de sílica ou perfumados), ele pode até usá-la, mas evitará prolongar sua estadia ali para cobrir as fezes.
  • Gatos idosos: problemas de mobilidade, perda de cognição e hábitos esquecidos com a idade também podem fazer um gato parar de cobrir o cocô.

Como incentivar seu gato a enterrar as fezes

Embora não seja possível "ensinar" um gato adulto a enterrar cocô como se fosse um truque, algumas mudanças no ambiente e nos cuidados podem estimular esse comportamento natural:

1. Verifique a saúde

Descarte problemas médicos antes de considerar mudanças comportamentais. Dor, diarreia, constipação ou infecções podem ser causas.

2. Escolha a caixa certa

  • Tamanho ideal: maior que o comprimento do gato.
  • Laterais acessíveis, especialmente para gatos idosos ou com deficiência.
  • Areia fina e sem cheiro: geralmente mais parecida com o solo natural.

3. Multiplique as caixas

A regra básica é: uma caixa por gato + uma extra. Coloque-as em locais diferentes, longe da comida e da água.

4. Reduza o estresse

Brincadeiras diárias, esconderijos, acesso à janela e até difusor de feliway (feromônio sintético) ajudam o gato a relaxar.

5. Não force

Movimentar a pata do gato manualmente para "ensinar" a enterrar pode gerar estresse e aversão à caixa.

‘Abdômen de aço’

O fato de Rocket, mesmo sem as patas traseiras, enterrar (ou tentar), como qualquer outro gato, deixou os internautas impressionados.

“Ele se esforça mais para cobrir do que muitos dos meus gatos de quatro patas”, brincou uma pessoa nos comentários.
“Que criatura maravilhosa”, comentou um seguidor.

Além disso, a cena também mostrou como os instintos felinos se manifestam mesmo em situações fora do padrão anatômico.

“É incrível como seus movimentos são iguais aos de qualquer outro gato. Mas ele faz tudo sem a força e o equilíbrio das patas traseiras. Seu abdômen deve ser de aço!”, observou mais um.

Veja a história de Rocket

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.