'Não vai ser tão ruim meu guri': Protetora tenta consolar cachorrinho devolvido para abrigo e cena comove

O olhar de Chocolate confuso com a situação é de partir nosso coração.

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em Cães

Uma cena publicada no dia 3 de agosto pelo perfil do Instagram do Abrigo de Cães Patinhas em Apuros, localizado em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, tem comovido milhares de internautas e levantado um debate necessário sobre adoção responsável de animais de estimação.

O vídeo, que já ultrapassa 30 mil visualizações, mostra o momento em que a protetora responsável pelo abrigo conversa com Chocolate, um cachorro vira-lata que havia sido adotado e, pouco tempo depois, foi devolvido pela nova família.

Dentro do carro, no trajeto de volta para o abrigo, a protetora tenta consolar o cão com palavras doces, em um diálogo que tocou o coração do público:

“Então a coisa não vai ser tão ruim, meu guri. Não vai ser tão ruim assim”, diz ela em um trecho.

A publicação recebeu mais de 3,7 mil curtidas e 321 comentários, muitos deles emocionados com a sensibilidade do momento.

A legenda da postagem foi direta e dolorosa: “Isso quebra o nosso coração”. E, provavelmente, o de Chocolate também, que acreditava ter finalmente encontrado um lar definitivo, mas o perdeu tão rápido quanto o conquistou.

Com mais de 225 mil seguidores no Instagram, o perfil é uma importante vitrine para a adoção de animais e um canal de apoio à causa animal.

Atualmente com a facilidade de acessar a internet é possível conhecer diversas ONG’s e cães disponíveis para adoção.

Possivelmente foi assim que a família que escolheu o Chocolate entrou em contato com o abrigo. Após os trâmites habituais, o cãozinho seguiu para sua nova casa.

Mas a felicidade durou pouco… por motivos não revelados, a adoção foi interrompida, e a protetora precisou buscar o cachorro pessoalmente.

No vídeo, Chocolate aparece sentado no banco do carro, visivelmente quieto, como quem ainda tenta entender o que está acontecendo.

A protetora conversa com ele com carinho e naturalidade, citando até outras histórias parecidas no abrigo, como a de uma irmã dele que também foi devolvida duas vezes, e da mãe do cão, que "trepa nos muros".

É o retrato de uma rotina dura, mas vivida com ternura e compromisso.

“Só que nós precisamos de ração para as crianças. Se não, as crianças vão começar a passar fome. Porque a casa da tia Nene tá cheia de crianças bem bonitinhas”, completa ela, em outro trecho, já pensando nas necessidades do abrigo diante do grande número de animais acolhidos.

O caso de Chocolate rapidamente se espalhou nas redes sociais e gerou uma onda de comoção entre seguidores e simpatizantes da causa animal.

Muitos dos comentários expressam indignação com a devolução do animal, mas também esperança de que um novo lar, mais amoroso e comprometido esteja à sua espera.

“A pessoa que devolveu não merecia conviver com um serzinho tão especial, e Deus pegou de volta pra encontrar alguém com o coração onde ele se encaixa”, comentou uma internauta.
“Chocolate, que Deus te abençoe com muita saúde e providencie uma família amorosa e responsável para te adotar e te cuidar por toda a tua vida. Que tu sejas muito amado e feliz. Amém”, escreveu outra seguidora.
“Merece ser muito feliz”, resumiu uma terceira, em meio a centenas de mensagens de apoio.

Esse tipo de repercussão reforça o papel das redes sociais como ferramenta de conscientização sobre a realidade dos abrigos de animais e a importância do acolhimento responsável.

Adoção responsável: um compromisso para a vida toda

O caso de Chocolate é apenas um entre tantos que acontecem diariamente em abrigos e ONGs de proteção animal por todo o país.

Embora seja animador ver tantos cães sendo adotados, é fundamental lembrar que a adoção é um ato de responsabilidade, não de impulso.

Adotar um animal é assumir o compromisso de cuidar, amar, alimentar, proteger e acompanhar esse ser por toda a sua vida que pode durar 10, 15 ou até mais de 20 anos.

Imprevistos e desafios vão surgir como mudanças de rotina, problemas de saúde do animal, dificuldades de adaptação. Mas tudo isso deve ser encarado com empatia e compromisso.

Quando um cachorro é devolvido, ele não apenas perde um lar! Ele sofre, fica confuso, sente-se rejeitado. É preciso considerar o impacto emocional que essas mudanças têm sobre os animais.

Assista o vídeo:

O trabalho do abrigo Patinhas em Apuros

Fundada há dois anos pela protetora Elenir de Souza, a Associação Patinhas em Apuros, de Bento Gonçalves (RS), atua no resgate, cuidado e reabilitação de cães e gatos em situação de vulnerabilidade.

Com mais de 30 anos de experiência na causa animal, Elenir lidera a ONG ao lado de um pequeno grupo de voluntários.

A história e os desafios da associação foram destacados em reportagem recente do Jornal Semanário.

Atualmente, o abrigo cuida de mais de 100 animais, muitos deles idosos, doentes ou com necessidades especiais, o que reduz consideravelmente suas chances de adoção.

Durante as enchentes que atingiram o estado, a sede antiga do abrigo também foi afetada, o que limitou as ações de resgate, embora alguns animais em estado grave tenham sido acolhidos.

Entre os casos mais sensíveis estão o da cadelinha Angelina, que ficou paraplégica após traumas nas patas e na coluna, e o de Brownie, um cão paraplégico sob os cuidados da associação há mais de dois anos.

Ambos dependem de hospedagem paga, pois exigem cuidados intensivos.

A Patinhas em Apuros sobrevive com o apoio de doações, principalmente de pessoas que acompanham o trabalho da ONG nas redes sociais.

As contribuições podem ser feitas via Pix, pela chave CNPJ: 53501067000176. O perfil no Instagram, @ppatinhasemapuros, também divulga os animais disponíveis para adoção e as campanhas de arrecadação.

Considerações sobre a adoção responsável

Antes de adotar, reflita:

  • Você tem tempo e disponibilidade para cuidar de um animal diariamente?
  • Está preparado financeiramente para eventuais gastos com saúde, alimentação e higiene?
  • Todos os moradores da casa concordam com a adoção?
  • Você está disposto a passar pela fase de adaptação com paciência e empatia?

Se a resposta for sim para todas as perguntas, você pode estar pronto para dar um passo que transformará sua vida e a de um animal para sempre.

Mas, se houver dúvidas, talvez seja melhor adiar a decisão e apoiar a causa de outras formas, como sendo lar temporário, apadrinhando um animal ou fazendo doações.

A adoção responsável é um ato de amor, mas acima de tudo, é um compromisso. E cães como Chocolate merecem não só lares, mas lares definitivos, com afeto, paciência e segurança.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.