'Sentiu a energia': Cão golden faz de tudo para evitar que tutor se aproxime de local abandonado

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Na estrada, entre paisagens que mudam a cada quilômetro e histórias que parecem saídas de um roteiro de cinema, o empresário Rhaman Hamdar vive ao lado de sua inseparável companheira, a golden retriever Hoi An, uma aventura que vai além da ideia de uma simples viagem.

Desde agosto de 2022, ele decidiu largar tudo para viver um sonho de explorar a América do Sul a bordo de uma kombi adaptada e equipada com pia, cozinha, cama e até placas solares.

A iniciativa, batizada de Jornada Golden, transformou-se em um projeto de vida e já rendeu mais de 50.000 quilômetros percorridos e experiências em países como Equador, Peru, Bolívia, Chile, Colômbia, Argentina e Uruguai.

A cada nova cidade, Rhaman compartilha registros com seus mais de cinquenta mil seguidores no Instagram, mostrando momentos de paisagens exuberantes, encontros com moradores locais, curiosidades culturais e, principalmente, a relação de afeto e cumplicidade com Hoi.

A golden retriever, com seu jeito carinhoso e expressão sempre atenta, se tornou parte essencial da narrativa, ganhando destaque nas redes por suas reações únicas a cada situação.

Foi justamente uma dessas reações que marcou a viagem e viralizou na internet. No dia 26 de julho, a dupla chegou a Villa Epecuén, na Argentina, uma cidade fantasma que guarda uma história impressionante.

Durante as filmagens para as redes sociais, Rhaman registrou o momento em que Hoi demonstrou todo o seu instinto protetor.

No vídeo, é possível ver que, à medida que ele se aproximava da entrada da cidade, a cachorrinha passava a pular e agarrar suas pernas com as patas, como se quisesse impedi-lo de continuar.

Era evidente que algo no ambiente despertava nela um misto de medo e ansiedade, e ela não queria, de forma alguma, seguir adiante.

A cena chamou atenção não apenas pela reação de Hoi, mas também pelo cenário em si.

Villa Epecuén foi, no passado, um balneário famoso inaugurado em 1921 às margens de um lago hipersalino, cujas águas, extremamente ricas em sal, eram comparadas às do Mar Morto e buscadas por turistas devido a seus supostos benefícios terapêuticos.

No auge, a cidade tinha cerca de 1.500 habitantes e recebia até 25 mil visitantes a cada temporada.

Tudo mudou em novembro de 1985, quando um fenômeno climático raro chamado seicha provocou a ruptura de um dique de contenção, levando a um alagamento completo da região.

Em questão de dias, a cidade desapareceu sob sete a dez metros de água. Os moradores tiveram de abandonar suas casas, e o local ficou submerso por décadas.

Com o passar dos anos, a água começou a recuar e parte das ruínas ressurgiu, criando uma paisagem de ruas desertas, estruturas corroídas e árvores mortas, cobertas por cristais de sal.

O cenário é, ao mesmo tempo, fascinante e melancólico, carregado de uma energia que muitos visitantes descrevem como única.

Assista ao vídeo abaixo:

É nesse ambiente que Rhaman e Hoi se encontraram, e foi ali que o instinto da cadela falou mais alto.

Em sua postagem no Instagram, Rhaman contou:

“Logo que chegamos, a Hoi já sentiu a energia do lugar e não queria me deixar ir. E sim, a Hoi fica assim com medo, ansiosa e quer abraçar de todo jeito. Desde pequena essa sempre foi a reação dela quando se sente insegura. Loucura né?”.

O relato, acompanhado das imagens, repercutiu rapidamente. Em pouco tempo, a publicação acumulou mais de 220 mil visualizações, 14 mil curtidas e 314 comentários, muitos deles de seguidores que se identificaram ou se divertiram com a situação.

“Cleiton, é assim que os filmes de terror começam”, brincou um internauta.
“Ela estava claramente tentando te fazer sair daí”, comentou Carla.
“Sim, tá escrito bem grande MATADERO e o Cleiton indo”, escreveu Leonardo, arrancando risadas dos demais.

A cena, embora leve para quem assiste, traz reflexões sobre como cães podem ser sensíveis a ambientes e energias que nós, humanos, muitas vezes não percebemos.

Seja por olfato, audição ou até pela leitura da linguagem corporal do tutor, muitos pets reagem a lugares desconhecidos de maneiras intensas.

No caso de Hoi, o histórico de buscar contato físico quando insegura tornou o momento ainda mais marcante.

Ao longo dos 50.000 quilômetros já percorridos, Rhaman e Hoi passaram por paisagens andinas, cidades históricas, desertos, praias e vilarejos remotos, sempre documentando as experiências com autenticidade.

E cada registro não é apenas sobre o destino, mas sobre a experiência compartilhada entre homem e cão, onde o olhar de um completa a história do outro.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.