Tutora recorre a 2º teste de DNA para provar a verdadeira mistura de raças de sua cadela

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em Cães

Adotar um cachorro mudou a rotina de Allie, moradora do sul da Califórnia. Desde que levou Lydia para casa, no ano passado, os encontros em praças e passeios pela vizinhança passaram a vir acompanhados de uma pergunta recorrente.

O que exatamente seria a mistura de raças da cadela de corpo alongado e pelagem marcante? A dúvida, que começou como curiosidade de conhecidos, logo se transformou em debates constantes com estranhos.

No início, Allie confiou na explicação do abrigo onde fez a adoção, que descreveu Lydia como uma mistura de dachshund. Mas, com apenas quatro meses de idade, os traços físicos da filhote já chamavam a atenção.

As opiniões divergentes começaram a surgir em parques, consultórios veterinários e até nas redes sociais.

Determinada a acabar com a incerteza, Allie decidiu recorrer à ciência. O primeiro passo foi encomendar um teste da Wisdom Panel, uma das empresas mais conhecidas no mercado de identificação genética de animais de estimação.

O laudo trouxe resultados detalhados sobre as origens de Lydia, mas os comentários de desconhecidos não cessaram.

Questionamentos sobre a precisão dos dados levaram a tutora a tentar novamente, dessa vez com a Embark, outra companhia especializada nesse tipo de exame.

Em um relato publicado no Reddit, Allie explicou que optou por realizar o segundo teste justamente para evitar novas discussões.

“Queria apenas ter respostas definitivas e parar de debater com pessoas que insistem em dizer que sabem mais do que um exame laboratorial”, escreveu na comunidade dedicada a testes de DNA em cães.

Os resultados confirmaram que Lydia tem uma composição genética bastante diversa.

O exame apontou 33% de Yorkshire Terrier, 25% de Chihuahua, 9% de Poodle e pequenas porcentagens de outras raças, incluindo Pomerânia e até Akita Americano.

Segundo Allie, a revelação surpreendeu muitos que apostavam em raças como Jack Russell ou até dálmata.

“Ter dois exames de empresas diferentes com resultados semelhantes me dá segurança para acreditar na precisão”, disse à revista Newsweek.

O caso de Allie reflete uma tendência crescente entre tutores. O mercado de testes de DNA para animais de estimação movimentou cerca de 144 milhões de dólares em 2024 apenas nos Estados Unidos, de acordo com dados da consultoria Grand View Research.

A projeção é de que esse número alcance 234 milhões até 2030, impulsionado pela curiosidade dos donos e pela busca por informações úteis sobre saúde e comportamento dos pets.

Ainda que o setor esteja em expansão, a precisão dos exames comerciais segue em debate.

Pesquisas comparativas publicadas em 2024 analisaram kits disponíveis para consumidores utilizando cães de raça pura.

O estudo revelou que, embora a maioria dos testes identificasse corretamente a raça predominante, os resultados apresentavam variações.

Em alguns casos, quando fotos incompatíveis eram associadas a amostras de DNA, o relatório final refletia mais a aparência visual do animal do que o perfil genético.

Apesar das limitações, muitos tutores consideram os testes ferramentas importantes.

Além de satisfazer a curiosidade sobre a ancestralidade, os relatórios podem indicar predisposições a doenças, auxiliando em cuidados preventivos.

Para Allie, no entanto, o maior ganho foi acabar com os questionamentos constantes.

“As pessoas continuam parando para perguntar sobre ela, mas agora tenho dados concretos para responder. Isso encerra a discussão rapidamente”, afirmou.

Lydia, hoje com um ano de idade, segue atraindo olhares durante os passeios. Embora seu porte tenha mudado desde a fase de filhote, a cadela continua chamando atenção por sua aparência incomum.

Para a tutora, a mistura genética que gerou tantos debates é apenas parte da história.

O que realmente importa é a convivência no dia a dia e a parceria que se fortalece desde a adoção.

Saiba se os testes de DNA de cães são realmente confiáveis

Segundo reportagem da National Geographic Brasil, os testes de DNA em cães vêm se popularizando entre tutores que desejam conhecer a origem genética ou possíveis predisposições de saúde de seus animais.

A prática, porém, levanta dúvidas sobre até que ponto os resultados são realmente confiáveis.

Como funcionam os testes genéticos

O exame consiste em coletar a saliva do cachorro com um cotonete e enviar a amostra ao laboratório.

Ali, o DNA é comparado com bancos de dados que reúnem informações de centenas de raças.

Os relatórios podem indicar mistura genética, predisposição a doenças e até ajudar a orientar cuidados veterinários.

O que a ciência já descobriu

Desde o primeiro sequenciamento completo do genoma canino, em 2004, pesquisas vêm revelando avanços importantes.

Em 2023, um estudo com mais de 1 milhão de cães analisou 250 variantes genéticas e concluiu que 57% apresentavam ao menos uma predisposição a doenças.

Outro levantamento, de 2021, mostrou altos índices de consanguinidade em cães de raça pura, fator que aumenta riscos de problemas de saúde.

Identificação de raças: limites e falhas

A reportagem da National Geographic Brasil destaca que identificar raças por DNA não é tão simples.

Um estudo de 2024 mostrou que algumas empresas chegam a considerar fotos enviadas pelos tutores, o que pode distorcer resultados.

Em um dos casos, um cão crista chinês foi classificado como Brittany spaniel, aparentemente com base apenas na imagem.

Mesmo quando há acertos, pesquisadores lembram que definições de raça são históricas e podem não coincidir com dados genéticos.

Além disso, estudos recentes indicam que comportamento está mais ligado ao indivíduo do que à raça, o que reduz a utilidade prática desses rótulos.

Os testes de DNA canino podem fornecer informações úteis, especialmente sobre saúde, mas não devem ser vistos como verdades absolutas.

Especialistas recomendam cautela na interpretação e atenção à transparência das empresas.

Para os tutores, o exame pode satisfazer curiosidades e apoiar cuidados, desde que usado como complemento às orientações veterinárias.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.