'O amor não chegou cego, mas chegou forte': Após 12 anos vivendo em abrigo, cão idoso finalmente ganha família que sempre mereceu
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Durante 12 anos, o portão de ferro se fechava na frente dele.
De filhote levado ao abrigo até idoso de pelos branquinhos, Quixote foi um daqueles cães que aprenderam a esperar. Esperar o carinho que nunca vinha, esperar o olhar que não se voltava para ele.
No canil da Fundação Quixote, em Lajeado (RS), ele cresceu cercado de outros cães, mas sem nunca conhecer o calor de um lar. Brincou com o que tinha, sonhou com o que não tinha. Até que um dia, finalmente, alguém o enxergou de verdade.
“Após 12 anos vivendo em um canil, Quixote é adotado”, anunciou o vídeo publicado no TikTok pela Fundação.
A legenda, narrada como se fosse o próprio cão, deu voz ao que tantos animais em abrigos poderiam dizer:
“Um dia, tudo mudou. Alguém me viu de verdade. Depois de 12 anos eu fui escolhido. O portão que sempre se fechava enfim se abriu para mim. (…) Demorou 12 anos, mas valeu cada segundo de espera por vocês. O amor não chegou cedo, mas chegou forte.”
As imagens mostram Quixote descobrindo tudo pela primeira vez: o vento no rosto, a televisão, a cama macia, o bichinho de pelúcia. Coisas simples para qualquer cachorro que nasce em um lar, mas que para ele eram inéditas. Até pisar na grama soava como “uma viagem à lua”.
E, de repente, aquele cão que nunca tivera nada agora tinha tudo: irmãos de quatro patas, uma família atenciosa e a certeza de que não voltaria a dormir atrás das grades.
Quando a espera é longa demais
A história de Quixote emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
“Chorei e aposto que não fui só eu”, comentou uma internauta.
Outra destacou a frase: “O amor não chegou cedo, mas chegou forte”.
Infelizmente, histórias como a dele não são raras. Em julho, contamos aqui mesmo no Amo Meu Pet sobre o caso de Alemão, um vira-lata simpático que viveu há quase 3.000 dias em um canil municipal de Mogi das Cruzes (SP).
Ele chegou ainda filhote, mas nunca foi escolhido. Todos os irmãos ganharam família, menos ele.
Felizmente, com a repercussão da história, ele foi adotado e hoje aproveita cada segundo no novo lar.
Mas, assim como ele, tantos outros cães adultos e idosos acabam invisíveis diante dos olhares que buscam apenas filhotes.
Por que adotar um idoso?
Adotar um cão idoso pode parecer desafiador, mas a verdade é que esses peludos têm muito a oferecer. Segundo a SPCA de New Brunswick, os benefícios são inúmeros:
- Já são educados – A maioria dos cães mais velhos já aprendeu a fazer as necessidades no lugar certo e tem mais facilidade de adaptação às regras da casa.
- Criam laços profundos – Animais idosos parecem entender que foram salvos e demonstram uma gratidão que emociona.
- Temperamento mais calmo – Diferente da energia sem fim dos filhotes, os cães idosos costumam ser tranquilos, companheiros perfeitos para um dia a dia mais sereno.
- Menos demanda de tempo – Dormem mais, precisam de menos exercícios intensos e exigem menos supervisão.
- Histórico conhecido – Quem adota um idoso já sabe seu porte, temperamento e condições de saúde, sem surpresas.
- Boas maneiras – Muitos já foram socializados, o que facilita a convivência com pessoas e outros animais.
- Eles precisam mais – Por serem menos procurados, os idosos passam anos esquecidos em abrigos. Dar a eles uma chance é mudar completamente o final da história.
O amor não tem idade e, assim como esses cães mostraram, nunca é tarde para ser feliz.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.