Marido chega em casa com uma surpresa envolta de blusão, e questiona mulher: “Tu vai me ajudar a cuidar?”
Por Ana Carolina Câmara em Mundo Animal
Miguel Luiz de Albuquerque, que é entregador e morador de Tubarão, Santa Catarina, é o tipo de pessoa que não consegue ignorar um animal precisando de ajuda.
Por isso, ao chegar em casa segurando um blusão vermelho, fez uma pausa na porta e perguntou a Francieli Mendes, sua esposa: “Amor, você me ama?”.
Acostumada com o jeito do marido, ela respondeu com desconfiança: “O que tu trouxe de novo, meu amor?”. Logo em seguida, ele questionou: “Tu vai me ajudar a cuidar?”.
Foi então que Miguel revelou o motivo da pergunta. Envolto no blusão, havia uma ninhada de gambás que ele havia resgatado no caminho.
Seu coração bondoso não pôde ignorar a cena dos filhotes indefesos à beira da estrada. Mesmo sabendo que cuidar deles não seria fácil, ele não hesitou em ajudá-los.
O resgate
Em entrevista ao Amo Meu Pet, Miguel contou que fazia uma entrega em uma noite fria quando viu uma gambá atropelada no meio da pista. A princípio, seguiu o caminho, achando que nada poderia fazer. Mas algo em seu coração falou mais alto.
Ele retornou, estacionou a moto e foi retirar o corpo do animal da rua. Foi então que percebeu um detalhe que mudou tudo:
“Quando eu botei no canto da calçada, vi três rabinhos agarradinhos nela. Daí eu comecei a ver se tinha mais.”
Miguel começou a examinar o corpinho da gambá com cuidado e logo percebeu algo que partiu seu coração: dez filhotes minúsculos estavam agarrados a ela, ainda vivos e tentando se manter aquecidos no frio da noite.
“Eu fui virando ela e fui procurando. Daí eu vi que eram dez”, contou emocionado.
Os filhotes de gambá nascem muito pequenos e frágeis, totalmente dependentes da mãe. Logo após o nascimento, eles se fixam às mamas dentro da bolsa marsupial, onde permanecem por várias semanas, se alimentando e crescendo até ganharem força suficiente para sair. Mesmo depois disso, continuam grudados no corpo materno - nas costas ou no ventre - buscando calor e proteção.

Por isso, quando a fêmea morre de forma inesperada, como no caso encontrado por Miguel, os filhotes permanecem ali, instintivamente tentando sobreviver, sem entender que o abrigo e o alimento que procuram já não existem mais.
Miguel ficou no local por cerca de 20 minutos, completamente alheio ao relógio e à entrega atrasada. O que importava naquele momento não era o trabalho, mas aquelas dez pequenas vidas que dependiam dele.
Com o coração apertado, ele recolheu cada filhote, envolveu-os no blusão e partiu - levando consigo não apenas dez gambazinhos, mas uma grande lição de compaixão.
"2 reais ou um presente misterioso?"
Quando Miguel chegou em casa, provavelmente pensou: “Dois reais ou um presente misterioso?” Ao menos foi essa a legenda bem-humorada que usou no vídeo publicado em seu perfil no Instagram, @miguelluizdealbuquerque,no dia 12 de outubro, onde mostrou o resgate dos gambazinhos.
A publicação rapidamente se espalhou pelas redes sociais, acumulando mais de 9,1 milhões de visualizações e milhares de comentários cheios de emoção e carinho.
Nos comentários, os internautas não economizaram elogios ao gesto de Miguel e à cumplicidade do casal.
“‘O que tu trouxe de novo?’ Já entrega que ele é protetor dos animais”, brincou uma seguidora.
Outra destacou: “O tamanho do coração desse cara não tá escrito”.
Muitos também se encantaram com a forma carinhosa com que o entregador falou com a esposa: “Ele parece uma criança pedindo pra mãe deixar ficar com os filhotes”.
E houve quem se emocionasse com a serenidade dos dois: “Ele é um ser humano incrível, e ela não fica atrás! Que voz, que calma, que alma linda. Parabéns, casal! Obrigada por salvar esses anjinhos!”.
Confira o vídeo abaixo e prepare-se para se apaixonar por essa história.
Uma história que se repete
Marcos contou que Francieli apoiou imediatamente sua decisão de cuidar dos gambazinhos, pois a compaixão pelos animais já fazia parte da rotina do casal.
Ele relembrou que algo parecido havia acontecido antes, mas com filhotes de gato, e a lembrança reforçou ainda mais a vontade de ajudar.
“Nós temos gatinhos de resgate, então não dava pra simplesmente ignorar. Acho que eu ia ficar mal por meses se não fizesse nada”, confessou, mostrando o quanto o casal leva a sério o amor e o respeito pelos animais.
Claro que a atitude de Marcos foi admirável, mas, por se tratar de animais silvestres, ele sabia que precisava agir com responsabilidade.
Mesmo tomado pela emoção, manteve a calma e fez o que poucos fariam: buscou ajuda especializada antes de tomar qualquer decisão.
Entrou em contato com três órgãos ambientais da sua cidade, explicando a situação e pedindo orientação sobre como garantir a sobrevivência dos filhotes de gambá que havia resgatado.
Entre os órgãos contatados, apenas um respondeu, orientando-o sobre o que fazer até que o atendimento fosse possível, pois era fora do horário.
Marcos foi instruído a manter os filhotes aquecidos e protegidos, evitando oferecer qualquer tipo de alimento inadequado.
“Os bebês gambás geralmente são muito, muito frágeis. Por isso, eles muitas vezes não resistem”, contou Marcos. “Daí me instruíram a cuidar deles durante o final de semana por conta de não atenderem fora do horário, mesmo sendo uma emergência"
Veja:
Ciente da fragilidade desses animais, Marcos decidiu buscar apoio de um veterinário particular, que o recebeu e explicou como agir.
"Na minha cidade existe um órgão ambiental responsável. Porém, como eles são muito novinhos e os gambazinhos que têm lá são maiores, provavelmente não iriam resistir. Por conta de que, nos fins de semana e nas madrugadas, eles ficariam sozinhos. E eles precisam mamar de 2 em 2 horas. Esses casos podem gerar canibalismo dos maiores em cima dos menores. Eles também não geram calor próprio, então tem que ficar alguém para esquentar a bolsa térmica e manter a temperatura", contou. "Então o veterinário me instruiu a pelo menos dar mama e cuidar até eles terem mais resistência — 500 g ou 75 dias —, que é quando eles têm mais independência."
Quando os filhotes estiverem prontos, Marcos contou que irá encaminhá-los aos órgãos responsáveis para que passem pelo processo de reabilitação e, depois, sejam soltos em um local adequado.
"O resgate significa, pra mim, que nenhum bichinho indefeso merece ter o destino traçado por descaso ou ignorância", disse. "Tem gente que machuca e tem gente que não liga".
Que Marcos seja muito abençoado por essa atitude de amor e empatia, que serve de exemplo e inspiração para todos nós.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.







