'8 meses de espera': Cadelinha que implorava por ajuda presa em cômodo não recebe nenhum interessado em abrigo
Por Beatriz Menezes em Proteção AnimalO tempo para um animal pode ser medido de formas diferentes. Para a cadela Alice, de um ano e meio, os últimos oito meses representam a totalidade de sua vida pós-resgate. É o período exato em que ela aguarda por uma família em São Paulo.
A cadela, de porte pequeno e com apenas 10 quilos, é uma sobrevivente de condições severas de negligência. A história dela ganhou visibilidade em 6 de novembro, através de uma publicação da organização Hyppet, que busca reescrever o futuro de Alice.
Muitos animais, mesmo com perfis considerados ideais, permanecem "invisíveis" nos abrigos. A cadela tem características que muitas famílias procuram ativamente.
Ela é jovem, com cerca de um ano e meio de idade. Possui porte pequeno, pesando 10 quilos, o que facilita a adaptação em diferentes tipos de moradia, incluindo apartamentos.
Além dos atributos físicos, o temperamento de Alice é um diferencial. Ela é descrita como extremamente doce com humanos e sociável com outros animais.
Ainda assim, a conexão definitiva com um adotante ainda não aconteceu. A passagem dos meses em um abrigo pode ser desafiadora, mas Alice se mantém receptiva e pronta para um novo começo.
A falta de interessados concretos é a barreira que impede o início de sua vida familiar.
O passado de privação
A situação anterior de Alice não era apenas de abandono nas ruas. Era de confinamento e privação extrema de contato. De acordo com a protetora Adriana Silva a cadela foi encontrada presa dentro de um cômodo.
“Ela tinha uma tutora, morava em Carapicuíba e presa dentro de um cômodo aí ela mesmo pediu pra divulgar adoção ai fomos e a resgatamos”, contou ao Amo Meu Pet.
Esse confinamento impedia seu desenvolvimento social e físico adequado. A negligência era visível em seu estado e Alice necessitava de cuidados de saúde imediatos.
Após ser retirada da situação de risco, Alice foi levada a um abrigo. O protocolo padrão para animais resgatados em condições de vulnerabilidade foi iniciado. Ela recebeu cuidados veterinários completos para estabilizar sua saúde.
O tratamento não foi apenas clínico. Além de castração, ela ganhou uma transformação estética passando por uma tosa higiênica. O pelo sem cuidado, embaraçado e sujo, escondia a aparência real da cadela.
O banho e a tosa revelaram um animal completamente diferente, com aspecto saudável e rejuvenescido.
Apesar do isolamento em que vivia, sua personalidade é resiliente e afetuosa. No ambiente do abrigo, ela rapidamente demonstrou ser uma cadela muito doce.
A convivência com os cuidadores humanos é tranquila e ela busca ativamente por carinho. A socialização com outros animais também se mostrou positiva.
Essa adaptabilidade é um traço valioso. Alice está em plena capacidade de aprendizado e adaptação a uma nova rotina familiar.
A cachorrinha está pronta, saudável, castrada e vacinada e aguarda apenas a oportunidade de mostrar seu potencial como animal de companhia.
Em poucos dias, o vídeo acumulou 33 mil visualizações. Recebeu 3015 curtidas. Gerou 206 comentários.
Nos comentários da publicação, diversos internautas manifestaram interesse verbal em adotá-la.
Interessados podem entrar em contato com Adriana pelo WhatsApp 11 96870-1587 ou diretamente no Hyppet, aplicativo de adoção de pets disponível para Android e IOS.
O caso dela não é isolado, a cidade de São Paulo enfrenta um desafio contínuo com o número de animais abandonados. Abrigos e ONGs estão frequentemente operando acima de suas capacidades.
A demora de oito meses para um animal de perfil desejável como Alice acende um alerta sobre a dificuldade de encontrar lares responsáveis para todos.
Em 2024 a Prefeitura de São Paulo se encontrava com 200 animais esperando por adoção. Muitos animais alojados na Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), que aguardam por uma chance de serem adotados são idosos.
Como forma de incentivar a adoção desses pets, a pessoa que decidir levar para casa um cão ou gato acima de oito anos recebe o cartão Cuida Bem Idoso, que permite atendimento prioritário e vitalício desse animal em qualquer um dos quatro Hospitais Veterinários Públicos da capital.
Confira abaixo:
Impactos comportamentais nos pets
De acordo com o Portal Vet Royal Canin, assim como as pessoas, os animais também são afetados pelas restrições. O convívio repentino e mais intenso pode tornar alguns animais mais agitados.
Cães podem passar a latir mais. Outros pets, por outro lado, podem ficar menos ativos e mais sedentários.
Um estudo realizado na Espanha, país com rígidas restrições de circulação, mostrou um impacto claro na pandemia da Covid-19.
Cerca de 37% dos tutores entrevistados afirmaram que seus cães aparentaram ter dificuldade em passar pelo confinamento. A provável explicação foi a redução no tempo de passeio.
Diferenças entre espécies
Cães e gatos lidaram com o isolamento de formas distintas.
- Cães: são animais geralmente mais ativos e sociáveis. Eles necessitam de mais espaço e atividade física. A redução de passeios foi o maior desafio para eles, apesar de gostarem de passar mais tempo com os tutores.
- Gatos: são animais mais independentes e solitários, adaptando-se melhor a espaços compactos. Por outro lado, eles podem estranhar o súbito aumento do contato e a presença constante das pessoas na casa.
Compreender essas diferenças comportamentais é fundamental. Os tutores devem implementar adaptações na rotina que amenizem os impactos negativos e preservem a saúde dos animais.












