Tutor relembra que seu cão foi devolvido duas vezes e shih-tzu Ogui demonstra que isso é um assunto delicado
Por Larissa Soares em Cães
Ogui é um shih-tzu que vive hoje uma vida tranquila, cheia de amor e mordomias. Mas o começo da sua história foi bem diferente.
Antes de encontrar seu lar definitivo, ele foi devolvido não uma, mas duas vezes.
Quem contou a história foi o tutor, Samuel Sobreira, em um vídeo no TikTok que derreteu o coração dos internautas.
“Meu cachorro foi devolvido duas vezes”, diz ele no início do vídeo, enquanto Ogui está no colo, olhando com uma expressão que parece dizer “por favor, não toque nesse assunto”.
Assim que o tutor começa a falar, o cãozinho assume uma postura de quem entende perfeitamente do que se trata. Samuel brinca: “Quando eu falo, ele até fica assim. Acho que são traumas.”
A história de Ogui
Segundo Samuel, Ogui foi devolvido duas vezes por famílias que “tiveram questões pessoais”.
Mas o tutor não deixou de mencionar o motivo das devoluções:
“Ele era muito arteiro, fazia muita besteira, acabava com a casa, fazia coisas que você pode nem imaginar. Comeu até um sofá.”
Enquanto isso, Ogui estava cada vez mais imerso no papel de ‘coitadinho da Silva’.
“Isso aqui tem cara de quem come sofá? Isso aqui tem cara de quem faz alguma coisa ruim?”
O vídeo, publicado por @samucazeroum, conquistou mais de 230 mil visualizações e 30 mil curtidas.
Nos comentários, internautas se derreteram:
“Ele relembrando os velhos tempos”, brincou um internauta. “A carinha de coitadinho da Silva”, disse outro.
Mas nem todos reagiram com humor. Muitos lamentaram o fato de Ogui ter sido devolvido duas vezes:
“As pessoas abandonam e devolvem animais como se fosse um pacote de bala. Essas criaturinhas não merecem os humanos.”
Outro comentou: “O meu cachorro comeu o sofá quando era pequeno. O que eu fiz? Comprei outro sofá. Meu cachorro continua comigo e meu amor por ele só aumenta a cada dia.”
Um “mini leão” com coração doce
Segundo o American Kennel Club (AKC), o shih-tzu é conhecido por seu temperamento brincalhão, afetuoso e extrovertido.
Criado originalmente para ser um cão de companhia dentro dos palácios imperiais da China, ele é do tipo que prefere passar o dia ao lado dos humanos, de preferência no colo.
Tanto que Ogui não fica nada contente em ser retirado do colo.
Apesar da aparência frágil e do porte pequeno (entre 4 e 7 kg, e até 28 cm de altura), o shih-tzu é um cão robusto e cheio de energia. A pelagem longa e exuberante exige cuidados constantes, mas é também parte do seu charme.
E, claro, com toda essa fofura, é fácil mimar demais esses pequenos, o que pode gerar comportamentos indesejados.
O AKC explica que o shih-tzu é inteligente e teimoso, e pode aprender a “encantar” o tutor para conseguir o que quer. Por isso, adestramento com paciência e reforço positivo é essencial.
Métodos duros ou punitivos, além de ineficazes, prejudicam o vínculo e podem gerar medo. O ideal é ensinar com constância e elogios.
Quando o cão faz algo errado, como mastigar o sofá, por exemplo, o tutor deve redirecionar o comportamento, oferecendo um brinquedo apropriado, e nunca gritar ou bater.
Quando a bagunça vira problema
Mas por que alguns cães, como o Ogui, têm essa fase destrutiva tão intensa?
De acordo com a veterinária Jeannine Berger (PetMD), o comportamento destrutivo pode ter várias causas: brincadeira, tédio, curiosidade, ansiedade ou até dor.
Filhotes e cães jovens exploram o mundo com a boca, então é comum que mastiguem tudo o que encontram. O problema surge quando o hábito se mantém ou piora.
“Para lidar com esse comportamento, o tutor precisa se tornar um detetive comportamental”, explica Berger.
É importante observar o que o cão destrói, quando e como, para entender a origem do problema.
- Se o cão destrói objetos apenas quando fica sozinho, por exemplo, pode ser ansiedade de separação;
- Se rói coisas mesmo na presença do tutor, pode ser falta de estímulo físico e mental;
- Já se o comportamento surge de repente, sem explicação aparente, é fundamental descartar causas médicas, como dor nos dentes ou problemas metabólicos.
A especialista também alerta para o uso de punições: “Gritar ou bater em um cachorro que destrói objetos só piora a situação. O cão pode ficar ansioso, medroso e até mais propenso a destruir por estresse.”
Como ajudar um cão destrutivo
A PetMD recomenda algumas estratégias práticas:
- Ofereça brinquedos seguros para mastigar. Brinquedos do tipo KONG, que podem ser recheados com petiscos, ajudam a manter o cão ocupado e satisfeito.
- Faça o cão gastar energia. Caminhadas curtas, brincadeiras e momentos de adestramento são importantes até para cães de pequeno porte, como o shih-tzu.
- Reduza o tédio. Deixe brinquedos interativos e varie as atividades para evitar o comportamento por frustração.
- Crie uma rotina. Cães se sentem mais seguros com horários definidos para alimentação, passeios e descanso.
- Evite gatilhos externos. Se o cão late ou destrói por ver outros animais pela janela, bloqueie a visão.
- Elogie o comportamento certo. Toda vez que ele escolher o brinquedo em vez do sofá, comemore.
O segredo é ter paciência, consistência e muito carinho.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.










