Finalmente, cão Frank se reencontra com a cachorrinha que salvou sua vida e a emoção toma conta da protetora

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Quando os voluntários da LatiCão, em Campinas (SP), encontraram Frank, não sabiam se ele conseguiria sobreviver. O cão estava tão debilitado que mal conseguia levantar a cabeça.

Frank havia sido espancado, jogado como lixo e deixado ali por dias, sem comida, sem água e sem ajuda de ninguém.

Mas ele não estava completamente sozinho. Ao lado dele, permanecia uma cachorrinha pequena, mas enorme na devoção: Wandinha.

Foi ela quem guiou os protetores até o amigo. Enquanto as pessoas passaram, souberam, viram… e ignoraram, Wandinha ficou.

A cena, descrita pela ONG, é dura de ler: a cadelinha lambia as feridas dele e tirava as larvas com a boca, como se tentasse devolver ao amigo o que o mundo lhe havia tirado. Não havia medo, nojo ou hesitação. Havia amor.

A LatiCão, que desde 2017 já resgatou mais de 1600 animais, quase todos adultos ou idosos em estado grave, está com os resgates suspensos por falta de recursos.

Mesmo assim, não conseguiu virar as costas. Frank não teria chance se permanecesse onde estava.

Um quadro de saúde assustador

Ao chegar à clínica, Frank estava desnutrido e desidratado após quase uma semana sem comer, já que tinha a boca, a língua e a garganta perfuradas pelos espinhos de um ouriço.

As lesões abriram portas para uma infestação severa de larvas, que tomavam grande parte do corpo. Paralelamente, ele apresentava ferimentos variados e uma pancada na cabeça que o deixava desorientado.

Era um estado crítico, descrito pelos veterinários como delicadíssimo.

A maior parte das larvas foi removida, ele passou por fluidoterapia, exames de sangue, PCR para descartar cinomose e um protocolo intenso de cuidados.

Ele mal reagia. Parecia viver suspenso entre dor e exaustão. E, mesmo assim, tinha alguém esperando do lado de fora.

A tristeza no olhar de Wandinha

Enquanto Frank era examinado, Wandinha ficou do lado de fora da sala. A protetora descreveu o olhar dela como uma mistura de desespero e confusão, como se estivesse vendo uma parte dela ser levada sem explicação.

Para um animal que não havia abandonado o amigo sequer por um minuto, aquela separação temporária parecia impossível de compreender.

Dias depois, quando o reencontro pôde acontecer, a ONG registrou o momento. Frank, ainda frágil, começou a balançar o rabo antes mesmo de vê-la, apenas sentindo seu cheiro.

Do outro lado da porta, Wandinha já choramingava, ansiosa. Quando finalmente se encontraram, os dois se aproximaram com cuidado, mas com muito amor.

Cães realmente têm melhores amigos

Segundo a veterinária e especialista em comportamento animal Wailani Sung, em um artigo no PetMD, cães podem, sim, formar vínculos preferenciais com outros cães, de modo muito semelhante à amizade humana.

Filhotes costumam ser sociáveis com vários cães, mas, conforme crescem, passam a demonstrar preferências.

Eles parecem escolher certos parceiros de brincadeira, certos companheiros de descanso, certos amigos com quem escolhem dividir espaço, comida e cama.

Estudos citados pela veterinária mostram que animais sociais podem desenvolver laços profundos com membros da mesma espécie, e esses laços trazem benefícios:

  • Redução do estresse
  • Sensação de segurança
  • Menor agressividade entre os pares
  • Maior tolerância à presença um do outro
  • Disposição para compartilhar recursos

Há cães que bebem água juntos da mesma tigela, dormem encostados e até engolem a regra da posse de brinquedos quando estão com seu melhor amigo. E isso não acontece com todos, mas apenas com quem eles realmente escolhem.

Os próximos passos de Frank

Frank segue em tratamento, passando por sessões para cicatrizar feridas profundas que ainda não fecharam. Segundo a ONG, ele fica quietinho durante o procedimento, como se entendesse que aquilo o aproxima da vida que ele quase perdeu.

O tratamento só tem sido possível graças às doações recebidas, mas ainda falta o valor do pacote completo das sessões, necessárias para que ele se recupere totalmente e possa, no futuro, ter uma chance real de ser feliz ao lado de uma família.

A ONG fez questão de agradecer a todos que ajudaram: desde quem arriscou o próprio bem-estar para resgatá-lo, até os profissionais que têm dedicado horas de cuidado, passando pelos doadores e, claro, por Wandinha, sem a qual Frank talvez nunca tivesse sido encontrado.

Caso você queira ajudar Frank e outros animais resgatados pela ONG:

Pix: pix@laticao.org.br

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.