Visitando abrigo de animais, voluntário conhece vira-lata caramelo que nunca recebeu interessados em adotá-lo

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em Aqueça o coração

No dia 21 de julho, o internauta Guilherme Koichi decidiu tornar o dia de um cachorro invisível de abrigo mais feliz. No entanto, ele não só mudou o dia, como também o destino daquele cão.

Guilherme chegou na ONG UIPA Itapetininga, em São Paulo, com um pedido incomum: conhecer o cão que ninguém queria adotar.

"Hoje eu pedi ao pessoal do abrigo que me mostrassem um cãozinho que não tivesse recebido nenhum interessado para adoção. E eles me apresentaram o Elvis", contou ele em um vídeo que rapidamente viralizou nas redes sociais.

‘Quase dá para percebê-lo sorrindo’

Elvis é um vira-lata caramelo, de porte médio, que vivia em um canil apertado, cercado por cães muito maiores.

Sem histórico de visitas ou interessados, ele era o tipo de animal que facilmente passaria despercebido por quem procurava por um companheiro. Mas não por Guilherme.

Ao vê-lo, o voluntário decidiu levá-lo para um passeio. E bastaram alguns minutos fora do canil para que Elvis começasse a se transformar.

“Fica todo feliz quando a gente chega perto. Quase dá para percebê-lo sorrindo…”, descreveu Guilherme. “No carro, ficou mais calmo de ficar longe do barulho do abrigo. Foi quietinho e pensativo.”

Durante o passeio, Elvis caminhou devagar, cheirou o mundo ao redor, ganhou petiscos e muito carinho.

Embora não tivesse o costume de andar, demonstrou toda a sua gratidão da maneira que sabia: sendo doce, gentil e carente. No fim do passeio, não queria mais voltar.

Promessa cumprida

Comovido, Guilherme fez uma promessa a si mesmo: ajudar Elvis a encontrar uma família.

O vídeo do dia foi postado no Instagram com um texto emocionante.

"Elvis é um desses cãezinhos que ninguém olha quando vai ao abrigo. Ele é tão amoroso, carinhoso... permanece com o coração aberto pra receber quem for, mesmo com a vida não sendo muito fácil com ele. Um resiliente e vencedor."

A publicação alcançou mais de 768 mil visualizações e muitos corações tocados. Mas foi uma mulher chamada Salma quem mais se emocionou e decidiu agir.

Dois dias depois, no dia 23 de julho, a UIPA anunciou a grande notícia: Elvis foi adotado. Em breve, ele será levado para São Roque, onde começará uma nova vida.

A história por trás da adoção

Nos comentários, Salma compartilhou a história comovente que a levou até Elvis. Sua família havia perdido, um ano antes, outro cão caramelo chamado... Elvis.

Ele tinha 7 anos, era brincalhão, carinhoso e viveu de forma harmoniosa com os gatos da casa. Mas uma doença renal hereditária tirou sua vida e deixou um vazio profundo.

"Resolvemos que não queríamos mais nenhum cachorro, não queríamos mais sofrer", escreveu Salma. Mas o destino parecia ter outros planos.

Após também perder Madalena, uma cachorrinha idosa adotada pouco tempo depois, Salma se deparou com o vídeo de Guilherme.

“Comecei a assistir e quando li o nome do cachorro, vi a carinha e o caramelo brilhante, soube que era um recado do Elvis dizendo que estava na hora de deixarmos ele partir e amarmos outro cachorrinho”, contou.

E assim, com um empurrãozinho do destino e, talvez, do céu, Elvis foi adotado por uma família cheia de amor guardado.

“Venha Elvis, seja bem-vindo, nós o aguardamos com muito amor”, concluiu Salma.

Um passeio pode transformar tudo

Embora tenha recebido algumas críticas nas redes sociais por “iludir” o cachorro com um passeio temporário, muitos internautas defenderam a atitude de Guilherme.

A usuária Vanessa resumiu bem o impacto desse tipo de ação:

"A verdadeira ilusão é achar que um passeio de um dia machuca mais do que viver meses (ou anos) trancado num canil sem nenhuma atenção... O vídeo tocou corações e mudou a vida de UM cachorro, e pode mudar de muitos outros."

De acordo com a iniciativa Fear Free, o ambiente de abrigo pode ser extremamente estressante para os cães.

A superlotação, o barulho constante, a falta de estímulo e a escassez de carinho criam um cenário que afeta diretamente o bem-estar dos animais, tornando difícil que mostrem seu verdadeiro temperamento.

Mas há maneiras simples de mudar esse cenário.

Como ajudar os cães de abrigo (mesmo sem adotar)

Se adotar um cãozinho no momento não é possível, existem diversas formas criativas de ajudar, que vão além do que já conhecemos, como doações e lar temporário.

Confira algumas sugestões (entre as 70 ideias) da World’s Best Cat Litter:

  • Voluntarie-se para passeios: A maioria dos abrigos aceita voluntários para levar cães para caminhar. O exercício físico e o contato humano reduzem o estresse e aumentam as chances de adoção.
  • Dia do brinquedo: Leve brinquedos novos (ou feitos em casa) para alegrar o dia dos animais. Brinquedos com petiscos escondidos também ajudam a estimular o cérebro.
  • Ensine comandos básicos: Você sabe treinar? Cães que respondem a comandos simples são mais procurados para adoção. Mesmo uma ou duas sessões já fazem diferença.
  • Organize eventos com os pets: Pode ser um bazar, uma festa de aniversário ou até um casamento com feirinha de adoção e/ou arrecadação de doações.
  • Desfile de moda: Que tal dar todo o destaque para os cães do abrigo colocando eles, literalmente, para desfilar na passarela?
  • Compartilhe nas redes: Uma postagem bem feita pode viralizar e encontrar uma família, como aconteceu com o Elvis. Se você tem talento com vídeos ou fotografia, esse é um superpoder.
  • Retratos profissionais: Uma boa foto é capaz de revelar toda a doçura escondida atrás das grades de um canil. Se você gosta de fotografia, essa é uma bela missão.
  • Ofereça suas habilidades: Advogados, designers, fotógrafos, marceneiros, educadores — toda ajuda conta. Abrigos precisam de apoio em diversas áreas para continuarem funcionando.
  • Ajude com panfletagem: Divulgar animais em comércios locais, praças e condomínios ajuda a aumentar o alcance dos abrigos.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.