'Só restam 50 na natureza': Trilheira fica impressionada ao dar de cara com animal de beleza deslubrante durante passeio

Por
em Mundo Animal

Você é o tipo de pessoa que gosta de estar em contato com a natureza, sentindo o ar puro, ouvindo o som dos pássaros e aproveitando cada detalhe que ela oferece?

Raychel Hikes é assim, mas do tipo mais radical: ela gosta mesmo é de se aventurar em trilhas desafiadoras, subir montanhas, explorar caminhos pouco conhecidos e registrar cada momento em fotos que inspiram qualquer apaixonado por natureza.

E foi numa dessas aventuras que ela viveu uma das experiências mais incríveis de sua vida: ficou frente a frente a um animal raro, do qual estima-se que existam apenas 50 exemplares na natureza.

O animal? A deslumbrante raposa vermelha Cascade.

O encontro

Em entrevista ao The Dodo, Raychel, que é fotógrafa profissional, contou que ama fazer caminhadas e registrar em fotos toda a beleza ao redor do Monte Rainier.

E foi justamente nesse cenário de paisagens deslumbrantes que ela viveu um dos momentos mais inesquecíveis de sua vida: o encontro inesperado com uma raposa vermelha Cascade.

O Monte Rainier fica no estado de Washington, nos Estados Unidos, a cerca de 87 km de Seattle. É um vulcão ativo (estratovulcão) com 4.392 metros de altitude, sendo a montanha mais alta da Cordilheira das Cascatas e um dos picos mais icônicos da América do Norte.

Além disso, está dentro do Parque Nacional do Monte Rainier, famoso por suas trilhas, florestas, campos floridos e geleiras, um destino perfeito para quem ama hiking, fotografia e o contato direto com a natureza.

Raychel caminhava pela trilha na companhia de um colega quando ele a alertou sobre a presença de um possível coiote mais à frente.

Imediatamente, ela ficou em alerta, preparada para qualquer movimento suspeito, já que esses encontros na natureza exigem atenção redobrada.

Ao se virar para identificar o animal, Raychel logo percebeu que não se parecia em nada com um coiote. Seus traços eram mais delicados, o olhar mais penetrante e a pelagem de um tom marcante.

“De repente, um pequeno canídeo escuro caminhou diretamente em minha direção na trilha, mas era muito menor do que eu esperava”, contou Raychel ao The Dodo.

Foi então que ela acreditou estar diante de uma raposa.

Mas havia uma dúvida: aquele animal não parecia com as raposas comuns que Raychel estava acostumada a ver e fotografar. Intrigada, decidiu esperar para confirmar depois.

Ao chegar em casa, não resistiu e fez uma pesquisa no Google. E foi assim que descobriu a verdade: tinha estado cara a cara com a raríssima raposa vermelha Cascade.

“Sendo uma fotógrafa de vida selvagem, com formação em zoologia e conservação, fiquei emocionada ao descobrir mais tarde que cruzei meu caminho com uma das subespécies de raposa mais raras do planeta”, disse Raychel.

Confira:

Sobre a raposa vermelha Cascade

A raposa-vermelha Cascade (Vulpes vulpes cascadensis) é uma das subespécies mais raras do planeta.

De acordo com o Washington Department of Fish and Wildlife (WDFW), ela é endêmica do estado de Washington (EUA), vivendo exclusivamente em áreas alpinas e subalpinas da Cordilheira das Cascatas, especialmente em campos abertos, pradarias montanhosas e florestas esparsas do lado leste da cadeia.

Estima-se que restem apenas cerca de 50 indivíduos, o que levou à sua classificação como criticamente ameaçada (T1), em risco extremo de extinção.

Essa condição a torna alvo de monitoramento constante e de grande interesse para a comunidade científica e para os defensores da vida selvagem.

Um dos aspectos mais fascinantes dessa raposa é sua variação de coloração: existem três fases distintas - vermelha, cruzada (mistura de tons) e prata/preta. Curiosamente, esses diferentes padrões podem ocorrer dentro de uma mesma ninhada.

Sua dieta generalista é bem adaptada ao ambiente montanhoso, incluindo pequenos mamíferos como pikas e lebres-das-neves, além de aves, insetos, vegetais e até carniça. Essa flexibilidade alimentar garante sua sobrevivência em condições de clima rigoroso e recursos limitados.

Do ponto de vista evolutivo, a raposa-vermelha Cascade é geneticamente distinta: separou-se dos demais grupos de raposas vermelhas após a última era glacial, há mais de 15 mil anos, desenvolvendo adaptações específicas ao frio das altas altitudes.

“Elas são inteligentes e resistentes, sobrevivendo na paisagem implacável da zona subalpina, um dos lugares mais nevados dos Estados Unidos”, disse Raychel.

Encontro recorrente

Já se passaram dois anos desde que Raychel se deparou pela primeira vez com a raposa e, de lá para cá, ela teve a sorte de encontrá-la em outras oportunidades.

Cada reencontro foi igualmente emocionante, reforçando não apenas a raridade do momento, mas também a conexão que ela sente com a natureza e seus mistérios.

“É muito especial ter esse relacionamento parasocial com uma espécie quase extinta”, disse Raychel. “Ela pode não se lembrar de mim a cada encontro, mas gosto de pensar que sim.”

Veja:

Em um dos encontros, Raychel teve a oportunidade de vê-la em ação, caçando com agilidade e precisão. Observou a raposa se mover de forma silenciosa pela trilha, farejando o chão e escutando cada som ao redor, até dar o bote certeiro.

Para Raychel, foi como assistir a um espetáculo da natureza, um momento único que reforçou ainda mais a beleza e a força desse animal raro.

Assista:

Mas a maior alegria veio quando Raychel descobriu que a raposa havia se tornado mãe.

Saber que aquele animal raro estava conseguindo gerar filhotes foi, para ela, um verdadeiro sinal de esperança.

Cada nascimento representa não apenas a continuidade da espécie, mas também uma grande vitória para a conservação da vida selvagem.

“Eu gritei de alegria quando soube que essa raposa é mãe e tem filhotes escondidos na área”, disse Raychel. “Ver que elas estão dando passos em direção à repopulação é sempre uma grande vitória!”

Raychel deixa claro que nunca tentou aproximação com a raposa, pois sabe o quanto é importante respeitar a vida selvagem e manter distância segura.

“Uma vez, ela sentou-se perto para descansar, e eu me afastei para dar espaço a ela”, disse Raychel.

Para ela, a verdadeira beleza desses encontros está justamente na espontaneidade: observar o animal em seu habitat natural, sem interferir em seu comportamento.

“É fundamental nunca procurar, se aproximar ou alimentar uma raposa-vermelha-de-cascata”, disse Raychel. “Relate qualquer avistamento. Mantenha o local exato do avistamento em sigilo para evitar tráfego excessivo nas trilhas em busca delas.”

Raychel contou que uma organização sem fins lucrativos chamada Cascades Carnivore Project tem trabalhado incansavelmente para estudar e proteger essas raposas raras.

Segundo ela, os pesquisadores da instituição reforçam sempre a importância de não interagir com os animais selvagens, evitando qualquer tentativa de aproximação ou alimentação.

Esse cuidado é fundamental para que a raposa mantenha seus instintos naturais de caça e sobrevivência, garantindo assim maiores chances de conservação da espécie em seu habitat.

Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.

Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.

Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.

Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.