‘Não nasceu dela, mas nasceu pra ela’: Cadela em depressão conhece filhote rejeitada e vive a melhor história
Por Larissa Soares em Aqueça o coração
Akilla, uma pastora alemã que mora em Minas Gerais, é a prova de que o amor pode curar.
Sua tutora, Ana, ainda estava pesquisando um veterinário de confiança para castrar a cadela quando o cio chegou. E, logo após, uma gravidez psicológica apareceu de surpresa.
O período foi delicado. Akilla entrou em depressão, ficou cheia de leite e até perdeu o interesse pela comida.
Vê-la abatida partiu o coração de Ana. Foi então que surgiu uma ideia capaz de mudar tudo.

“Eu perguntei no Facebook se alguém estava doando alguma filhote e uma moça me falou que a cachorrinha dela tinha pegado cria, mas a mãe não estava dando mama, porque eram muitos filhotes”, contou Ana ao Amo Meu Pet.
No mesmo dia, ela foi até a casa indicada. Lá, encontrou uma ninhada saudável, com exceção de uma pequenininha que, ao ser rejeitada, não conseguia mamar.
“Ela cabia na palma da minha mão e ainda sobrava espaço”, lembrou.
A decisão foi instantânea: Ana levou a filhote para casa.
O encontro que mudou tudo
Ao apresentar o filhote de “carocinho de manga” para Akilla, Ana não sabia ao certo como a pastora reagiria. Mas o que aconteceu foi surpreendente (e lindo).
Para Akilla, estava claro que aquele bebê era dela.
“Ela achou que tinha saído dela. Ficou procurando a placenta e ficou horas limpando a filhote”, contou Ana em vídeo publicado no TikTok.
Batizada de Meg, a cachorrinha minúscula encontrou em Akilla não apenas uma mãe, mas a chance de sobreviver.
No mesmo dia, começou a mamar e, assim, ganhou peso e se fortaleceu.
“A Akilla estava com muito leite, então em poucos dias ela já desenvolveu muito, mamava o dia todo”, contou Ana.
O vídeo da história comoveu a internet: foram mais de 4,8 milhões de visualizações e 741,9 mil curtidas.
Nos comentários, os internautas se divertiram imaginando os pensamentos da cadela:
“Eu sabia que não eram gases, Márcia”, brincou um.
“Que cesárea abençoada é essa?”, imaginou outro.
“Meu parto foi tão rápido que eu nem senti”, imaginou mais um.
“Será que eu pari dormindo?”, riu outro.
Uma cura para dois corações
Com o passar das semanas, Meg cresceu e começou a comer ração. Os sintomas depressivos de Akilla desapareceram e o leite secou.
A cadela voltou a ser ativa e carinhosa, agora ocupada em ensinar boas maneiras à filha adotiva.
“Mesmo com a castração, ela ainda ia continuar triste, não ia resolver da noite para o dia. Então a adoção foi pra curar a depressão que ela estava, e não para tratar a gravidez psicológica. E realmente curou”, disse Ana, que sempre contou com orientação veterinária para garantir o bem-estar das duas.
Hoje, Meg está enorme se comparada ao tamanho que tinha quando chegou, mas continua sendo o bebê de Akilla. As duas são inseparáveis.
Gravidez psicológica em cadelas
Segundo o VCA Animal Hospitals, trata-se da manifestação de comportamentos maternais combinados com sinais físicos de gravidez em cadelas que não estão prenhes.
Os sintomas aparecem geralmente de quatro a nove semanas após o cio e incluem:
- Aumento das glândulas mamárias, com ou sem produção de leite;
- Letargia e diminuição do apetite;
- Vômitos ocasionais e retenção de líquidos;
- Mudanças comportamentais, como nidificação, inquietação, proteção de objetos e até agressividade.
A causa está nos hormônios produzidos pelos ovários após o cio, que preparam o corpo da cadela como se houvesse gestação. Mesmo sem filhotes, o organismo se comporta como se fosse necessário amamentar.
A maioria dos casos é leve e desaparece sozinha em 14 a 21 dias. Mas quando os sintomas são intensos ou causam sofrimento, pode ser necessário tratamento com medicação para ansiedade, diuréticos (para reduzir a produção de leite) e, em casos raros, hormônios.
O recomendado é não massagear ou ordenhar as mamas, pois isso estimula ainda mais a produção de leite.
Se a cadela não será usada para reprodução, a castração é a forma mais eficaz de evitar novos episódios. Porém, o procedimento deve ser feito após a resolução dos sintomas, para não prolongá-los.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.