Coberta de sarna, cachorrinha é resgata e passa por incrível transformação

Joaninha é uma vira-latinha que teve um início de vida difícil, marcado por negligências e incertezas.

Pequena, frágil e coberta de sarna, enfrentou dias de fome e frio antes de encontrar um olhar compassivo disposto a mudar sua história.

Hoje, graças ao resgate e ao amor de quem acreditou nela, Joaninha deixou para trás o sofrimento e vive uma nova fase cheia de carinho, segurança e alegria.

Joaninha mostrou que o amor e o cuidado têm o poder de transformar vidas!

O resgate de Joaninha

Era quinta-feira, 9 de abril de 2020, dia de castrações na clínica SOS Veterinária, quando, por volta das 17h, a protetora de animais Lujan Quintal Souza, de Macaé, no Rio de Janeiro, entrou na loja Veterinários Reunidos para comprar os medicamentos do pós-operatório de uma cadelinha resgatada das ruas.

Na porta da loja Veterinários Reunidos, há sempre um potinho com ração e um baldinho de água fresca colocados com carinho para os cães de rua que passam por ali.

O gesto simples, mas cheio de empatia, mostra o quanto pequenos atos de cuidado podem fazer diferença no dia a dia desses animais que tanto precisam de atenção e acolhimento.

Foi então que, naquele dia, ao sair da loja, Lujan avistou um cachorrinho magro, coberto de sarna, comendo no potinho deixado na porta. A cena a comoveu. Em entrevista ao Amo Meu Pet, ela relembrou o momento com emoção:

“Era a imagem viva do abandono e da tristeza”, e completou: “Não havia um único pedacinho de pele livre, o corpo inteiro estava coberto de sarna, um cascão espesso e fétido.”

A sarna em cães é uma doença de pele causada por ácaros microscópicos que se alojam na pele e nos folículos dos pelos.

Segundo a Petz, ela pode se manifestar de duas formas principais: a sarna sarcóptica, provocada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, que causa coceira intensa e é contagiosa para humanos, e a sarna demodécica, causada pelo Demodex canis, geralmente relacionada à baixa imunidade do animal.

Os sintomas mais comuns incluem queda de pelos (alopecia), lesões e crostas espessas, odor forte e coceira constante. O tratamento varia conforme o tipo de sarna, podendo envolver banhos terapêuticos, medicações acaricidas, reforço da imunidade e higienização do ambiente.

Quando Lujan viu a situação da cachorrinha, voltou até o balcão e pediu uma lata de patê. Em seguida, pegou da bolsa um comprimido antiparasitário, envolveu-o no alimento e ofereceu à vira-latinha, que devorou tudo em segundos.

Assim que terminou, a cadelinha saiu correndo. A protetora ficou observando de longe, com o coração apertado, sem imaginar que aquele breve encontro seria apenas o começo de uma história de transformação e amor.

Os funcionários, ao presenciarem a cena, logo contaram a Lujan que a cachorrinha pertencia a um morador de rua que costumava aparecer todas as manhãs, entre 7h e 8h, para participar do café comunitário da Escola Maria Izabel.

Segundo eles, o homem sempre chegava acompanhado de quatro cães, que aproveitavam o momento para se alimentar na porta da loja.

Diante do relato, Lujan estranhou ver a cadelinha sozinha, ainda mais naquele horário incomum, o que despertou nela a preocupação.

"Conversei com o gerente e pedi que explicasse ao tutor que eu gostaria de tratá-la — e que, assim que estivesse curada, eu a devolveria", relembrou Lujan.

No dia seguinte, Lujan ligou para o estabelecimento em busca de notícias da cachorrinha, mas foi informada de que ela não havia aparecido. A preocupação cresceu.

No sábado, fez uma nova ligação e recebeu a mesma resposta. No domingo, restou apenas a expectativa, já que o local estava fechado.

Na segunda-feira, com o telefone na mão e o coração esperançoso, Lujan fez mais uma tentativa. Do outro lado da linha, ouviu a frase que temia:

“Lujan, não sei o que está acontecendo. O senhor não veio com os cães.”

Mas, na terça-feira, o destino finalmente sorriu. Dessa vez, foi o gerente, Leandro, quem ligou trazendo a notícia que ela tanto esperava:

“Sua afilhada está aqui. Venha buscar.”

Lujan, sem pensar duas vezes, largou tudo o que estava fazendo. Como estava sem carro naquele momento, ligou imediatamente para sua amiga Ingrid, pedindo ajuda.

Ingrid, é claro, não hesitou. Foi até o local, resgatou a cadelinha, que até então ainda não tinha nome, e a levou para casa. Lá, ofereceu comida, abrigo e um banho reconfortante, tirando dela parte da dor e da sujeira acumulada pelas ruas.

No dia seguinte, levou Joaninha para ser castrada, garantindo o primeiro passo rumo a uma vida digna e segura.

E foi assim que começou a transformação, um processo de cura física e emocional que mostraria, dia após dia, a força e a doçura escondidas por trás de um olhar antes marcado pelo sofrimento.

A nova vida de Joaninha

Devido à sarna, Joaninha iniciou um tratamento intensivo, recebendo banhos com sarnicida em dias alternados, Simparic a cada 20 dias, além de vitaminas e vacinas para fortalecer o organismo.

Em pouco tempo, a transformação foi surpreendente. Aquela cadelinha antes coberta de feridas, com a pele escamando e o olhar triste, deu lugar a uma vira-latinha alegre, cheirosa e cheia de vida, pronta para recomeçar.

Foi então que um dia saindo da clínica, após a vacina de Joaninha, ao se encontrar com Sabrina, outra protetora, ouviu dela: “Está linda! Vamos batalhar um lar pra ela.”

Dias depois, o destino de Joaninha tomou um novo rumo. Totalmente recuperada e cheia de energia, ela foi adotada por um casal amigo de Sabrina, em Niterói.

O casal se encantou de imediato com sua doçura e olhar carinhoso. Desde o primeiro encontro, ficou claro que aquele seria o lar perfeito para a pequena guerreira.

Semanas depois da adoção de Joaninha, Lujan foi até a loja Veterinários Reunidos e foi surpreendida quando Leandro, o gerente, a chamou para conhecer o antigo tutor da cadelinha.

Ela conta que tremeu de nervoso, temendo que o homem reagisse mal à adoção. Antes que ele dissesse qualquer coisa, Lujan mostrou a foto do antes e depois da vira-latinha e explicou com serenidade:

“Senhor, ela ficou assim após o tratamento. Foi adotada, dorme na cama com os tutores, é amada e tratada com carinho e respeito.”

Para seu alívio, o morador de rua respondeu apenas: “Tá bão, dona... eu não tinha jeito de tratar ela.”

Com o coração leve, Lujan saiu dali em festa, pronta para continuar sua missão de cuidar dos que ainda esperavam por cura, abrigo e amor.

Hoje, Joaninha vive cercada de afeto, conforto e atenção, uma vida completamente diferente daquela que um dia conheceu nas ruas.

Infelizmente, o tutor a quem ela era muito apegada faleceu, mas a viúva, que também a amava, encontrou em Joaninha uma companheira que ajuda a amenizar a saudade.