Juíza determina que os mais de 50 cães pugs resgatados de criadouro fiquem sob zelo de ONG local

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No início do mês de outubro, 54 cães da raça pug foram resgatados de um criadouro onde eles eram comercializados com suspeita de maus-tratos. O caso ocorreu no bairro Conceição, em São Sebastião do Caí, Rio Grande do Sul, e teve intervenção direta de ativistas da ONG S.O.S PUG, de Porto Alegre.

Cerca de 17 voluntários, entre eles veterinários, compareceram ao local e, ao terem sido impedidos pela dona de entrar, arrombaram um cadeado e tiveram acesso aos cachorros.

De acordo com o grupo, os cães foram encontrados em meio a fezes, urina e com sérias restrições de água e comida. Além de estarem confinados em espaços inadequados, com pouca capacidade de locomoção, grande parte dos animais estavam doentes.

Após terem sido examinados, alguns dos cães foram diagnosticados com pneumonia, anemia, tumores, desidratação, problemas oculares sérios e cinomose - uma doença viral altamente contagiosa que afeta os sistemas digestivo, respiratório e neurológico que pode levar à morte. Há ainda, uma cadela idosa e obesa em gestação.

A Brigada Militar foi avisada antecipadamente sobre o caso pelos voluntários e compareceu ao local. A Polícia Civil também foi envolvida na situação, já que a dona do canil alegou ter tido a sua casa invadida pelos voluntários e resolveu prestar queixa contra os envolvidos que também compareceram à delegacia.

Os voluntários já haviam levado o caso ao conhecimento do Ministério Público (MP), mas com o resgate, a promotoria alegou não dar continuidade nas investigações. Mesmo confirmando ter sido avisada com antecedência e que estava “preparando a ação cautelar de busca e apreensão dos animais” com o resgate, a promotoria afirmou que “o expediente para resgatar os animais não segue porque eles já não estão em perigo”.

A delegada responsável pelo caso, Cleusa Spinato, se manifestou ao portal de notícias gaúcho GHZ sobre as investigações.

“Está sendo apurado a crueldade contra os animais, mas vai ser investigado, também, tudo o que aconteceu. Ela (proprietária) está discutindo que a ONG entrou na casa sem mandado judicial. Recordo que há excepcionalidade em caso de flagrância e já adianto que há, sim, indícios de maus-tratos contra os cães.”

Caso sejam comprovados os maus-tratos, os animais não devem retornar para a dona, segundo a delegada Cleusa.

A defesa da dona do canil se manifestou através de uma nota à GZH, confira na íntegra:

“Patricia Andrade Gomes, dona do canil 3 Q Pugs, em São Sebastião do Caí, teve sua propriedade invadida, às 7 da manhã, por quase 20 pessoas. Sua propriedade foi depredada e todos seus cães da raça pug, roubados.
Foi uma ação ilegal e covarde. Seus cães jamais sofreram maus tratos. Dos 54 cães roubados, 6 estavam sendo tratados com medicação importada. Todas as imagens e vídeos veiculados são um recorte, e exclusivamente objetivando atribuir uma roupagem de legalidade, invocando a opinião pública, usando da causa animal para apoiarem esse desproporcional ato criminoso. À luz dos direitos que assistem à Patrícia, seria impossível de ocorrer, sem que houvesse a participação das autoridades competentes. Isso porque nem o Ministério Público, tampouco a delegacia especializada de combate a maus tratos visitou o local, que conta com um hectare de área, destinado à recreação dos animais.
Quanto às imagens e vídeos dos cães em tratamento, em nada justifica o roubo de 54, de forma unilateral pelos invasores e sem qualquer acompanhamento pelos agentes públicos. Os animais usam produtos importados e com nota fiscal, prescritos por médico veterinário a um tratamento alérgico, causado pela imperícia de uma ex-colaboradora do canil. Tudo será demonstrado ao judiciário e os autores deste desproporcional e desumano episódio será responsabilizados.
Não é aceitável que qualquer pessoa invoque a opinião pública, sob o pretexto de temas tão sensíveis para práticas criminosas, como ocorrido com Patrícia, cuja vida se transformou em um verdadeiro massacre coletivo, principalmente pelas redes sociais.
Os seus advogados, Éder Renato Martins Siqueira e Adelita Silveira estão tomando todas as medidas cabíveis. Não houve maus tratos, o que houve foi um roubo, muito bem arquitetado, cujo meio empregado é a calúnia coletiva de Patrícia. Todos serão responsabilizados.”

Atualização:

Segundo informações do portal de notícias gaúcho, GZH, a magistrada Carolina Ertel Weirich, da 1ª Vara da Comarca de São Sebastião do Caí, determinou que os cães resgatados do criadouro sejam enviados aos cuidados da Associação Protetora dos Animais Vira Lata do Caí (Aprocaí). Como são muitos cães, a associação fica autorizada a destinar a responsabilidade pelos cães para diferentes pessoas, mas impossibilita-as de comercializá-los, bem como em caso de futuros filhotes.

Em um vídeo compartilhado na última quarta-feira, 14, no Facebook da ONG Vira Lata do Caí, a protetora de animais e diretora da ONG, Paola Marina Mello da Rosa, esclareceu algumas polêmicas envolvendo o caso.

A primeira questão levantada por Paola é o fato dela lamentar que muitas pessoas fazem julgamentos equivocados antes de "ouvir o que está acontecendo", como, por exemplo, ao dizerem que a ONG a qual é voluntária participou do resgate dos cães - o que não aconteceu.

Saiba mais assistindo ao vídeo abaixo: